Morreu Antoine Duhamel, compositor das músicas da nouvelle vague
Lembrado como um dos principais compositores de música para cinema dos anos 60 em França, Duhamel continuou a escrever música até aos anos 2000, quando ganhou um Urso de Prata
Quando, nos anos 1960, jovens realizadores franceses começavam a experimentar uma forma diferente de fazer cinema que viria a ser chamada nouvelle vague, Duhamel já tinha estudado música no Conservatório Nacional de Paris e na Sorbonne, universidade parisiense. A sua formação músical começou em casa com o pai, o escritor Georges Duhamel, músico amador - a mãe, Blanche Albane era actriz. Depois da Segunda Guerra Mundial, quando começou a dedicar-se à música a tempo inteiro, Antoine Duhamel estudou com referências da época como Olivier Messiaen e René Leibowitz.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quando, nos anos 1960, jovens realizadores franceses começavam a experimentar uma forma diferente de fazer cinema que viria a ser chamada nouvelle vague, Duhamel já tinha estudado música no Conservatório Nacional de Paris e na Sorbonne, universidade parisiense. A sua formação músical começou em casa com o pai, o escritor Georges Duhamel, músico amador - a mãe, Blanche Albane era actriz. Depois da Segunda Guerra Mundial, quando começou a dedicar-se à música a tempo inteiro, Antoine Duhamel estudou com referências da época como Olivier Messiaen e René Leibowitz.
Começou por compor para curtas-metragens como Méditerranée (1963), de Jean-Daniel Pollet, ou Le Parti des choses: Bardot et Godard (1964), um documentário de Jacques Rozier, sobre a rodagem de O Desprezo, de Godard, em que Brigitte Bardot é actriz. Um ano depois, em 1965, Pedro o Louco, de Godard, saía para os cinemas com a sua banda sonora original. Foi para este realizador, com quem aprendeu “como nos servimos da música”, que escreveu a música de Made in USA, em 1966, e de Fim-de-Semana, em 1967.
Começaram depois os trabalhos com Truffaut, ao compor para A Sereia do Mississípi (1969), O Menino Selvagem e Domicílio Conjugal (ambos em 1970). A sua ligação ao cinema manteve-se até aos anos 2000, embora tenha entretanto escrito bandas sonoras também para séries de televisão. Nos últimos anos, trabalhou especialmente com o espanhol Fernando Trueba, em El embrujo de Shanghai (2002), por exemplo, e com Bertrand Tavernier, com quem colaborou desde os anos 70 e de quem era amigo – com Laissez-passer ganhou em 2002 o Urso de Prata em Berlim para melhor banda sonora.
O cinema tornou-se o seu trabalho e foi o acaso que fez com que tomasse esse caminho, explicava ao Le Monde em 2006. O que queria era ser compositor num sentido mais amplo. "Percebi cedo que seria difícil e os filmes salvaram-me. A música para filmes é um aspecto do meu trabalho, mas não é o único. Escrevi nove óperas, vários oratórias e um quinteto em Janeiro de 2005. Estou a reencontrar-me com as ambições de outros tempos, quando tinha 35 anos e podia escrever cinco a dez obras por ano", contava nessa entrevista
“A sua música deu uma identidade imortal, uma alma invisível a filmes míticos”, disse em comunicado Fleur Pellerin, ministra da Cultura francesa. “Foi um compositor apaixonado pela música: ecléctico, curioso e que compunha com a mesma alegria óperas ou canções.”