Putin diz que é preciso discutir a criação de um estado no Leste da Ucrânia
União Europeia ameaça Rússia com mais sanções dentro de uma semana.
Este domingo, foram emitidas na televisão russa declarações de Vladimir Putin, feitas numa entrevista gravada na sexta-feira, em que este diz que "é preciso começar imediatamente conversações substantivas sobre as questões da organização política da sociedade e da condição de estado do Sudeste da Ucrânia, com o objectivo de proteger os interesses legítimos das pessoas que lá vivem", segundo a agência AFP.
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Este domingo, foram emitidas na televisão russa declarações de Vladimir Putin, feitas numa entrevista gravada na sexta-feira, em que este diz que "é preciso começar imediatamente conversações substantivas sobre as questões da organização política da sociedade e da condição de estado do Sudeste da Ucrânia, com o objectivo de proteger os interesses legítimos das pessoas que lá vivem", segundo a agência AFP.
Foi a primeira vez que o chefe de Estado russo se referiu publicamente à hipótese de criação de um novo Estado na região dominada pelos separatistas, que chamou pelo nome de "Novorossiya", ou Nova Rússia. As palavras de Putin estão a ser lidas como uma forte pressão sobre o Governo de Kiev para que acabe a sua campanha militar contra os rebeldes e aceite as suas reivindicações, nomeadamente a auto-determinação dos territórios das províncias de Donetsk e Lugansk, que forma a região de Donbass.
No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, já veio clarificar as declarações do Presidente, dizendo que Putin acredita que as áreas rebeldes devem manter-se no território ucraniano. "Este é um conflito interno da Ucrânia, não um conflito entre a Ucrânia e a Rússia", notou Peskov.
A escalada da tensão na Ucrânia, onde no sábado já se abriam trincheiras, levou a União Europeia (UE) a endurecer a sua posição em relação à Rússia, que os aliados acusam de estar a fomentar a instabilidade e a violência no país vizinho. Reunidos numa cimeira para nomear o novo presidente do Conselho Europeu e a nova responsável pela diplomacia da União, os líderes europeus chegaram a acordo para um reforço das sanções dentro de uma semana, se a Rússia não recuar.
"Toda a gente está inteiramente ciente de que temos de agir rapidamente, dada a escalada no terreno”, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, no final do encontro. Também os líderes europeus, em comunicado, afirmaram que a UE “está pronta para dar passos significativos à luz da situação no terreno”. Pediram ainda à Comissão Europeia que avalie formas de aplicar sanções a pessoas e instituições que estejam a colaborar com os separatistas.
Nas comunicações que se seguiram à cimeira, os líderes da União Europeia não especificaram as sanções que podem vir a ser impostas à Rússia, que já foi alvo de medidas económicas dirigidas aos sectores militar, financeiro e de energia. Em resposta, Moscovo decidiu deixar de importar vários bens alimentares da Europa e EUA. Novas sanções económicas – e eventuais contra-sanções – terão impacto numa economia europeia que está a atravessar um momento de crescimento reduzido. Para os países que têm na Rússia um parceiro económico importante (como é o caso da Finlândia), estas batalhas económicas são particularmente penalizadoras.
No final do encontro, que durou sete horas, o primeiro-ministro português afirmou ser preciso “mostrar à Rússia que a União Europeia não acredita em soluções militares, mas que também não assobia para o lado". A postura da UE tem sido a de sublinhar que este conflito não deve ser resolvido com recurso às armas. Já o presidente francês, Francois Hollande, questionou: “Vamos deixar esta situação piorar até que conduza à guerra? Porque hoje há esse risco. Não há tempo a perder”.
Este sábado, enquanto os líderes europeus estavam reunidos, foram publicadas imagens que ecoam conflitos antigos em território europeu. Em torno da cidade portuária de Mariupol, próxima da Crimeia, estão a ser cavadas trincheiras, como forma de defesa contra os blindados dos separatistas.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, já tinha afirmado que o conflito estaria próximo de um “ponto sem retorno”, acusando a Rússia de ter tropas dentro da Ucrânia, algo que Moscovo nega.
Troca de prisioneiros
Entretanto, a Ucrânia e a Rússia chegaram a acordo e trocaram prisioneiros de ambos os países, de acordo com informação de agências noticiosas russas.
À Rússia regressaram dez paraquedistas que tinham sido capturados em território ucraniano, e que Kiev afirmou serem prova de incursões russas no país. Moscovo contrapôs que os militares tinham passado por engano uma zona não assinalada da fronteira. Para a Ucrânia voltaram 63 soldados.