Clientes do BES apontam para "ilegalidades" na comercialização de produtos financeiros do GES

Associação de Defesa dos Clientes Bancários pediu um parecer jurídico.

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Na Europa, o eixo de observação está agora no Luxemburgo, em Paris e em Frankfurt Sara Matos

"O parecer, solicitado aos consultores jurídicos da Macedo Vitorino & Associados, confirma haver fortes indícios de irregularidades e ilegalidades na actuação dos bancos do Grupo Espírito Santo no âmbito das relações comerciais destes com os associados da ABESD, detentores de instrumentos de dívida do GES", informou em comunicado a associação.

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"O parecer, solicitado aos consultores jurídicos da Macedo Vitorino & Associados, confirma haver fortes indícios de irregularidades e ilegalidades na actuação dos bancos do Grupo Espírito Santo no âmbito das relações comerciais destes com os associados da ABESD, detentores de instrumentos de dívida do GES", informou em comunicado a associação.

Entre as situações mais comuns já identificadas entre os 100 associados da ABESD estão a "violação do perfil de risco dos clientes, a prestação de informação incorrecta ou falta de informação sobre as características dos produtos financeiros, e a subscrição de produtos financeiros ou o reinvestimento em produtos financeiros sem prévia autorização e conhecimento dos clientes, em carteiras com ou sem mandato de gestão", adiantou a entidade.

O presidente da ABESD, Luís Vieira, sublinhou que a associação "todos os dias continua a receber mais interessados que, tendo em conta a ausência de informação, procuram uma resposta/solução" e que, "entre todos estes casos verifica-se que as evidências de actuação comum são muitas, parecendo inclusive ter havido uma actuação concertada pelos bancos da família Espírito Santo com vista a colocar, a todo o custo, o papel comercial GES junto dos pequenos investidores".

E reforçou: "Perante os elementos referidos neste parecer jurídico, uma vez mais e depois de vários apelos, iremos solicitar às entidades competentes, nomeadamente ao Banco de Portugal, que nos inclua na solução de reembolso aos clientes detentores de papel comercial, pois a actuação dos bancos ES [Banco Espírito Santo (BES), Banque Privée Espírito Santo (BPES) e Banque Privée Espírito Santo - Sucursal em Portugal] foi efectivamente similar para a comercialização dos seus produtos financeiros".

Segundo o parecer recebido pela ABESD, "terá havido diversas situações em que o BES e o BPES actuaram directamente em concertação na colocação de títulos de dívida do GES junto de clientes do BES e/ou do BPES" e "era prática comum a intervenção de gestores de conta do BES na angariação de clientes para o BPES, existindo contactos directos entre os gestores das duas entidades na angariação de clientes do BES para o BPES".

Quanto à natureza dos investimentos realizados, "na maioria dos casos analisados, os clientes têm um perfil 'conservador' e acreditavam, quando adquiriram instrumentos financeiros do GES, estarem a adquirir produtos de baixo risco, com um retorno fixo e com características de depósitos a prazo ou de fundos de tesouraria", assinalou a entidade.

"Em numerosas situações, os clientes, que tinham a quase totalidade dos investimentos sob a forma de depósitos a prazo, foram aconselhados a investir em produtos do GES pelos seus gestores de conta", acusou.