Sucedem-se as denúncias de “irregularidades“ nos cadernos eleitorais do PS-Coimbra
Candidato à distrital de Coimbra, apoiante de António Costa, fala de “promiscuidade” e acusa Comissão Organizadora do Congresso de favorecer o seu adversário. Presidente da COC refuta críticas.
“Nos cadernos eleitorais há militantes que não deviam constar, porque não estão em condições de votar e foi por isso que a COC para a distrital de Coimbra não mos facultou, ao contrário do que aconteceu com o meu adversário [apoiante de António José Seguro], que três dias depois de terminar o prazo para a regularização das quotas já os tinha na sua posse”, revela Mário Ruivo ao PÚBLICO.
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“Nos cadernos eleitorais há militantes que não deviam constar, porque não estão em condições de votar e foi por isso que a COC para a distrital de Coimbra não mos facultou, ao contrário do que aconteceu com o meu adversário [apoiante de António José Seguro], que três dias depois de terminar o prazo para a regularização das quotas já os tinha na sua posse”, revela Mário Ruivo ao PÚBLICO.
Cristina Martins, ex-coordenadora da secção do PS da Sé Nova, entretanto expulsa do partido por ter denunciado, em 2011, o caso de falsos militantes com moradas que não existem ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra, assegurou ao PÚBLICO que nos “cadernos eleitorais constam militantes com dados falsos, outros que são militantes sem terem sido filiados, outros ainda que foram retirados de uns cadernos para outros por que passaram a pertencer a outra concelhia de um momento para o outro”.
Afastando irregularidades, a presidente da COC, Lurdes Castanheira, declara que o processo eleitoral decorre com “todo o rigor, transparência e seriedade” e diz que “o regulamento não permite que os candidatos tenham acesso aos cadernos eleitorais”.
Em conferência de imprensa, a também presidente da Câmara de Góis, que estava acompanhada do líder da mesa da comissão política de federação, José Silva, mostrou-se desgastada com “algumas insinuações" feitas por militantes e garantiu que a comissão geriu o processo dentro das suas competências, pelo que não podia facultar os cadernos como pretendia o candidato Mário Ruivo, que já liderou a distrital socialista”.
E às críticas que têm sido levantadas por vários militantes responde: “Todos os militantes da COC são pessoas que têm pautado a vida pela correcção, honestidade e seriedade". “Nenhum de nós vai agora a votos”, frisa.
Apoiante de António Costa, Mário Ruivo nega que haja transparência neste processo e acusa a COC de ter impedido que a sua candidatura estivesse representada na Comissão Organizadora do Congresso. Censura ainda o facto de, na conferência de imprensa, estar presente José Silva e diz: “Tudo isto é uma promiscuidade e só por pudor é que não esteve também presente o líder da distrital, Pedro Coimbra”.
A presidente da COC rejeita a acusação e explica que o presidente da mesa da comissão política de federação é quem convoca as eleições.
José Silva reconheceu existirem “alguns pormenores” que possam ter deixado insatisfeitos os dois candidatos, mas também lembrou que isso é "recorrente" em todos os actos eleitorais.
“Querem passar a ideia de que o PS em Coimbra é um faroeste e esse tipo de notícias deixam-me terrivelmente ofendido. Tenho dezenas de anos de militância e por mim nunca passou nenhuma ficha falsa nem pagamento de quotas. Mas defendo também que todos os actos irregulares devem ser punidos", declarou.
O caso dos militantes fantasma no PS de Coimbra foram alvo de uma providência cautelar por parte do ex-deputado socialista António Campos e o processo encontra-se para despacho do juíz.