Ébola ameaça existência da Libéria, diz ministro liberiano
Há 4239 pessoas doentes e 2296 mortes devido ao vírus. Na Libéria, que está na pior situação, os números estão subestimados, garante a Organização Mundial da Saúde.
“Vim para cuidar de mim, mas eles disseram-me que não há mais lugares. Tenho uma dor de cabeça e febre. Vou voltar para casa”, disse à agência AFP um doente não identificado, junto de um centro de tratamentos, em Monróvia, a abarrotar de doentes.
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“Vim para cuidar de mim, mas eles disseram-me que não há mais lugares. Tenho uma dor de cabeça e febre. Vou voltar para casa”, disse à agência AFP um doente não identificado, junto de um centro de tratamentos, em Monróvia, a abarrotar de doentes.
Ainda nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que nas próximas três semanas iriam surgir milhares de novos pacientes com ébola na Libéria. O surto surgiu na Guiné-Conacri em Dezembro de 2013, e desde aí já se espalhou para a Libéria, a Serra Leoa, a Nigéria e o Senegal, com apenas um caso confirmado.
Na terça-feira, ao final do dia, a OMS actualizou o número desta epidemia: 4239 pessoas já foram infectadas e 2296 morreram. Segundo a agência Reuters, em apenas um dia o número de mortos foi quase de duas centenas. Só na Libéria, já morreram 1224 pessoas.
“A Libéria está a enfrentar uma séria ameaça à sua existência nacional. O vírus mortal do ébola causou a disrupção do funcionamento normal do nosso Estado”, disse Brownie Samukai, ministro da Defesa Nacional, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta terça-feira.
A OMS tinha explicado que era necessário triplicar ou quadruplicar a resposta ao ébola na Libéria, onde 14 dos 15 municípios foram atingidos pela doença que é, para já, incurável.
Na capital, as pessoas têm medo de apanhar a doença. “Emmanuel, não saias de casa hoje. Assegura-te que ninguém entra”, disse Kluboh Johnson, uma mulher de 45 anos, falando com o filho, antes de ir para o trabalho. “Tenho medo. O que se faz agora? Vamos morrer?”, desabafou a mulher, à AFP.
A OMS garante que a proporção da epidemia está, por agora, subestimada. “Sabemos que os números estão subestimados”, disse Sylvie Brian, directora do Departamento de Doenças Epidémicas e Pandémicas da OMS, numa conferência de imprensa em Genebra. “Estamos a trabalhar para estimar o grau de desconhecimento. É uma guerra contra o vírus. É uma guerra muito difícil. O que tentamos agora é ganhar algumas batalhas nalguns locais.”
Boas notícias no Senegal
Cerca de 60% das mortes na Libéria ocorreram nas últimas três semanas, enquanto na Guiné-Conacri e na Serra Leoa apenas 29% das mortes ocorreram durante a mesma altura, o que mostra que o combate ao surto está a ser mais eficaz naqueles dois países.
Na Nigéria, os casos de ébola desceram de 22 para 21 pessoas, já que uma pessoa suspeita de ter a doença afinal não tinha contraído o vírus.
Já no Senegal, o estudante de 21 anos com ébola que fugiu da Guiné-Conacri para aquele país está curado. “Fizemos um primeiro teste ao sangue na sexta-feira e um segundo 48 horas depois e ambos deram negativo”, disse Papa Amadou Diack, director de saúde do Senegal, à Reuters. “Isto é uma muito boa notícia para o paciente e para o país.”
Das 67 pessoas que estão a ser monitorizadas no Senegal, por terem tido algum contacto com o rapaz, 33 estão sob quarentena e suspeita-se que duas estejam doentes, embora ainda não se tenha confirmado que tenham contraído o ébola.