Clientes do BES apontam para "ilegalidades" na comercialização de produtos financeiros do GES
Associação de Defesa dos Clientes Bancários pediu um parecer jurídico.
"O parecer, solicitado aos consultores jurídicos da Macedo Vitorino & Associados, confirma haver fortes indícios de irregularidades e ilegalidades na actuação dos bancos do Grupo Espírito Santo no âmbito das relações comerciais destes com os associados da ABESD, detentores de instrumentos de dívida do GES", informou em comunicado a associação.
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"O parecer, solicitado aos consultores jurídicos da Macedo Vitorino & Associados, confirma haver fortes indícios de irregularidades e ilegalidades na actuação dos bancos do Grupo Espírito Santo no âmbito das relações comerciais destes com os associados da ABESD, detentores de instrumentos de dívida do GES", informou em comunicado a associação.
Entre as situações mais comuns já identificadas entre os 100 associados da ABESD estão a "violação do perfil de risco dos clientes, a prestação de informação incorrecta ou falta de informação sobre as características dos produtos financeiros, e a subscrição de produtos financeiros ou o reinvestimento em produtos financeiros sem prévia autorização e conhecimento dos clientes, em carteiras com ou sem mandato de gestão", adiantou a entidade.
O presidente da ABESD, Luís Vieira, sublinhou que a associação "todos os dias continua a receber mais interessados que, tendo em conta a ausência de informação, procuram uma resposta/solução" e que, "entre todos estes casos verifica-se que as evidências de actuação comum são muitas, parecendo inclusive ter havido uma actuação concertada pelos bancos da família Espírito Santo com vista a colocar, a todo o custo, o papel comercial GES junto dos pequenos investidores".
E reforçou: "Perante os elementos referidos neste parecer jurídico, uma vez mais e depois de vários apelos, iremos solicitar às entidades competentes, nomeadamente ao Banco de Portugal, que nos inclua na solução de reembolso aos clientes detentores de papel comercial, pois a actuação dos bancos ES [Banco Espírito Santo (BES), Banque Privée Espírito Santo (BPES) e Banque Privée Espírito Santo - Sucursal em Portugal] foi efectivamente similar para a comercialização dos seus produtos financeiros".
Segundo o parecer recebido pela ABESD, "terá havido diversas situações em que o BES e o BPES actuaram directamente em concertação na colocação de títulos de dívida do GES junto de clientes do BES e/ou do BPES" e "era prática comum a intervenção de gestores de conta do BES na angariação de clientes para o BPES, existindo contactos directos entre os gestores das duas entidades na angariação de clientes do BES para o BPES".
Quanto à natureza dos investimentos realizados, "na maioria dos casos analisados, os clientes têm um perfil 'conservador' e acreditavam, quando adquiriram instrumentos financeiros do GES, estarem a adquirir produtos de baixo risco, com um retorno fixo e com características de depósitos a prazo ou de fundos de tesouraria", assinalou a entidade.
"Em numerosas situações, os clientes, que tinham a quase totalidade dos investimentos sob a forma de depósitos a prazo, foram aconselhados a investir em produtos do GES pelos seus gestores de conta", acusou.