O regresso apoteótico de Kate Bush aos palcos
O primeiro concerto dos 22 marcados para o Eventim Apollo, em Londres, esta terça-feira, foi considerado um sucesso absoluto tanto pela crítica como pelo público. Dividido em três actos, teve três horas de duração, durante as quais se ouviram cerca de duas dezenas de canções
Alexei Petridis, crítico do Guardian, aponta que, “tendo em conta a forma tão determinada como foi controlando a sua carreira desde o início dos anos 1980”, este regresso só poderia acontecer se a cantora sentisse “que tinha algo verdadeiramente espectacular para oferecer”. Conclui depois: “Before The Dawn é mais um feito notável”. No Daily Telegraph, Bernadette McNulty escreve ter sido “arrebatador” ver a “imaginação de Bush, muitas vezes louca mas, ainda assim, maravilhosa, correr livremente depois de todo este tempo”. E Ben Ratliff, jornalista do New York Times, dava conta aos Estados Unidos de uma actuação “densa, catártica e física”.
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Alexei Petridis, crítico do Guardian, aponta que, “tendo em conta a forma tão determinada como foi controlando a sua carreira desde o início dos anos 1980”, este regresso só poderia acontecer se a cantora sentisse “que tinha algo verdadeiramente espectacular para oferecer”. Conclui depois: “Before The Dawn é mais um feito notável”. No Daily Telegraph, Bernadette McNulty escreve ter sido “arrebatador” ver a “imaginação de Bush, muitas vezes louca mas, ainda assim, maravilhosa, correr livremente depois de todo este tempo”. E Ben Ratliff, jornalista do New York Times, dava conta aos Estados Unidos de uma actuação “densa, catártica e física”.
Dividido em três actos, no decorrer dos quais foram apresentadas cerca de duas dezenas de canções, o concerto de quase três horas fez jus à tradição de Bush. Com o público em suspenso, sem que qualquer aparelho fosse erguido para filmar ou fotografar, tal como foi pedido pela própria e assegurado por seguranças zelosos, ouviram-se Hounds of love ou Running up that hill no primeiro acto, numa voz, escreve a crítica, intocada pela passagem do tempo. No segundo, Kate Bush interpretou The ninth wave, ciclo de canções que ocupa o lado B do álbum Hounds of Love, num cenário elaborado que envolveu a presença de helicópteros, ondas gigantes ou personagens assustadoras com cabeça de peixe-esqueleto – não se via nada “tão complexo” numa produção de palco de um concerto rock “desde o período áureo dos Pink Floyd”, lê-se no Guardian. O terceiro acto completou o espectáculo com outro ciclo de canções, Sky of Honey, do álbum de 2005, Aerial.
Entre os músicos e dançarinos, encontrava-se Bertie, o filho de 16 anos de Kate Bush, presente em palco durante a maior parte do concerto. É a ele que os fãs de Kate Bush mais devem agradecer o regresso. No programa do espectáculo, a cantora e compositora escreveu que foi o “entusiasmo e encorajamento” do filho que a fez vencer todos os receios iniciais e comprometer-se com a série de concertos iniciada esta semana.
Há um ano, seria quase tão improvável como uma reunião dos Beatles. Mas o regresso foi mesmo anunciado em Março deste ano, perante a estupefacção geral e o júbilo dos fãs. A cantora, tão famosa pelo percurso musical como pela aura de mistério que a rodeia, fruto da sua aversão à exposição mediática, voltou ao mesmo palco onde, em 1979, cumprira aquela que, até esta semana, fora a única digressão da sua carreira. Em 1979, a “digressão” numa sala só contemplou três datas. Em 2014, contaremos 22 concertos até 1 de Outubro, todos com lotação esgotada – os 77 mil bilhetes esgotaram 15 minutos depois de serem disponibilizados.
Kate Bush regressou inesperadamente e, três décadas e meia depois de explodir no cenário musical, estará mais presente nele do que nunca. Se não em influência na cultura popular, certamente nas tabelas de vendas. Esta semana, o top 100 britânico regista 11 álbuns da cantora. A compilação The Whole Story surge em 8.º lugar, Hounds of Love, editado originalmente em 1985, em 14.º, 50 Words for Snow (2011) e a estreia The Kick Inside (1978), em 32.º e 33.º, respectivamente.