“Ei!” oferece serviço profissional de apoio aos emigrantes
A crise transformou-se em oportunidade de negócio para duas juristas que lançaram uma empresa que funciona como uma espécie de “loja do cidadão” para emigrantes e imigrantes.
Com o primeiro espaço físico prestes a abrir portas, em Lisboa, Gilda Pereira, uma das sócias, contou ao PÚBLICO que a ideia de fazer disto um negócio nasceu das necessidades que ela própria sentiu enquanto emigrante, em Luanda, Angola. “Tornei-me emigrante em 2009 e durante estes cinco anos senti necessidade de alguém que me ajudasse em Portugal a tratar das minhas coisas. Fui trabalhar como consultora empresarial na área fiscal, trabalho que ainda hoje mantenho, mas deixei em Portugal uma casa, um carro, uma vida em suspenso. No início tive algumas complicações por não ter ninguém que me visse o correio, as multas para pagar, por exemplo, perdi a isenção do IMI…”, recorda.
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Com o primeiro espaço físico prestes a abrir portas, em Lisboa, Gilda Pereira, uma das sócias, contou ao PÚBLICO que a ideia de fazer disto um negócio nasceu das necessidades que ela própria sentiu enquanto emigrante, em Luanda, Angola. “Tornei-me emigrante em 2009 e durante estes cinco anos senti necessidade de alguém que me ajudasse em Portugal a tratar das minhas coisas. Fui trabalhar como consultora empresarial na área fiscal, trabalho que ainda hoje mantenho, mas deixei em Portugal uma casa, um carro, uma vida em suspenso. No início tive algumas complicações por não ter ninguém que me visse o correio, as multas para pagar, por exemplo, perdi a isenção do IMI…”, recorda.
Constatada a necessidade, Gilda começou por recorrer a uma colega de faculdade. “Pedia-lhe que me marcasse consultas, que me contratasse alguém para me limpar a casa quando vinha a Portugal, que me contratasse um serviço de catering, se fosse dar um jantar, que me comprasse bilhetes para espectáculos…”. Daí a nada eram já vários os amigos a recorrer aos serviços da colega, Inês Salvo. “Se tantas pessoas sentiam as necessidades que eu sentia, e numa altura em que há cada vez mais emigrantes de um estrato social alto, que deixam património para trás, tornou-se óbvio, numa conversa entre as duas, que havia aqui uma oportunidade”, conta.
A convicção confirmou-se quando, divulgada a oferta nas redes sociais, começaram a cair os pedidos. “O feedback surpreendeu-nos imenso, porque os pedidos partiam dos emigrantes, como eu, mas também de imigrantes e viajantes angolanos que vinham a Portugal e que precisavam de alguém que os fosse buscar ao aeroporto e lhes encontrasse uma casa para um mês…”.
Cada cliente tem direito a um contrato de confidencialidade, “porque a empresa pode ficar com a chave de casa das pessoas, recebe-lhe o correio, trata de questões fiscais delicadas”. Os serviços abrangem ainda aspectos como a representação em assembleias de condomínio, a marcação de vacinas, os pedidos e cancelamentos do fornecimento de água, gás ou electricidade, a legalização de viaturas ou a renovação de cartas de condução.
Mas este não é um serviço ao alcance da maioria dos entre 200 mil a 300 mil portugueses que se calcula terem deixado o país nos últimos três anos. É que a emigração, malgrado as novas tendências, continua a compor-se maioritariamente por operários pouco qualificados e quase nenhum poder de compra. E por um serviço como seja a recolha do correio e a sua digitalização e posterior envio por correio electrónico para o destinatário a “Ei!” cobra entre 420 e 440 euros. Já a obtenção de documentos, como um certificado de habilitações, por exemplo, custa entre 25 e 35 euros. Ainda assim, Gilda Pereira, cuja empresa contratou entretanto três funcionários a tempo inteiro, acredita ter na “Ei!” “um ponto de partida para uma nova vida quando regressar ao país”.