Poderemos um dia tornar-nos invisíveis?
Esperamos ansiosamente pelo dia em que surja algo que nos permita ser invisíveis. Os avanços da ciência mostram que este sonho é hoje menos impossível. Já ouviram falar de metamateriais?
Seja para espiar a vizinha do quinto esquerdo no seu relaxante banho de espuma ou o professor de matemática enquanto cria os seus temíveis exames, a invisibilidade foi, é e sempre será uma fantasias do comum mortal. Esperamos ansiosamente pelo dia em que surja algo que nos permita atingir essa capacidade, até agora exclusiva dos super-heróis. Mas será essa hipótese realmente concretizável? Pois, parece que talvez sim. Já ouviram falar de metamateriais?
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Seja para espiar a vizinha do quinto esquerdo no seu relaxante banho de espuma ou o professor de matemática enquanto cria os seus temíveis exames, a invisibilidade foi, é e sempre será uma fantasias do comum mortal. Esperamos ansiosamente pelo dia em que surja algo que nos permita atingir essa capacidade, até agora exclusiva dos super-heróis. Mas será essa hipótese realmente concretizável? Pois, parece que talvez sim. Já ouviram falar de metamateriais?
Constituídos por estruturas microscópicas de prata, fluoreto de magnésio e vidro, estes materiais caraterizam-se por serem substâncias artificiais com extraordinárias propriedades ópticas, aspecto que veio espantar toda a comunidade científica. Quando observados com o equipamento adequado, é possível perceber que os metamateriais apresentam na verdade um aspecto rendilhado, representado por inúmeros tubos na sua composição. Ora, é precisamente pelo facto de estes tubos demonstrarem caraterísticas únicas e um diâmetro extraordinariamente pequeno, que ocorre um desvio dos raios luminosos, fazendo com que estes fluam à volta do material. Se um corpo estiver coberto por metamateriais, a luz fluirá à sua volta, não sendo absorvida ou reflectida, mas sim distorcida, o que tornará o corpo coberto praticamente invisível. A única coisa detectável seria apenas uma leve refracção do ar, fenómeno semelhante àquele que é observável perto de fontes de calor ou mesmo em dias muito quentes.
Parece simples? Pois, não é bem assim… Ainda existem uns quantos problemas que dificultam a concretização desta ideia. O principal é o facto de os metamateriais mais produzidos terem sido capazes de desviar somente comprimentos de onda relativamente maiores que aqueles que a luz visível apresenta, nomeadamente os que caracterizam a radiação microondas. Se o objectivo fosse o de desviar a luz visível, um metamaterial teria que possuir na sua composição tubos com tamanhos ainda mais pequenos do que aqueles que já foram obtidos. No entanto, trata-se de um aspecto que não será assim tão difícil de solucionar… Basta pensarmos em toda a evolução que tem vindo (e parece continuar!) a ocorrer na nanotecnologia.
Caso as dificuldades conceptuais sejam ultrapassadas não será, de todo, a primeira vez que a ciência consegue passar do sonho à realidade e alcançar um objectivo que à partida parecia impossível. É certo que será difícil encontrar, daqui a uns tempos, o manto da invisibilidade do Harry Potter todo ele feitinho de metamateriais à venda no mercado. Contudo, e graças tanto ao empenho de um grande número de investigadores, assim como ao investimento de diversas entidades governamentais e privadas, não se pode negar que a invisibilidade seja hoje menos impossível do que foi ontem.