Chinesa Alibaba estreia-se em bolsa avaliada em 130 mil milhões de euros
Empresa de comércio online pretende expandir-se para os EUA e Europa.
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A escolha de Nova Iorque – e não de Hong Kong, como chegou a ser equacionado, mas cujas regras de mercado não permitiam a estrutura de governação da empresa – é simbólica da estratégia que já delineou: uma expansão internacional, apontando baterias para os EUA e a Europa.
A empresa nasceu há 15 anos no apartamento do fundador, Jack Ma, e opera três grandes sites. O Alibaba é uma plataforma de comércio online entre empresas. O Taobao funciona de forma semelhante ao eBay, permitindo a particulares e pequenas empresas venderem directamente a consumidores. E o Tmall é um site de vendas online para ser usado por grandes empresas que pretendem chegar ao mercado chinês. Para além disso, o grupo tem também um serviço de pagamentos online (semelhante ao PayPal) e um outro de serviços de computação na nuvem.
A actuar sobretudo na China – o país com mais utilizadores de Internet do mundo e onde a classe média tem estado a ganhar peso – e com presença em alguns territórios asiáticos próximos, os sites da Alibaba totalizaram no ano passado 248 mil milhões de dólares em transações, mais do que o eBay e a Amazon juntos. As receitas totais são mais pequenas do que a destes concorrentes, mas os lucros são maiores. Nos 12 meses até Março, a empresa facturou 8463 mil milhões de dólares e conseguiu lucros de 3720 milhões, quase quatro vezes mais do que no ano anterior.
“A oferta de venda inicial da Alibaba poderá muito bem ser o fim do domínio dos EUA no sector tecnológico global”, considera Quing Wang, professor na Warwick Business School, no Reino Unido, cujo trabalho de investigação se debruça sobre empresas asiáticas que se expandem para o Ocidente. Wang nota que o desempenho das companhias asiáticas pode surpreender “alguns dos que estão de fora”, mas que vários factores têm vindo a contribuir ao longo dos últimos anos para o fenómeno.
Um deles é “o enorme e crescente mercado doméstico”. Mas os empreendedores chineses, argumenta, têm também sido espicaçados pelas incursões das empresas ocidentais na região. “A concorrência doméstica no mercado chinês, bem como das multinacionais que lá entraram, é muito grande e as empresas bem-sucedidas como a Alibaba tiveram de se tornar altamente empreendedoras e orientadas para o mercado”.
A entrada da Alibaba em bolsa transformará Ma num dos homens mais ricos do mundo, mas o fundador tem uma participação de apenas 8,9% da empresa. A Softbank, uma operadora de telecomunicações japonesa, é a maior accionista, com uma fatia de 34%. Outra participação de peso é a do americano Yahoo. A multinacional, que nos últimos anos se tem debatido com problemas financeiros, é uma aliada histórica da Alibaba e é dona de 23% do capital.