O mundo seria tão melhor se...
No dia em que o P3 comemora três anos pedimos a algumas pessoas que fossem o génio da lâmpada e apresentassem três ideias de futuro. O cronista Nelson Nunes propõe que os cientistas e os artistas assumam o poder
Vivemos melhor que nunca. Esta declaração pode ser um choque para muitos, em especial para os profetas do apocalipse que por aí andam. Mas a verdade é esta: nunca, em tempo algum da História, se viveu tão bem, com tantos comodismos e durante tantos anos como nos dias que correm. Ainda assim, isto não significa que vivamos num mundo perfeito que não precisa de ser melhorado. Não. Há muito cordel onde mexer para que o bordado fique mais aprazível à vista. Aqui deixo três sugestões:
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Vivemos melhor que nunca. Esta declaração pode ser um choque para muitos, em especial para os profetas do apocalipse que por aí andam. Mas a verdade é esta: nunca, em tempo algum da História, se viveu tão bem, com tantos comodismos e durante tantos anos como nos dias que correm. Ainda assim, isto não significa que vivamos num mundo perfeito que não precisa de ser melhorado. Não. Há muito cordel onde mexer para que o bordado fique mais aprazível à vista. Aqui deixo três sugestões:
1. Cientistas e artistas no poder
A começar pelas politiquices. Sempre fui adepto da teoria política, mas é doloroso observar que os profissionais daquela arte não possuem um quinhão da teoria nas suas práticas. Portanto, talvez fosse um bom princípio arrancá-los dos palanques, atirá-los para a vida do dia-a-dia e para as modéstias do anonimato para que não andem para aí a afrontar os cidadãos com as suas teorias de que ganhar 4800 euros é coisa pouca. (Nota-se muito que o Marinho Pinto me dá um asco sem igual?) Tenho, portanto, uma proposta: cientistas e artistas no poder. Não há quem use melhor a razão que os homens de ciência e não há gente mais sensível que os observadores dos tempos contemporâneos. O saber de um lado, a sensibilidade do outro. Talvez fosse uma mistura vencedora. E mais: pior que o que está não fica.
2. Criar um subsídio para despesas
E depois há o dinheiro, esse artifício nefasto que mais não faz senão fazer erguer o pior de cada um de nós. Mas — sabemo-lo bem — nada fazemos sem ele e é praticamente impossível existir em comunidade sem o seu uso. (Não me venham com as histórias das trocas directas, porque uma galinha nunca terá o mesmo valor de cinco ovos.) Também tenho uma teoria para (ajudar a) resolver isto. Acredito firmemente que muita riqueza se criaria se os Governos financiassem as pessoas. Colocar-se-iam de parte uns quantos milhões no Orçamento de Estado para um “subsídio para a despesa”. Cada um dos contribuintes receberia uma maquia mensal que deveria gastar a seu bel-prazer. O dinheiro circularia e todos ganhariam: o consumidor, os comerciantes, o Estado. Aos interessados, expliquei de forma mais completa esta ideia aqui.
3. Estimular a cultura da boa vontade
E depois, uma ideia ainda mais conceptual e aparentemente pouco prática. Talvez esteja a sonhar muito alto — bem o sei — mas falta ainda uma cultura da boa vontade. Fazer, fazer, fazer. Sem medos de fracassos. Devíamos incutir estas práticas em todos, desde os mais novos aos mais velhos: aceita tudo com a benevolência de uma dádiva e entrega aos outros o que não deve ser só teu. Serve, dá, oferece. “What goes around comes around”. Os sorrisos costumam dar melhores resultados que raivas.
Até serem postas em prática, as ideias não são mais que utopias condenadas ao fracasso. Só depois de singrar se tornam genialidades ou meros méritos plenos de eficácia. Façam com estas o que bem entenderem. Já não são só minhas.