Lisboa saiu à rua para a marcha da moda

As lojas do centro de Lisboa abriram portas pela noite fora para celebrar a moda. Fomos saber o que esperavam alguns dos milhares de visitantes do Vogue Fashion’s Night Out.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Pelas ruas Garrett e do Carmo, são já muitos os que rodeiam os Armazéns do Chiado, apesar de o evento estar marcado para as 19h e ainda nem serem 18h. Uns apontam para determinada loja, outros fazem já fila para algumas das acções programadas. Para lá das montras, dentro das lojas aderentes, também há muito movimento. É o lufa-lufa habitual que antecede os últimos preparativos da “grande noite da moda em Lisboa”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pelas ruas Garrett e do Carmo, são já muitos os que rodeiam os Armazéns do Chiado, apesar de o evento estar marcado para as 19h e ainda nem serem 18h. Uns apontam para determinada loja, outros fazem já fila para algumas das acções programadas. Para lá das montras, dentro das lojas aderentes, também há muito movimento. É o lufa-lufa habitual que antecede os últimos preparativos da “grande noite da moda em Lisboa”.

Este ano, aumentou o mapa dos sítios por onde escolher. À Avenida da Liberdade, Rua Castilho, Chiado e Príncipe Real juntaram-se a Rua do Ouro, a Rua Augusta e o Rossio. Uma expansão que tem como objectivo “oferecer uma outra vertente ao público habitual do evento e despertar o interesse de uma audiência particular, mais focada na oferta cultural”, explica Paula Mateus, directora da revista Vogue Portugal, responsável pela organização do evento em parceria com a autarquia.

Sofia Fernandes, 34 anos, saiu do metro da Baixa-Chiado e ainda se está a ambientar à música alta que se faz ouvir. É a primeira vez que vem ao evento e não quer ter muitas expectativas, mas o principal objectivo da noite é conseguir andar pelas ruas. “Já conhecia a iniciativa mas nunca tinha vindo. Dizem sempre que é muita confusão mas hoje quis fazer algo diferente e aproveitei para vir e enfrentar essa confusão”, diz, sem ter dúvidas de que as pessoas vêm, não para comprar, mas especialmente para conviverem e divertirem-se. “É mais para verem e serem vistas e de uma maneira geral acho que se arranjam mais, mas isso também tem a ver com o conceito da noite. Se é fashion, quem vem acaba por se esforçar para estar à altura”, comenta.

Com o Chiado praticamente intransitável, as lojas cheias de gente e filas enormes para as ofertas dentro dos estabelecimentos, o fluxo de pessoas vai-se estendendo às outras artérias da cidade. As lojas de pronto-a-vestir vão vendendo, as de luxo, na Avenida, atraem curiosos. Há homens em andas altas, mulheres com penteados e maquilhagens extravagantes, pessoas a distribuir brindes. Uns empurram para passar à frente, outros vão absorvendo tudo o que está a acontecer.

Na Rua Garrett, à frente de uma das lojas aderentes, Catarina Venâncio, 20 anos, está vestida com uma camisola que tem um logótipo gigante da marca que está a representar. É presença assídua no evento desde a primeira edição mas este ano foi "promovida": esta é a primeira vez que está a trabalhar como promotora. À tarde esteve a distribuir gelados e agora, já depois das 22h, anda com um cartaz na mão a tentar chamar pessoas para dentro da loja para tirar fotografias. “As pessoas não estão a comprar muito. Entram, querem aproveitar os descontos, ver o que estão a oferecer, mas não compram muito”, opina Catarina. Rita Duque, do alto do seus 14 anos, confirma esta tendência. “Vim com uns amigos mas não vamos comprar nada. É mais para passear, por causa do ambiente”, diz, enquanto uma amiga a puxa para irem para dentro dos Armazéns do Chiado, onde um DJ está a pôr música.

Mais abaixo, no Rossio, há um mercado com produtos artesanais e as bancas estão cheias de curiosos. Há pessoas a experimentar turbantes, a tirar selfies e a querer ver tudo. Cristina Pais foi apanhada de surpresa. “Não sabia que era hoje, mas estou a ver que está cá muita gente. É bom, traz muitos turistas ”, diz em passo apressado. 

Uma noite dedicada à moda (e às lojas)
A Fashion’s Night Out começou em 2009 pela mão de Anna Wintour, directora da Vogue norte-americana, uma das mulheres mais influentes do mundo, segundo a Forbes. Para incentivar o consumo e celebrar a moda, aproximando-a de todos, convidando todos a entrar. Criadores conhecidos e artistas juntaram-se numa noite de lojas com promoções especiais. Uma aposta ganha quer pelo aumento de visitantes ano após ano, quer pelo aumento de lojas participantes. E de país para país há variantes.

Em Portugal, a noite da moda começou em 2010 e este ano envolveu 250 espaços. Comemorada em 19 países, nem todos têm apenas uma cidade a participar, caso do Brasil, onde houve iniciativas em vários pontos do país.

Em Portugal, “o Fashion’s Night Out é diferente. O ano passado estive no Príncipe Real mas há três anos estive em Paris. Lá há imensa gente nas ruas também mas vi pessoas mais extravagantes", conta Joana Mateus, 32 anos. "Cá arranjam-se mais para esta noite em específico, lá é mais natural e o evento é encarado com mais normalidade”, exemplifica. Veio directamente do trabalho para o Chiado, o local eleito para este ano, onde aproveitou para fazer uma maquilhagem numa das lojas.

À hora de encerramento do evento, apesar do fecho de portas das lojas, os grupos de pessoas não dispersam, as ruas continuam cheias. Está calor, os copos com champanhe e outras bebidas ainda andam nas mãos, a música continua. Foi uma noite para fugir à rotina e aproveitar para consumir de forma diferente. “Acreditamos que o FNO se assume também como um escape”, resume a directora da Vogue portuguesa.