Jerónimo diz que a situação no país está "ameaçadora", tal como o mau tempo

PS, PSD e CDS preparam-se para “mais cerca de sete mil milhões de euros de cortes", avisa o secretário-geral do PCP.

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Daniel Rocha

A situação de Portugal “está como o tempo, ameaçadora”. É certo que, “depois da trovoada, depois do mau tempo”, virá “o bom tempo”, mas os portugueses não devem esperar “só pela natureza”, afirmou.

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A situação de Portugal “está como o tempo, ameaçadora”. É certo que, “depois da trovoada, depois do mau tempo”, virá “o bom tempo”, mas os portugueses não devem esperar “só pela natureza”, afirmou.

Segundo o líder do PCP, que discursava em Santiago do Escoural, Montemor-o-Novo, sempre com o barulho dos trovões como som de fundo, é preciso que os portugueses sejam “também construtores desse futuro que, um dia”, irá “prevalecer em Portugal, com progresso, democracia, justiça social, reforma agrária, direitos do povo”.

“Acreditamos que isso é possível. Com a ajuda da natureza, sem dúvida, mas com a nossa luta”, sublinhou, já no final da intervenção, numa alusão ao mau tempo, com chuva e trovoadas, que se faz sentir hoje pelo país, sem que Escoural seja excepção.

O secretário-geral do PCP deslocou-se àquela povoação do concelho alentejano de Montemor-o-Novo para participar numa romagem, seguida de comício, para evocar “os 35 anos do assassinato de Caravela e Casquinha e do ataque à Reforma Agrária”.

A cerimónia no cemitério, de homenagem aos dois trabalhadores rurais mortos pela GNR numa herdade local, nos tempos da Reforma Agrária, ainda foi com tempo seco, mas o discurso, já no centro de Escoural, decorreu debaixo de chuva.

Lembrando as conquistas do 25 de Abril, Jerónimo de Sousa realçou que Caravela e Casquinha foram “o exemplo da ferocidade da repressão desencadeada contra a Reforma Agrária”, que “acabou por ser destruída”.

Mas esta destruição, afiançou, “não pôs fim ao sonho, nem à necessidade e actualidade de, nas actuais circunstâncias, se concretizar uma Reforma Agrária” em Portugal.

O país vive hoje “tempos muito difíceis” e os últimos três anos foram marcados pela “contínua degradação económica e social” e pelo “empobrecimento do povo”, criticou.

“Três anos trágicos que querem prolongar, ampliando o sofrimento de milhões de portugueses, agora com um novo pretexto, o do cumprimento do Tratado Orçamental que, mais uma vez, uniu os três do costume, PS, PSD e CDS”, disse.

Os partidos do arco governativo, alertou o líder do PCP, preparam-se para, “nos próximos cinco anos”, avançarem com “mais cerca de sete mil milhões de euros de cortes”.

“Interromper este rumo de destruição e de contínuo empobrecimento é um imperativo nacional e isso exige continuar a luta”, incentivou.