Três casos bicudos no currículo de um disciplinador
Bosingwa, Ricardo Carvalho e Danny acabaram por ser afastados prematuramente pelo seleccionador.
Foi 2011 o ano de Paulo Bento mostrar quem mandava na selecção. Mês de Fevereiro, primeiro visado: Bosingwa. O então lateral direito do Chelsea terá simulado uma lesão durante um jogo particular com a Argentina, quando percebeu que não ia ser titular, e assinado nessa altura a sua sentença: não voltou a ser convocado para a equipa nacional.
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Foi 2011 o ano de Paulo Bento mostrar quem mandava na selecção. Mês de Fevereiro, primeiro visado: Bosingwa. O então lateral direito do Chelsea terá simulado uma lesão durante um jogo particular com a Argentina, quando percebeu que não ia ser titular, e assinado nessa altura a sua sentença: não voltou a ser convocado para a equipa nacional.
Com pequenas nuances, a cena havia de se repetir, em Agosto do mesmo ano, quando Ricardo Carvalho percebeu, pela disposição dos jogadores no treino, que a titularidade lhe ia fugir das mãos. O central não chegou sequer a viajar com a selecção para Chipre e abandonou o estágio na viatura pessoal sem dar qualquer tipo de explicações, informou na altura a Federação Portuguesa de Futebol, numa nota publicada no site oficial: “O jogador internacional português, Ricardo Carvalho, ausentou-se, nesta quarta-feira, do estágio da Selecção Nacional - Clube Portugal, por iniciativa própria e sem comunicar essa ausência à direcção da Federação Portuguesa de Futebol ou ao seleccionador nacional. Como tal, não viajará com a restante comitiva para Nicósia, onde a equipa das quinas realiza, nesta sexta-feira, o seu sexto jogo na fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2012.”
A novela da indisciplina não estava encerrada. Ainda antes de conseguir o apuramento para o Europeu realizado na Polónia e na Ucrânia, Paulo Bento lidava com a suposta "rebeldia" de Danny, que no início do mês de Outubro, em vésperas da concentração da selecção nacional para a operação Islândia e Dinamarca do Euro2012, alegou “incontornáveis razões de ordem pessoal” para não comparecer.
Contradição: o avançado do Zenit aparecia dias depois no campeonato russo em condições físicas aparentemente normais. Num discurso rígido, o treinador comentava dias depois o caso que disse ter uma resolução “simples”: “Ele enviou um fax para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a pedir dispensa por motivos pessoais. A FPF acedeu e, a partir daí, deixou de ser uma situação que nos diga respeito”, justificou Paulo Bento. Conclusão: o avançado não voltou à equipa e foi substituído por Varela.
Já depois de garantir o apuramento para o Europeu realizado na Polónia e na Ucrânia, Paulo Bento procurava pôr uma pedra no assunto. Resposta para Bosingwa: “Um jogador não pode, não deve, em nenhuma circunstância, simular uma lesão para não jogar por uma selecção nacional. Cada um tem que assumir os seus erros.”
Um pedido de desculpas poderia reverter a decisão, questionavam na altura os jornalistas: “Não há pedidos de desculpas que resolvam. Vão ver o Euro como espectadores…,” rematou o seleccionador, coerente com a filosofia de tolerância zero. Tudo porque entende, como declarou numa entrevista à SIC Notícias em 2009, que “sem disciplina, dificilmente uma equipa ganha".