China promete reduzir emissões de CO2 "o mais rapidamente possível"
Cimeira climática de Nova Iorque sem novas metas concretas, mas com Washigton e Pequim a dar sinais de possíveis compromissos.
O anúncio foi feito durante a cimeira de líderes convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para acelerar as difíceis negociações para um novo tratado internacional climático, que deverá ser aprovado no final de 2015, em Paris.
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O anúncio foi feito durante a cimeira de líderes convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para acelerar as difíceis negociações para um novo tratado internacional climático, que deverá ser aprovado no final de 2015, em Paris.
No total 125 líderes mundiais estiveram em Nova Iorque. Os discursos do Presidente norte-americano Barack Obama e do vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli eram os mais esperados.
Obama defendeu um novo tratado internacional climático “flexível” e disse que os Estados Unidos e a China têm de liderar, juntos, os esforços para combater o aquecimento global.
No seu discurso, reconheceu a responsabilidade dos países desenvolvidos – e dos EUA em particular – mas disse que as economias emergentes têm de assumir também o seu papel na resolução do problema das alterações climáticas.
“As economias emergentes vão provavelmente produzir mais e mais emissões de carbono. Ninguém pode ficar de lado nesta matéria”, afirmou. “Temos de acabar com as velhas divisões”.
À cimeira climática de Nova Iorque, Ban Ki-moon queria que os governos trouxessem novos compromissos para a luta contra as alterações climáticas. Mas, além de algumas promessas de ajuda financeira aos países mais pobres e de uma série de parcerias, não se ouviram novas metas concretas de redução de emissões de gases com efeito de estufa para além de 2020.
Vários países prometeram anunciá-las no próximo ano, antes da conferência de Paris. Entre eles estão a China e os Estados Unidos, que também garantiram que irão cumprir promessas feitas depois cimeira climática de Copenhaga, em 2009. Obama disse que o país conseguirá cortar, como previsto, 17% das suas emissões até 2020, em relação a 2005.
O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, também assegurou que a China conseguirá reduzir a sua intensidade carbónica (emissões de CO2 por unidade do PIB) em 45% até à mesma data. “Assim que pudermos, vamos anunciar acções pós-2020 para reduzir mais a intensidade carbónica, aumentar a parcela de combustíveis não-fósseis e aumentar o stock de florestas”.
Sem referir datas, nem valores, Zhang Gaoli foi além e sugeriu que o país irá de facto reduzir as suas emissões de CO2 – a não apenas a sua intensidade carbónica. “Vamos também tentar chegar ao pico de emissões de CO2 o mais rapidamente possível”, referiu.
Zhang Gaoli e Obama reuniram-se antes de discursarem na sede da ONU. “Como as duas maiores economias e os dois mais emissores [de CO2] do mundo, temos a responsabilidade de liderar. É isso o que as grandes nações fazem”, afirmou depois o presidente norte-americano.
A China ultrapassou em 2007 os EUA como o país que mais lança CO2 para a atmosfera. E já tem, agora, um nível de emissões per capita maior do que o da União Europeia.
Alguns países voltaram a defender, em Nova Iorque, um novo tratado climático legalmente vinculativo, que obrigue a uma redução das emissões de CO2 – uma medida necessária para evitar uma subida da temperatura até ao final deste século com efeitos catastróficos. Barack Obama disse porém que um novo acordo “tem de ser flexível”, para acomodar as realidades dos diferentes países.
Apesar de não terem anunciado novas metas, os discursos de Obama e de Zhang Gaoli deixaram no ar um sentido de maior compromisso por parte das duas maiores economias do mundo. “Enviam um sinal claro de que ambos vão trabalhar seriamente para pôr em prática soluções climáticas domésticas e para se chegar a um acordo internacional ambicioso em Paris no próximo ano”, disse Jennifer Morgan, directora do programa de clima e energia do World Resources Institute.
A Greenpeace também saudou o anúncio da China, em particular. “Apelamos à China para que as suas emissões cheguem a um pico muito antes de 2025”, disse Li Shuo, dirigente da organização ambientalista.
A cimeira de Nova Iorque trouxe algumas promessas de reforço do Fundo Verde Climático, criado em 2010 para ajudar os países pobres a enfrentarem o desafio das alterações climáticas. François Hollande, o Presidente francês, disse que o país destinará mil milhões de dólares (780 milhões de euros) ao fundo nos próximos anos.
A Coreia do Sul e a Suíça também se comprometeram com 100 milhões de dólares (78 milhões de euros), a Dinamarca com 70 milhões (55 milhões de euros) e a Finlândia disse que contribuiria com uma "fatia justa".