Medicamento veterinário para bovinos está a dizimar os abutres

Coligação de organizações não governamentais lança alerta.

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O Dia Internacional dos Abutres que se comemora em vários locais do mundo no primeiro sábado de Setembro, foi este ano dedicado ao declínio das aves necrófagas e também algumas espécies de águias que morrem envenenadas, por ingerirem carne de bovino contaminada por um medicamento veterinário (diclofenac).

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O Dia Internacional dos Abutres que se comemora em vários locais do mundo no primeiro sábado de Setembro, foi este ano dedicado ao declínio das aves necrófagas e também algumas espécies de águias que morrem envenenadas, por ingerirem carne de bovino contaminada por um medicamento veterinário (diclofenac).

O alerta foi lançado em Portugal por uma coligação de organizações não governamentais (ONG) em que participa a SPEA, LPN, Quercus, FAPAS, ALDEIA, ATN e CEAI.  

Estas organizações ambientalistas aproveitaram o Dia Internacional do Abutre, para “consciencializar” a opinião pública portuguesa dos perigos que afectam as diferentes espécies de aves necrófagas. A utilização do diclofenac veterinário no tratamento de bovinos como anti-inflamatório, “já causou o desaparecimento de 99% dos abutres no sul da Ásia”, referem as ONG, frisando que se trata de uma substância “extremamente tóxica” para os abutres, causando a sua morte por falência renal.

Este fenómeno está a espalhar-se pela Europa, onde existem quatro espécies de abutres. Em Portugal vivem, o britango, “em perigo de extinção”, o abutre-preto, “criticamente em perigo”, e o grifo, “quase ameaçado”. São espécies que podem ser encontradas em regiões do interior, junto à fronteira, e têm uma importante função sanitária nos ecossistemas. “Estas aves limpam os campos de cadáveres de animais selvagens e domésticos, de um modo rápido e eficiente, e a custo zero” realçam os ambientalistas.

Estudos recentes demonstram que as grandes águias também são vítimas de envenenamento pelo diclofenac. Foram encontradas águias-das-estepes mortas na Índia com resíduos deste medicamento. Estas águias são do mesmo género da águia-real e da águia-imperial, que se encontram em perigo de extinção no nosso país. Os cientistas receiam que as aves deste género possam ser susceptíveis a esta substância tóxica, temendo-se o seu declínio no continente europeu, acontecendo o mesmo com espécies de abutres como britango, que se encontra “em perigo”, o abutre-preto tem classificação “Quase em perigo” e importantes populações de grifo e quebra-ossos.

Existem 21 espécies de abutres no mundo, cinco delas podem ser encontrados no continente americano. Outros 16 estão distribuídos por toda a África, Europa e Ásia. Dos chamados “abutres do Velho Mundo”, 75% estão globalmente ameaçadas ou quase ameaçadas” alertam as ONG,s.  

Desde 1996, que a União Europeia e os governos nacionais investiram “recursos significativos” na conservação dos abutres, tendo havido pelo menos 67 projectos dedicados à conservação destas aves. Entre 2008 e 2012, nove projectos de conservação de abutres receberam 10,7 milhões de euros. Todos os esforços de conservação serão inúteis se o uso do diclofenac veterinário se tornar generalizado.

Com efeito, tanto em Espanha como em Itália, “áreas importantes para a população europeia de abutres e águias, o diclofenac veterinário é já comercializado legalmente”, apesar de existirem outros produtos alternativos. Perante estas condicionantes, a BirdLife International e a Vulture Conservation Foundation, em conjunto com organizações nacionais, “juntaram esforços para organizar uma campanha com o intuito de banir o uso de diclofenac veterinário na Europa e a sua substituição pelas alternativas que existem” assinalam as ONG,s. 

Em Portugal, as organizações ambientalistas estão a tentar sensibilizar as autoridades responsáveis pela conservação da natureza e do medicamento veterinário, para impedir a legalização do diclofenac no nosso país.