O que fazer com o edifício onde Hitler nasceu?

A antiga estalagem de Braunau-Am-Inn ficou devoluta há três anos. As autoridades locais pagam uma renda de quatro mil euros para impedir que o edifício entre na posse de organizações ou indivíduos de extrema-direita.

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A antiga estalagem onde Hitler nasceu em 1889 DR

Devoluto há três anos, desde o encerramento do pub Gasthaus zur Pommer, o edifício foi nessa altura alugado pelas autoridades públicas locais que, desde então, pagam aos proprietários uma renda mensal de quatro mil euros de forma a impedir que o espaço possa vir a ficar nas mãos de organizações ou particulares de extrema-direita. São essas mesmas autoridades que, agora, têm em discussão o destino a dar à propriedade, com o anúncio de uma decisão final previsto para as próximas semanas.

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Devoluto há três anos, desde o encerramento do pub Gasthaus zur Pommer, o edifício foi nessa altura alugado pelas autoridades públicas locais que, desde então, pagam aos proprietários uma renda mensal de quatro mil euros de forma a impedir que o espaço possa vir a ficar nas mãos de organizações ou particulares de extrema-direita. São essas mesmas autoridades que, agora, têm em discussão o destino a dar à propriedade, com o anúncio de uma decisão final previsto para as próximas semanas.

Segundo o diário israelita Haaretz, a ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, decidiu apoiar a ideia do historiador Andreas Maislinger de criar uma “casa de responsabilidade”, no entanto, esta não é a única ideia na mesa. Há, por exemplo, quem proponha a criação de um centro de acolhimento aos imigrantes que Hitler desprezava, mas também quem prefira a rasura absoluta da história, defendendo a transformação do espaço num condomínio de apartamentos de luxo – exactamente como foi feito em Lisboa com a antiga sede da PIDE/DGS na rua António Maria Cardoso, no Chiado.        <_o3a_p>

“O desejo de não querer ter nada a ver com Hitler é completamente compreensível. Mas não funcionaria”, disse Andreas Maislinger ao diário britânico The Times. Para o historiador, é impensável que se possa permitir a hipótese de, um dia, um casal de extrema-direita viver ali com um filho a que decidam chamar Adolf. “O que aconteceria?”<_o3a_p>

Juntando-se a Johanna Mikl-Leitner, Branko Lustig, o produtor de Hollywood de origem judaica por detrás de filmes como A Lista de Schindler, já prometeu apoio financeiro ao projecto. "Isto torna cada vez mais difícil aos opositores levantar objecções à ideia do museu”, escrevei a revista alemã Bild, citada pelo Haaretz. “A casa só perderá o seu apelo para esse tipo de pessoas [neonazis] quando se erger como claro símbolo contra o nazismo”, disse Maislinger citado tanto pelo Times como pelo Haaretz.<_o3a_p>

Também a presidência da câmara local, inicialmente contra este projecto, por considerar que continuaria a estigmatizar a cidade, começa a aproximar-se da ideia. “É um tema difícil. Mas o princípio por detrás de uma ‘casa de responsabilidade’ não é mau”, cita o Times. <_o3a_p>

Hitler viveu na estalagem de Braunau-Am-Inn apenas algumas semanas após o nascimento a 20 de Abril de 1889. No entanto, 125 anos depois a cidade continua a viver à sombra desse evento. Há anos, por exemplo, que as autoridades locais vêm proibindo casamentos no dia do aniversário do Führer – desde que um neonazi local tornou públicos os seus planos de se casar nesse dia.     <_o3a_p>