Apoiantes de Costa querem primárias para eleger candidato às regionais de 2015
Líder do PS-Madeira, indefectível de Seguro, recusa seguir proposta do secretário-geral.
Indefectível de António José Seguro, o líder do PS-Madeira rejeita categoricamente concretizar nesta região o modelo que o secretário-geral adoptou a nível nacional, quando António Costa anunciou a sua candidatura à liderança do partido.
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Indefectível de António José Seguro, o líder do PS-Madeira rejeita categoricamente concretizar nesta região o modelo que o secretário-geral adoptou a nível nacional, quando António Costa anunciou a sua candidatura à liderança do partido.
“O PS-Madeira tem estatutos próprios, autonomia política e financeira e não depende em nada de Lisboa”, assegura Victor Freitas, acrescentando que, se não fosse Seguro, “não haveria nem primárias nem congresso” a nível nacional. Quanto ao PS regional, lembra que tem congresso marcado para Janeiro de 2016, altura em que “quem quiser pode apresentar-se como candidato”.
“A ambição de qualquer líder do PS-Madeira é governar a região”, justifica Victor Freitas. Nesse objectivo conta com o apoio de Seguro que, no congresso regional realizado em Janeiro, garantiu que o seu apoiante será “um grande presidente do governo regional".
Provocando alguma celeuma, Carlos César, o mandatário de Costa que acompanhou o candidato na deslocação à Madeira, defendeu, numa entrevista ao Diário de Noticias funchalense, que o candidato do PS-M à chefia do governo regional terá, para merecer a confiança dos madeirenses, de ser “um politico de saberes adquiridos e experienciados, mas que seja conhecedor do mundo empresarial, da gestão das finanças publicas e com elevada sensibilidade social”.
E, numa referência que igualmente exclui Freitas da corrida, assegurou que dominar o aparelho partidário não chega para ganhar o governo. “Os apparatchik são hoje um factor de doença dos partidos políticos e de definhamento da capacidade partidária de persuasão na democracia portuguesa”, frisou o ex-presidente dos Açores.
Freitas reagiu energicamente a esta “intromissão” que classificou de “ofensa a todos os militantes” socialistas desta região. “César pode ainda mandar nos Açores, mas na Madeira não manda nem governa”, ripostou.
Intervenientes no jantar que reuniu cinco centenas de madeirenses apoiantes de Costa, o lider parlamentar socialista, Carlos Pereira, e o ex-secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, preconizam que a Madeira siga o “ exemplo pioneiro que o PS trouxe à vida pública portuguesa” para a escolha do candidato a presidente do governo regional. “Há hoje um divórcio enorme entre eleitores e eleitos e a forma de esbater essa distância está na aproximação, no envolvimento das pessoas no processo de decisão”, frisa Trindade.
No jantar, realizado segunda-feira, António Costa garantiu que a construção de uma alternativa política na Madeira que desaloje o PSD do poder será "uma prioridade" se vencer as primárias. "Podem contar comigo e com a próxima direcção do PS para que a construção de uma alternativa na Madeira e a construção de um novo governo regional da Madeira assente no PS será, para nós, uma prioridade política", declarou.
"A Madeira está num momento histórico de viragem. Ao fim de largas dezenas de anos, a Quinta Vigia vai mudar de inquilino", declarou o candidato à liderança nacional do PS, no Parque de Santa Catarina, próximo da residência oficial de Alberto João Jardim. Numa crítica ao governante madeirense, Costa considerou ser tempo de "encerrar a época do conflito", acrescentando que "a implosão interna no PSD Madeira é um sinal claro de que vai haver uma mudança política".