Pulseiras da PSP para crianças vão servir para localizar doentes com Alzheimer

Depois do sucesso registado na localização e identificação de crianças desaparecidas, as pulseiras "Estou Aqui" deverão ficar à disposição das cerca de 110 mil pessoas com Alzheimer em Portugal.

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Além dos tele-alarmes, portadores de Alzheimer deverão poder usar as pulseiras da PSP em 2015 João Henriques/arquivo

“É uma medida que, pensamos, será muito relevante para os doentes com Alzheimer. Só ainda não conseguimos avançar este ano porque não foi ainda possível chegar a um consenso e porque temos de ter um orçamento maior. Isto é totalmente gratuito para as pessoas neste momento. Dependemos de patrocinadores. Mas o nosso objectivo é levar por diante o plano de alargar esta pulseira aos doentes com Alzheimer. No próximo ano, esperamos já estar a fazê-lo”, disse ao PÚBLICO o subintendente Paulo Flor, porta-voz da direcção nacional da PSP e também o responsável pela ideia de criar uma pulseira que pudesse facilitar a localização de uma criança perdida.

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“É uma medida que, pensamos, será muito relevante para os doentes com Alzheimer. Só ainda não conseguimos avançar este ano porque não foi ainda possível chegar a um consenso e porque temos de ter um orçamento maior. Isto é totalmente gratuito para as pessoas neste momento. Dependemos de patrocinadores. Mas o nosso objectivo é levar por diante o plano de alargar esta pulseira aos doentes com Alzheimer. No próximo ano, esperamos já estar a fazê-lo”, disse ao PÚBLICO o subintendente Paulo Flor, porta-voz da direcção nacional da PSP e também o responsável pela ideia de criar uma pulseira que pudesse facilitar a localização de uma criança perdida.

A grande alteração no funcionamento das pulseiras, que incluem informações gravadas sobre as crianças e apelam a quem as encontrar para que ligue para o 112 onde existe um registo de cada menor e dados sobre os pais, será a duração do seu uso. No caso das crianças, as pulseiras estão activas apenas durante dois meses no Verão. Já no caso dos doentes com Alzheimer, o desafio será usar a estrutura actualmente montada com as pulseiras dos menores para que funcionem durante todo o ano.

Para a vice-presidente da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, Leonor Guimarães, as vantagens que a pulseira irá representar para os doentes são “muitos importantes” e o seu uso “fundamental”. Actualmente, os familiares colocam pequenas pulseiras de prata com a identificação dos pacientes nos seus pulsos ou incluem as informações relativas à sua identidade nas suas roupas em pequenos bordados.

Porém, “isso não funciona muito bem porque os doentes são frequentemente roubados e levam-lhes esses adereços. A pulseira da PSP, não sendo de muito valor material, não cativará o interesse ao ponto de ser roubada”, apontou Leonor Guimarães.

A doença afecta cerca de 110 mil pessoas em Portugal, de acordo com os últimos dados da associação. “É uma doença que desgasta muito os familiares. O Governo deveria apoiar mais”, defende ainda a número dois daquela associação.

A pulseira “Estou aqui” foi criada em 2012. Desde então, o número de pulseiras distribuídas tem aumentado, tendo passado de 10 mil no primeiro ano, para 20 mil em 2013 e para as 30 mil que até agora, em 2014, foram fornecidas aos pais. Podem ser pedidas em qualquer esquadra do país, sendo a activação do pedido feita através da página da Internet do programa (https://estouaqui.mai.gov.pt), com o preenchimento de uma base de dados.

Este ano, as pulseiras podem ser utilizadas por crianças estrangeiras que visitam Portugal e por filhos de portugueses que façam férias em países da União Europeia, sendo que há 27 Estados-membros que têm uma ligação directa ao 112, número europeu de emergência.

Em caso de desaparecimento da criança e através de uma chamada para o 112, são accionados os mecanismos necessários de comunicação com as forças de segurança, que enviarão para o local do desaparecimento da criança uma patrulha. Ao mesmo tempo, a PSP agiliza, através da força de segurança envolvida, o contacto com o responsável pela criança, de acordo com os registos fornecidos durante a adesão ao serviço.

Este ano, segundo a PSP, ainda não se registou um caso de perda de uma criança que tivesse a pulseira. Mas, no ano passado, aquela polícia teve dois casos “de desaparecimento em que a pulseira foi útil. Numa questão de minutos, via 112, foi promovido um contacto célere, direccionado e objectivo com os pais da criança”, explicou ao PÚBLICO o subcomissário João Moura da Direcção Nacional da PSP. Esses casos ocorreram na praia da Manta Rota no Algarve e numa praia da Costa da Caparica.

“O ganho é que, ao encontrar uma criança sinalizada com a pulseira, através do código alfanumérico da mesma e via contacto 112 com a PSP, o operador tem acesso aos dados de registo que os pais, educadores ou tutores da criança inseriram. Os dados são única e exclusivamente geridos pela PSP nas suas centrais de emergência através do Número Europeu de Emergência (112). Em 28 Estados-Membro da Europa a pulseira está activa. Portanto, portugueses que viajam para o estrangeiro com as crianças podem e devem usufruir deste programa”, acrescentou ainda o subcomissário.