Morreu Espiga Pinto, pintor do mundo alentejano

Nos anos 1960 e 1970 desenvolveu um neorealismo tardio assumindo a vida no Alentejo como tema central.

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Natural de Vila Viçosa, entre outras distinções, Espiga Pinto ganhou o Prémio da Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1973, para cenários do bailado A Dulcineia, da Fundação Calouste Gulbenkian. Bolseiro da Fundação em 1973 e 1974, destacou-se no contexto da produção dos anos 1960 e 1970 portugueses com um trabalho artístico que foi da pintura à medalhística passando pela escultura e a gravura não deixando nunca de fazer referência ao ambiente natural e social do Alentejo profundo.

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Natural de Vila Viçosa, entre outras distinções, Espiga Pinto ganhou o Prémio da Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1973, para cenários do bailado A Dulcineia, da Fundação Calouste Gulbenkian. Bolseiro da Fundação em 1973 e 1974, destacou-se no contexto da produção dos anos 1960 e 1970 portugueses com um trabalho artístico que foi da pintura à medalhística passando pela escultura e a gravura não deixando nunca de fazer referência ao ambiente natural e social do Alentejo profundo.

"O campesinato, a vida na aldeia ou nas vilas dessa região marcam uma das imagens mais fortes da sua estética, numa espécie de neorrealismo tardio, já nos anos 1960 e 1970, mas onde era possível vislumbrar uma capacidade de autoironia e mesmo humor sobre essa iconografia", refere David Santos, director do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC), em cujas colecções Espiga Pinto está representado.

Segundo o historiador, mais tarde, quando a abstração invade o trabalho deste artista, acontece "numa intensa relação com a simbologia do cosmos". Espiga Pinto passa a desenvolver "grandes gestos circulares onde se conjugam figuras aladas (pombas, cisnes), cavalos e pequenos signos que remetem para mapas imaginários invadidos por uma plenitude fantasista que melhor se traduziu no seu trabalho de escultura em bronze ou nos seus conjuntos de volume pintados". 

Segundo informação no seu blogue, Espiga Pinto fez mais de 80 exposições individuais e "inúmeras colectivas", a primeira datando de 1959, na Galeria Pórtico, em Lisboa.

Para além da colecção do MNAC-MC, Espiga Pinto está representado em várias outras colecções nacionais e internacionais, tanto públicas como privadas, nomeadamente na colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre as suas obras de arte pública estão as esculturas do Parque Miraflores, comemorativas dos 250 anos do Concelho de Oeiras. Em Lisboa, na avenida Álvaro Pais, está  a escultura em bronze Mapa da memória inicial, que venceu o Prémio Marconi de 1992.

Espiga Pinto recebeu, entre outros, o Prémio de Pintura da Academia de Belas-Artes de Lisboa, em 1987, o Prémio Anual de Imprensa, da Casa da Imprensa, em 1970, e o da Embaixada de Portugal em Brasília, em 1973, pela criação de pavimentos.

Em 2010, a Galeria S. Mamede, em Lisboa, apresentou a exposição retrospectiva Do meu início (1959-1966). Professor de desenho no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), em Lisboa, de 1979 a 1987, Espiga Pinto foi membro da Academia Nacional de Belas-Artes. Com Lusa