CDS defende que os desfiles da ModaLisboa devem ser abertos à população
A proposta, com a qual os vereadores dos Cidadãos por Lisboa dizem estar "em sintonia", não merece o acolhimento da directora da ModaLisboa.
Isso mesmo consta de uma declaração de voto, entregue pelo vereador no âmbito da votação em reunião camarária da proposta que fixou em 317.500 euros a verba a transferir pelo município como “comparticipação financeira respeitante à 43.ª edição da ModaLisboa”, que se realizará entre os dias 10 e 12 do próximo mês. Nessa votação, que decorreu a 10 de Setembro, João Gonçalves Pereira absteve-se, tal como fizeram os dois vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa, eleitos na lista do PS.
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Isso mesmo consta de uma declaração de voto, entregue pelo vereador no âmbito da votação em reunião camarária da proposta que fixou em 317.500 euros a verba a transferir pelo município como “comparticipação financeira respeitante à 43.ª edição da ModaLisboa”, que se realizará entre os dias 10 e 12 do próximo mês. Nessa votação, que decorreu a 10 de Setembro, João Gonçalves Pereira absteve-se, tal como fizeram os dois vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa, eleitos na lista do PS.
O vereador centrista sublinha que a ModaLisboa é “um evento da maior importância para a afirmação da cidade de Lisboa como promotora da moda e do design nacionais”, mas defende que a sua “abertura aos lisboetas” permitiria dar-lhe “uma outra dimensão de expressão cultural que agregue os vários públicos interessados na moda”. Caso isso acontecesse e a organização optasse pela venda de bilhetes, acrescenta João Gonçalves Pereira, talvez fosse até possível “que a comparticipação da câmara pudesse ser reduzida”.
“Em sintonia” com essa posição estiveram os vereadores João Afonso e Paula Marques. Segundo foi transmitido por um elemento do seu gabinete, os eleitos dos Cidadãos por Lisboa “reconhecem a importância que o evento tem para a cidade e que este sector de actividade tem para o país”, mas “perguntam-se se neste momento o envolvimento financeiro público não é grande e se a ModaLisboa não deveria ser mais aberta à população da cidade”.
Quem não concorda com essa ideia é a directora da ModaLisboa. Em respostas enviadas ao PÚBLICO, Eduarda Abbondanza sublinha que “a Lisboa Fashion Week integra um calendário de acções paralelas aos desfiles, abertas ao público”, como “exposições de fotografia, conferências sobre moda, uma pop-up store de marcas emergentes, entre outras acções desenvolvidas em conjunto com entidades como a FAUL [Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa] e o MUDE [Museu do Design e da Moda]”.
Quanto aos desfiles, que se realizam no Pátio da Galé, Eduarda Abbondanza diz que estes “têm cerca de 1000 convidados” cada um. “O espaço em si não comporta mais pessoas, daí a necessidade de ser fechado e direccionado aos profissionais da indústria de moda, à imprensa especializada e generalista, às escolas de moda, às instituições parceiras, ao protocolo e, como é óbvio, aos clientes, compradores e convidados dos designers de moda”, explicita. Além disso, frisa, “a ModaLisboa garante uma divulgação massificada da moda portuguesa, através dos parceiros de comunicação do evento”, sendo os desfiles transmitidos na televisão e na Internet.
A directora da ModaLisboa acrescenta que, pelo que pôde observar “noutras semanas de moda internacionais”, “a modalidade de venda de bilhetes não tem apresentado resultados positivos”, já que “o público tende a não aderir conforme o esperado”.
Eduarda Abbondanza aproveita ainda para mencionar que “o orçamento da Lisboa Fashion Week é muito superior à verba disponibilizada pela Câmara de Lisboa”: quer em Outubro de 2013 quer em Março deste ano o orçamento foi de 580 mil euros, enquanto o apoio do município se ficou, respectivamente, por 352 mil euros e por 317.500 euros.
Além dessa comparticipação financeira, o município comprometeu-se, de acordo com um protocolo firmado em 2013, a “ceder gratuitamente” o apoio da Polícia Municipal e dos serviços electromecânicos municipais, “o local para a realização da ModaLisboa”, “plantas decorativas”, “grades e baias que se revelem necessárias”, entre outros aspectos.