Trinta anos de prisão depois, o ADN inocentou dois meios-irmãos nos EUA
Henry Lee McCollum, de 50 anos, e o seu meio-irmão Leon Brown, de 46 anos, dois negros, foram acusados de ter violado e morto Sabrina Buie em 1983, na pequena localidade de Red Springs. Os dois homens, que “sofrem de grave deficiência mental”, eram adolescentes de 19 e 15 anos na altura em que foram presos.
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Henry Lee McCollum, de 50 anos, e o seu meio-irmão Leon Brown, de 46 anos, dois negros, foram acusados de ter violado e morto Sabrina Buie em 1983, na pequena localidade de Red Springs. Os dois homens, que “sofrem de grave deficiência mental”, eram adolescentes de 19 e 15 anos na altura em que foram presos.
A única prova apresentada contra eles foram “falsas confissões obtidas pela polícia”, referiram os advogados dos dois homens. O jovem McCollum, que disse nada saber do crime quando foi detido, assinou uma confissão após “cinco horas de intenso interrogatório”. Os dois foram condenados à morte em 1984, tendo a pena de Brown sido comutada para prisão perpétua. Durante os anos em que estiveram na prisão insistiram sempre na sua inocência.
O corpo de Sabrina Buie, de 11 anos, foi encontrado num descampado, juntamente com latas de cerveja e pontas de cigarros. Os testes de ADN conduziram a um novo suspeito, um homem que vivia a 100 metros do local onde foi encontrado o corpo da menina.
O suspeito, Roscoe Artis, actualmente com 74 anos, tinha violado e morto na mesma localidade uma jovem de 18 anos, Joann Brockman, cujo corpo também foi encontrado num descampado, menos de um mês depois de morte de Sabrina Buie. O homem, que está a cumprir uma pena de prisão perpétua, nunca foi sequer interrogado sobre o caso da menina de 11 anos.
“É horripilante constatar que o nosso sistema judicial deixou dois rapazes deficientes mentais irem para a prisão por um crime que não cometeram e sofrerem durante 30 anos atrás das grades”, disse Ken Rose, advogado do Center for Death Penalty Litigation, em Durham, na Carolina do Norte, que representou McCollum durante 20 anos.
A organização Innocence Project já contabilizou 317 condenados que foram inocentados por testes de ADN nos Estados Unidos, incluindo 18 que estavam no corredor da morte. Cerca de 70% são negros.