UE mantém sanções contra a Rússia, apesar de "desenvolvimentos encorajadores"
Bruxelas considera que falta ainda cumprir algumas partes importantes dos acordos assinados entre as autoridades de Kiev e os separatistas pró-russos.
As violações da trégua, em particular na região de Donetsk, levaram os embaixadores da UE a afirmarem que "algumas partes relevantes do protocolo precisam de ser devidamente aplicadas", antes que se possa discutir o levantamento das sanções aplicadas à Rússia, disse Maja Kocijancic, porta-voz da ainda responsável pela política externa da UE, Catherine Ashton.
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As violações da trégua, em particular na região de Donetsk, levaram os embaixadores da UE a afirmarem que "algumas partes relevantes do protocolo precisam de ser devidamente aplicadas", antes que se possa discutir o levantamento das sanções aplicadas à Rússia, disse Maja Kocijancic, porta-voz da ainda responsável pela política externa da UE, Catherine Ashton.
"Ninguém falou sequer sobre essa possibilidade, devido à situação no terreno", disse à agência Reuters um responsável da UE que não foi identificado. Oficialmente os líderes europeus falam em "desenvolvimentos encorajadores", mas insuficientes para permitirem um alívio ou o fim das sanções.
Para além disso, o futuro responsável pela política de alargamento da UE, Johannes Hahn, deixou claro também nesta terça-feira, durante a sua audição no Parlamento Europeu, que qualquer mudança em relação à Rússia "depende da restauração da soberania territorial da Ucrânia".
"A Rússia não deve subestimar a determinação da União Europeia em manter-se fiel aos seus princípios. Enquanto a soberania territorial da Ucrânia não for restaurada, não podemos fazer nenhuma concessão à Rússia", afirmou Johannes Hahn.
A porta-voz Maja Kocijancic referiu-se especificamente aos acordos de Minsk, celebrados entre representantes das autoridades de Kiev e dos separatistas pró-russos, nos dias 5 e 20 de Setembro. O principal ponto do primeiro acordo foi um cessar-fogo imediato; na ronda de negociações seguinte, as duas partes acordaram o estabelecimento de uma zona desmilitarizada de 30 quilómetros.
Apesar da existência de combates esporádicos – os mais graves na zona do aeroporto de Donetsk, de onde os separatistas tentam expulsar os soldados do Exército ucraniano –, o cessar-fogo e o lento recuo do armamento pesado de ambas as partes têm contribuído para um menor número de mortes nas últimas semanas. Segundo os números das Nações Unidas, desde o início do conflito, em Abril, já morreram cerca de 3500 pessoas.
As sanções da União Europeia – que se juntam às dos Estados Unidos e às de países como a Austrália, a Noruega e o Japão – foram aplicadas pela primeira vez na sequência da anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em Março, e foram crescendo em número e força à medida que a guerra se alastrou pelo Leste da Ucrânia, nas províncias de Donetsk e Lugansk.
Desde Março, a UE e os EUA aprovaram três rondas de sanções, começando com a proibição de viagens e congelamento de bens nos seus territórios de cidadãos russos e ucranianos acusados de terem contribuído para a crise na Ucrânia.
Em Abril, as sanções foram alargadas a algumas empresas russas, e em Julho chegaram a alguns dos gigantes dos principais sectores da economia da Rússia, como a Rosneft, a Novatek ou o banco Gazprombank. Já em Setembro, os EUA incluíram também na sua lista de sanções o maior banco russo, o Sberbank, e uma das maiores empresas de armamento, a Rostec.
Moscovo respondeu às primeiras sanções, em Março, com a proibição de viagens para a Rússia e congelamento de bens no seu território de políticos norte-americanos, como o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, e o senador republicano John McCain. Em Agosto, o Presidente russo, Vladimir Putin, baniu a importação de produtos alimentares de países da UE, dos EUA, da Noruega, do Canadá e da Austrália durante um ano.