Colômbia, Canadá e Japão à espera da moda portuguesa
Quatro designer portugueses levaram a Viena e a Londres as suas colecções Primavera/Verão 2015, na rota da internacionalização da Portugal Fashion. Agora há outros palcos à espera: Paris, Lisboa e Porto.
“Alguns países da América, que não têm barreiras alfandegárias como é o caso da Colômbia e do Canadá, têm demonstrado um enorme interesse para acolher a moda portuguesa e, no Oriente, o Japão tem dado sinais muito grandes relativamente à moda portuguesa”, declarou ao PÚBLICO Manuel Lopes Teixeira, da direcção nacional do Portugal Fashion, organizado pela ANJE (Associação Nacional dos Jovens Empresários).
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“Alguns países da América, que não têm barreiras alfandegárias como é o caso da Colômbia e do Canadá, têm demonstrado um enorme interesse para acolher a moda portuguesa e, no Oriente, o Japão tem dado sinais muito grandes relativamente à moda portuguesa”, declarou ao PÚBLICO Manuel Lopes Teixeira, da direcção nacional do Portugal Fashion, organizado pela ANJE (Associação Nacional dos Jovens Empresários).
Na semana em que o Portugal Fashion marcou presença com as novas colecções Primavera/Verão 2015 em Viena e Londres – dentro de dias, Paris –, Manuel Teixeira revela o interesse e também a ambição daqueles países em acolher as propostas dos estilistas nacionais. “Têm”, salienta, “uma enorme criatividade e uma grande capacidade em desenvolver produtos.”
Mas, para que estes destinos passem a fazer parte da rota da internacionalização da moda portuguesa, a ANJE, responsável pela organização do Portugal Fashion, tem ainda muito trabalho pela frente. Um projecto desta dimensão precisa de ser financiado por fundos comunitários e o próximo Quadro Comunitário de Apoio, denominado Portugal 2020, ainda não está definido.
Ancorado no sucesso do Portugal Fashion, Manuel Lopes Teixeira ambiciona chegar a outros mercados que considera potenciadores para Portugal, mas para já destaca apenas os três que, argumenta, “são mercados que manifestam muita curiosidade e em relação aos quais sentimos sinais muito grandes relativamente à moda feita no nosso país”.
“Vamos tentar encontrar financiamento que nos permita também chegar a esses mercados e esperar que o próximo Quadro Comunitário de Apoio possa ser essa a ambição que nós temos”, afirma o responsável pela ANJE. Até lá, a Associação Nacional dos Jovens Empresários vai manter-se focada no mercado europeu, o “mercado natural de exportação da moda portuguesa” que, nas palavras de Manuel Teixeira, “tem ainda de fazer um upgrade da base industrial para a base criativa e de marca”.
Numa mesma semana, as colecções de quatro designers portugueses foram exibidas em Viena (quarta-feira) e em Londres (sexta-feira). Susana Bettencourt foi a primeira a mostrar as suas escolhas para a próxima colecção, que evidencia o “contraste entre os danos criados à natureza pelo homem, pelo digital e pela tecnologia”. O também jovem João Melo Costa encerrou, em Londres, a primeira fase desta rota de internacionalização do Portugal Fashion, que passará ainda por Paris, Lisboa e Porto.
Antes da colecção de João Melo Costa desfilar, foram as apostas da criadora emergente Daniela Barros que tomaram conta da passerelle. E, tando em conta os aplausos, a plateia parece ter gostado.
Pela segunda vez presente na Fashion Scout, Daniela Barros, apresentada como uma criadora emergente, mostrou uma colecção minimal, geométrica, em tons claros, como o bege, mas a cor que mais predomina na maior parte dos trabalhos que levou a Londres é o branco e o preto, tons que são combinados com o azul profundo; print terracota, inspirado na estrutura muscular do corpo.
Quanto aos materiais, a designer portuense define-os como “nobres”: viscose, sedas, algodão. Mas há também algumas peças com cerâmica. “É uma colecção bastante rica em materiais”, precisa aos ser questionada pelos jornalistas no final do desfile.
Daniela Barros tem consciência que trazer uma colecção a Londres é um desafio grande porque os públicos são diferentes. “Londres é um centro para novos criadores e dessa forma poderá abranger um mercado maior que Portugal.” Nos bastidores, já no final do desfile, a designer não quis dizer qual a sua peça favorita, mas deixou claro que tem preferências. “Desta colecção não consigo destacar uma peça só, mas acho que os estampados e as peles que são cozidas à mão com linha transparente, que são as destruturadas, são as mais fortes.”
João Melo Costa mostrou uma colecção diferente, nomeadamente a nível dos materiais. “Nesta colecção tentei experimentar técnicas novas, porque esse é o caminho”, disse o estilista, explicando que “os materiais são coisas que podem ser muito desenvolvidas e exploradas”. “A colecção fala da evolução da vida e eu tentei transmitir isso ao longo da colecção”, explicou, revelando que escolheu a cor verde para encerrar o desfile dando, assim, “uma nota de esperança”.
O palco em Viena foi para Susana Bettencourt, que apresentou uma colecção inspirada num lenço bordado da avó. Já Ricardo Preto, levou à Semana da Moda da capital austríaca uma colecção de autor em que, por uma vez, deixou de lado os tons mais coloridos para apostar nos verdes, caqui, amarelos, cor de vinho e cor de tijolo. “Eu, que normalmente sou um homem muito colorido, baixei os tons todos”, referiu. “É uma colecção onde procuro uma nova costura”, declarou aos jornalistas no final do desfile que decorreu numa tenda gigante, instalada em frente ao MusemsQuartier Wien, no centro da cidade.
De resto, antes do desfile era esta a mensagem que o designer mostrava perante o seu trabalho, que, segundo revelou, tem “um target” em Viena. Nesta colecção, surpreendeu ao mostrar peças de vestuário onde o tradicional xaile português bordado em tons coloridos ocupava grande destaque, numa homenagem ao seu país.
O xaile é português, pois claro, mas os bordados foram feitos nas Filipinas. O resto da colecção, feita em sedas italianas e francesas, tem peças alusivas às fardas do exército português, mas também dos exércitos belga e inglês.