Coliseu ficou sem direcção e ainda não tem solução para falta de verbas
José António Barros renunciou definitivamente à presidência dos Amigos do Coliseu. Sócios têm até 17 de Setembro para definir listas para a associação.
O desfecho foi o que se anunciava desde o início da assembleia Geral – que começara a no dia 7 de Junho e fora suspensa, sendo adiada para ontem. Na falta de uma solução que resolva o défice de receitas de financiamento do Coliseu, o presidente da associação, José António Barros, não só não está, como avisara, disponível para um novo mandato, como acabou por renunciar ao cargo, acto no qual foi acompanhado por todos os elementos da direcção, da mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.
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O desfecho foi o que se anunciava desde o início da assembleia Geral – que começara a no dia 7 de Junho e fora suspensa, sendo adiada para ontem. Na falta de uma solução que resolva o défice de receitas de financiamento do Coliseu, o presidente da associação, José António Barros, não só não está, como avisara, disponível para um novo mandato, como acabou por renunciar ao cargo, acto no qual foi acompanhado por todos os elementos da direcção, da mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.
Os três sócios de referência – o Estado, representado pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), a Câmara do Porto e o Conselho Metropolitano do Porto – têm agora até dia 17 de Setembro, data marcada para o recomeço da reunião da assembleia, que deverá eleger os novos órgãos sociais, para encontrar quem queira assumir a instituição. Esta registou em 2013 um prejuízo de 129 mil euros e está a ter este ano "metade dos espectáculos que tinha conseguido angariar no pior" destes 18 anos de gestão por parte dos “Amigos”, alerta o também vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa.
O director regional de Cultura do Norte, António Ponte, que representou a SEC nesta assembleia, disse ao PÚBLICO que pediu o adiamento da reunião até dia 17 porque o secretário de Estado espera até essa data resolver não apenas o problema da lista para os órgãos sociais, mas também apresentar a solução para as dificuldades financeiras do Coliseu.
Na sessão desta tarde, José António Barros voltou a insistir na necessidade de alterar as condições de funcionamento das várias salas do Porto. “Não estamos em concorrência aberta. Há espaços, subsidiados, que competem connosco pelo aluguer de sala a preços que nós, sem apoios, não conseguimos praticar”, afirmou. E gorada, por impedimento legal, a hipótese tentada pelo conselho metropolitano, em Julho, de subsidiar o Coliseu, outra solução terá de ser encontrada.
Para o gestor, a única forma de garantir uma concorrência sã passa por uma “gestão em rede” dos equipamentos, e pela sua especialização nas áreas para as quais, na sua perspectiva, estão vocacionados: O teatro (no caso do Rivoli), a produção própria de música (no caso da Casa da Música), e o acolhimento de espectáculos (no caso do Coliseu). Quando a Casa da Música tem mais alugueres de sala do que produções próprias, "está tudo dito”, insistiu. Ao final da tarde, o PÚBLICO tentou, sem sucesso obter uma reacção da Casa da Música a estas declarações.
Como fundadores, a Área Metropolitana do Porto, a Câmara do Porto e a Secretaria de Estado da Cultura indicam, cada uma, um dos vogais da direcção e, rotativamente, o presidente. José António Barros, que foi eleito para o cargo representando sucessivamente as três entidades, considera que estas, detendo este poder no Coliseu e responsabilidades, embora diferentes, nas outras salas, têm de ser responsáveis por uma solução que mantenha a funcionar “a Opera House do Porto - como é conhecida nas revistas da especialidade inglesas”, assinalou. “Qualquer cidade europeia gostaria de ter uma sala destas, que está ao nível de um Liceu de Barcelona”, acrescentou, frisando que o que está em causa é um apoio, tripartido, que pode chegar aos 200 mil euros.
Da sua própria produção, o Coliseu mantém este ano apenas a ópera Rigoleto, que estará em palco em Novembro, e o Monumental Circo, em Dezembro. José António Barros mostrou-se triste com a suspensão dos concertos Promenade, que, tal como a ópera, são deficitários, mas eram cobertos pelas receitas do aluguer de sala. Mas ao mesmo tempo espera que este acto de gestão, que visa não prejudicar ainda mais as contas da instituição, chame a atenção dos responsáveis.
O ex-presidente dos Amigos do Coliseu frisa que este tem sido um serviço público prestado pelo Coliseu à região, que já chegou a mais de 200 mil crianças ao longo dos anos. Com o seu caracter informal, estes concertos aos domingos de manhã têm tido um público fiel, e a associação vem premiando uma das crianças que, todos os anos, assiste a todos os espectáculos com um instrumento de concerto, lembrou o associado 25 desta organização.
A associação dos Amigos do Coliseu conta hoje com 2648 sócios pagantes, num total de mais de 5600 inscritos. “Esta é, depois do Futebol Clube do Porto, a entidade com mais associados”, insistiu o vice-presidente da CIP, defendendo o mérito da fórmula encontrada para gerir o Coliseu desde que, há 18 anos, a cidade impediu que o edifício, então à venda, se tornasse num templo da Igreja Universal do Reino de Deus.