Marinho e Pinto diz que 4800 euros não dão para viver bem em Lisboa

Eurodeputado considera que os eleitos à Assembleia da República não deviam ganhar menos do que o bastonário dos advogados – 4800 euros líquidos. Porque esse valor “não permite padrões de vida muito elevados em Lisboa”.

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Eleito nas listas do MPT nas europeias de Maio, Marinho e Pinto anunciou há dias que deixará o partido para fundar um novo. Mas não larga o lugar em Bruxelas. Miguel Manso

Aliás, até os 4800 euros líquidos que ganhava como bastonário dos advogados – valor que o próprio estabeleceu quando foi eleito – “não permitem grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa, fora de casa, quando [se] deixa de exercer a profissão”, afirmou Marinho e Pinto em entrevista à Rádio Renascença.

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Aliás, até os 4800 euros líquidos que ganhava como bastonário dos advogados – valor que o próprio estabeleceu quando foi eleito – “não permitem grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa, fora de casa, quando [se] deixa de exercer a profissão”, afirmou Marinho e Pinto em entrevista à Rádio Renascença.

“Os órgãos de soberania em Portugal são mal remunerados, a começar no Presidente da República e a acabar nos juízes. Deveria haver essa cautela. E não há porque muitos políticos encontram formas, por vezes ilícitas, de suprirem essa deficiência”, acusou.

Escusando-se a dizer qual considera ser o salário justo para um deputado, defendeu no entanto que a Assembleia da República “tem que encontrar rapidamente uma remuneração condigna para a função de legislador”, mas também exigir exclusividade aos deputados exclusividade. Porque “não se pode utilizar o Parlamento para tráficos de influências”.

Os valores dos salários têm sido assunto recorrente de intervenções públicas de Marinho e Pinto. Ainda candidato criticava os altos salários dos eurodeputados, e agora que assumiu o seu lugar em Bruxelas continua a classificar de “obsceno” e uma “ofensa” o “salário de 18 mil euros” dos parlamentares europeus. Porém, questionado porque não promove bolsas de estudo ou outras funções, é peremptório: “Não sou de dar esmolas para aliviar a consciência.”

Tendo em conta que Marinho e Pinto já anunciou que irá fundar um novo partido para concorrer às legislativas do próximo ano, poderá acabar por ser o próprio a propor essa alteração. Porque apesar das diferenças de salários, também promete que se for eleito para a Assembleia da República abdica do lugar em Bruxelas – e se não for eleito aqui, por lá continuará.

Sobre o MPT, Marinho diz que é um partido “fechado para cinco pessoas”, que não tem pessoas na direcção de outras zonas do país sem ser Lisboa. E que “não é [um partido] viável” e que “nunca será um partido nacional”.

Sobre o novo partido que tenciona fundar, conta que ainda está a preparar a declaração de princípios mas a sua intenção, garante, é seguir uma ideia de Margaret Thatcher – “voltar à base da República e do republicanismo” – mas com “um conteúdo progressista”.

Afirma-se um homem de esquerda, mas isso não significa que o seu partido venha a encaixar na actual “geometria política tradicional”. Prefere valores como a defesa da liberdade e o combate ao medo. “Em Portugal não há liberdade.”

Talvez por isso e apesar de considerar que o PS “não consegue fazer coligações, admite entendimentos menos formais com socialistas mas também com o PSD e o PCP - “sem preconceitos”. Já o CDS é um partido muito instável, populista, sensacionalista”. E acerca da actual corrida socialista, Marinho e Pinto acusa Costa de estar “a dar cabo” do PS.