Marcha internacional pressiona combate às alterações climáticas
Dezenas de milhares de pessoas em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e muitas outras em mais 165 países exigiram medidas mais radicais aos Governos.
A Marcha pelo Clima tem como objectivo fazer passar a ideia de que "as alterações climáticas já não são apenas um assunto ambiental; são um assunto que diz respeito a toda a gente", disse ao The New York Times o director de comunicação da organização activista norte-americana Avaaz, Sam Barratt.
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A Marcha pelo Clima tem como objectivo fazer passar a ideia de que "as alterações climáticas já não são apenas um assunto ambiental; são um assunto que diz respeito a toda a gente", disse ao The New York Times o director de comunicação da organização activista norte-americana Avaaz, Sam Barratt.
Essa ideia materializou-se na face e na proveniência de cada uma das cerca de 100 mil pessoas que marcharam pelo baixa de Manhattan. Entre agricultores, pescadores, crianças, idosos, residentes em grandes cidades e habitantes da América profunda, estavam também destacadas figuras da política e do entretenimento, encabeçadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Na terça-feira, o secretário-geral vai receber 120 líderes mundiais na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para mais uma cimeira sobre o clima, da qual poucos esperam resultados positivos e concretos após a desilusão da conferência de Copenhaga, na Dinamarca, em 2009.
Ainda assim, a marcha internacional deste domingo – que teve também expressões em Portugal, com iniciativas em cidades como Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Faro, entre outras – pode servir para pressionar os líderes mundiais a avançarem em temas como os limites às emissões de carbono.
Em Lisboa, a acção contou com a participação de cerca de uma centena de pessoas, que se concentraram no Rossio.
No início do mês, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) fez saber que as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiram um novo máximo em 2013. No seu relatório, a OMM afirma que a quantidade de dióxido de carbono subiu a um ritmo sem precedentes desde 1984, estando quase a atingir a simbólica marca de 400 partes por milhão – algo que poderá acontecer em 2015 ou 2016, segundo as previsões da organização.
"Sabemos, sem sombra de dúvida, que o nosso clima está a mudar e que as condições meteorológicas estão a tornar-se mais extremas devido a actividades humanas como a queima de combustíveis fósseis", disse na altura o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "Temos de reverter esta tendência, reduzindo as emissões de CO2 e outros gases com efeito de estufa. Estamos a ficar sem tempo", afirmou.
Neste domingo, foi a vez do secretário-geral da ONU lançar o mesmo aviso, reforçado com a sua presença entre a massa heterogénea que inundou as ruas de Manhattan – um gesto que aproxima os decisores dos cidadãos e que tenta sublinhar a ideia de que o assunto diz mesmo respeito a toda a gente.
"Vou dar as mãos aos que vão marchar a favor de acções contra as alterações climáticas. Estamos com eles no lado certo deste assunto crucial para o futuro de todos nós", disse Ban Ki-moon.
Ao lado do secretário-geral da ONU estiveram personalidades como o antigo vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e o actor Leonardo DiCaprio, nomeado mensageiro da paz das Nações Unidas para a área das alterações climáticas.
Entre eles, nas ruas de Nova Iorque, esteve também Ronald Jean Jumeau, embaixador na ONU do arquipélago das Seychelles, no Oceano Índico. Nestas ilhas, têm-se verificado secas mais prolongadas e menos chuva mas mais tempestades extremas, para além da erosão nas praiais.
"Estamos a dizer aos Estados Unidos e ao mundo desenvolvido que vocês são responsáveis por isto. Não nos digam que não conseguem cortar nas emissões, que não podem dispensar fundos, enquanto gozam o vosso elevado nível de vida. Vocês sabem que as vossas emissões estão a prejudicar-nos. Ajudem-nos", disse Jumeau ao The New York Times.
A cimeira de terça-feira da ONU vai contar com a presença de 120 líderes mundiais, entre os quais o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas sem a participação da chanceler alemã, Angela Merkel, e do Presidente chinês, Xi Jinping. O objectivo é reforçar as bases para a assinatura de um protocolo em Paris, em finais de 2015.