Novo executivo palestiniano vai finalmente governar a Faixa de Gaza

Acordo entre Fatah e Hamas era condição essencial para garantir fundos para a reconstrução do território.

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Autoridade Palestiniana calcula que reconstruir a Faixa de Gaza custará seis mil milhões de euros Mohammed Abed/AFP

O acordo é o último de um longo desfile de entendimentos entre as duas principais facções para tentar reparar as feridas abertas desde 2007, quando os paramilitares do Hamas expulsaram do território as forças de segurança leais à Autoridade Palestiniana (dominada pela Fatah), que ficou desde então limitada à Cisjordânia. O cisma só começou a ser reparado quando, em Abril, os dois movimentos assinaram um acordo de reconciliação, após dois entendimentos falhados, mas o Governo de unidade que foi anunciado dois meses mais tarde não tinha ainda assumido plenamente as suas funções.

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O acordo é o último de um longo desfile de entendimentos entre as duas principais facções para tentar reparar as feridas abertas desde 2007, quando os paramilitares do Hamas expulsaram do território as forças de segurança leais à Autoridade Palestiniana (dominada pela Fatah), que ficou desde então limitada à Cisjordânia. O cisma só começou a ser reparado quando, em Abril, os dois movimentos assinaram um acordo de reconciliação, após dois entendimentos falhados, mas o Governo de unidade que foi anunciado dois meses mais tarde não tinha ainda assumido plenamente as suas funções.

O sequestro de três adolescentes israelitas na Cisjordânia, às mãos de um grupo com ligações ao Hamas, e a ofensiva lançada por Israel para travar o disparo de rockets contra o seu território colocaram em ponto morto o novo executivo. Mas os dois movimentos estavam também embrenhados em vários diferendos, incluindo a suposta recusa da Autoridade Palestiniana em pagar os salários dos 45 mil palestinianos que trabalham na administração gerida até agora pelo Hamas.

Quinta-feira, em negociações mediadas pelo Egipto, a maioria dos entraves parece ter sido ultrapassada. “Todos os funcionários públicos vão ser pagos porque são todos palestinianos e este é um Governo de todos os palestinianos”, assegurou o representante da Fatah, Azzam Ahmed.

O acordo prevê também que 3000 polícias da Cisjordânia vão ser transferidos para Gaza e integrar os serviços responsáveis pelo controlo dos postos fronteiriços, cuja gestão será partilhada com as Nações Unidas. “A ONU irá negociar com Israel e o Governo de unidade a forma como estes postos vão ser geridos”, anunciou Moussa Abu Marzouk, o chefe da delegação do Hamas. O objectivo é assegurar que os materiais para a reconstrução de Gaza que Israel prometeu deixar entrar no território serão entregues.

A concretizar-se, o acordo permite aos palestinianos apresentar uma frente unida nas negociações com Israel previstas para o próximo mês no Egipto, com o objectivo de negociar as condições de um cessar-fogo permanente. Israel, que em Abril suspendeu as negociações com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, depois de este ter firmado o acordo com o Hamas, não reagiu ainda ao entendimento.

A existência de um Governo com a chancela da Autoridade Palestiniana, era também a condição imposta por vários países, sobretudo europeus, para se comprometerem a ajudar a reconstrução de Gaza na conferência de doadores que o Egipto organiza no próximo dia 12. A Autoridade Palestiniana calcula que erguer o que os últimos 50 dias de combates derrubaram custará seis mil milhões de euros, duas vezes e meia o PIB do território, e demorará pelo menos cinco anos.