Comissão Juncker com mais equilíbrio entre famílias políticas
Conservadores têm 12 comissários, sociais-democratas oito e liberais cinco. Entre as novas pastas está a do Crescimento.
O site Euroactiv teve acesso a uma lista com a data de 2 de Setembro que mostra algumas alterações em relação à comissão cessante de Durão Barroso. A lista que não é a final, sublinha o site, indicando que Juncker está ainda na fase de conversas com os indicados pelos países.
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O site Euroactiv teve acesso a uma lista com a data de 2 de Setembro que mostra algumas alterações em relação à comissão cessante de Durão Barroso. A lista que não é a final, sublinha o site, indicando que Juncker está ainda na fase de conversas com os indicados pelos países.
Entre as pastas que desapareceram deste documento estão das do Alargamento e do Mercado Interno, enquanto a Agenda Digital foi substituída por um vice-presidente para o Digital e a Inovação e um comissário para a Internet e Cultura. Há seis vice-presidentes (na última comissão Barroso eram cinco), entre os quais um para a União Energética (mantendo-se o comissário para a energia e o clima) e outro para “Melhor Regulação”.
Parece ter sido afastado o problema que era a pouca presença feminina na nova comissão – o Parlamento Europeu já tinha deixado claro que vetaria uma comissão com poucas mulheres. A de Barroso tinha nove, até agora Juncker parece ter conseguido o mínimo com o último nome a ser anunciado, o de Marianne Thyssen (a escolha belga estava dependente de complexas negociações de cargos de Governo), política conservadora flamenga. Thyssen é a oitava mulher a ser confirmada e há outros países com mulheres como hipótese entre vários candidatos cuja escolha depende da pasta que o país obtenha.
Um dos países em que a escolha do comissário está a provocar maior celeuma é o Reino Unido. O primeiro-ministro, David Cameron, tinha-se oposto publica e vigorosamente ao nome de Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão, e agora as coisas não lhe estão a correr bem – Juncker foi aceite e parece não estar a considerar para os britânicos as pastas que estes queriam. Cameron escolheu para comissário Jonathan Hill, speaker da Câmara dos Lordes, considerado uma figura de segunda linha (os tablóides britânicos escreveram que Juncker teria tido de recorrer ao Google para saber quem era Hill), mas ao mesmo tempo fez pressão para obter uma pasta importante da área económica.
Não terá conseguido: segundo os relatos na imprensa, Hill obteve a pasta da Energia e Alterações Climáticas. Não é de todo uma pasta menor, já que a política energética da União Europeia será chave para a reacção que possa ter perante a Rússia, com maior margem de manobra quanto menor for a dependência da energia de Moscovo. Mas não é claro se será suficiente para contentar Cameron, que já prometeu um referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia caso vença as eleições em 2017.
A Alemanha (Günther Oettinger, ex-comissário da Energia) ficou com a pasta do Comércio, que lhe poderá dar o controlo sobre o processo da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento com os Estados Unidos, conhecida como TTIP (na Alemanha o processo é visto com desconfiança).
França (Pierre Moscovici, ex-ministro das Finanças) deverá ficar com a Concorrência e a Finlândia (o ex-primeiro-ministro Jyrki Katainen) com a Economia e Assuntos Monetários. Entre os vice-presidentes, destaca-se o do Crescimento, União Económica e Monetária, Semestre Europeu e Diálogo Social, que ficou com o estónio Andrus Ansip (ex-chefe de Governo). Crescimento tem sido uma palavra chave para os países em crise, tendo sido pedido um especial enfoque nesta questão pela Itália e França.
O português Carlos Moedas (secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro) ficará com o Emprego e Assuntos Sociais.
De resto, o site nota que a comissão dá mais peso aos partidos de esquerda e do centro que perderam as eleições. Os conservadores terão doze lugares na comissão, os sociais-democratas oito, e os liberais cinco.
A comissão deverá ser revelada no início da próxima semana, e o Parlamento ouvirá os comissários e aprovará ou rejeitará a equipa. A entrada em funções está prevista para 1 de Novembro.