Estado Islâmico divulga vídeo em que refém promete contar "a verdade" sobre a organização

“Eu sei o que é que estão a pensar agora. Estão a pensar: ´Só está a fazer isto porque está preso. Ele tem uma arma apontada à cabeça e está a ser forçado a fazer isto’. Não é isso?”

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AFP

“Eu sei o que é que estão a pensar agora. Estão a pensar: ´Só está a fazer isto porque está preso. Ele tem uma arma apontada à cabeça e está a ser forçado a fazer isto’. Não é isso?”

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“Eu sei o que é que estão a pensar agora. Estão a pensar: ´Só está a fazer isto porque está preso. Ele tem uma arma apontada à cabeça e está a ser forçado a fazer isto’. Não é isso?”

No vídeo de pouco mais de três minutos, divulgado no YouTube, o refém aparece sozinho, sentado atrás de uma mesa, vestido com um uniforme cor de laranja, igual ao dos três decapitados pelo EI nas últimas semanas pelos islamistas – dois jornalistas norte-americanos e um funcionário humanitário britânico.

Depois ter morto os três cidadãos ocidentais, o EI ameaçou executar também outro refém britânico, David Henning

“Sim, é verdade. Sou um prisioneiro. Não posso negar isso. Mas vendo que fui abandonado pelo meu governo e que o meu destino está agora nas mãos do Estado Islâmico, não tenho nada a perder”, diz o refém na mensagem intitulada "Lend me your ears" (algo como "Ouçam-me com atenção").

O alegado refém afirma que colaborou com os jornais Sunday Times, The Sun e Sunday Telegraph. A AFP, que diz ter também publicado trabalho do jornalista, recorda que John Cantlie foi raptado uma primeira vez pelos jihadistas, durante algumas semanas, em Julho de 2012, juntamente com um colega holandês.

Veio a ser libertado pelo Exército Livre Sírio, uma componente da rebelião contra o regime de Bashar al-Assad. Ao tentar fugir foi nessa altura ferido num braço. Em Novembro do mesmo ano voltou a ser raptado.

O britânico questiona também o envolvimento ocidental “noutro conflito que não pode ser ganho”.

A mensagem foi divulgada um dia depois de a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, ter aprovado a estratégia do Presidente Barack Obama para armar e treinar a oposição síria moderada para lutar contra o EI. O Senado, de maioria democrata, deve pronunciar-se ainda nesta quinta-feira.

O resultado da votação na Câmara dos Representantes, 273 a favor 156 contra, revela uma divisão que não se cingiu à fidelidade partidária e seguiu-se a um debate que mostrou grande cepticismo em relação ao caminho escolhido para enfrentar a ameaça islamista.

O jornal Washington Post escreveu que muitos democratas estão preocupados por entenderem que ainda não estão claramente definidos os parâmetros da nova operação dos EUA no Médio Oriente. Já os republicanos julgam que os planos de Obama são demasiado limitados.

Uma sondagem New York Times/CBS, divulgada nesta quinta-feira, indica que a maioria dos norte-americanos está descontente com a forma como Obama está a gerir a ameaça islâmica – 48% dos interrogados desaprovam a sua actuação, 39% aprovam-na e 13% não têm opinião.

Numa altura em que se aproximam eleições parciais nos Estados Unidos, 48% dos inquiridos consideram que aos republicanos lidariam melhor com o dossier “terrorismo”, contra 31% que entendem que são os democratas quem o faz melhor.

Na quarta-feira, Obama pôs completamente de lado a possibilidade cooperar com o regime sírio de Bashar Al-Assad, na luta contra os islamistas – nesse dia foi divulgada uma carta do presidente do Parlamento sírio em que o Governo de Washington era desafiado a colaborar na luta anti-jihadista.