Obama autoriza voos de vigilância sobre bases dos jihadistas na Síria
Missões são essenciais para preparar eventuais ataques contra Estado Islâmico. EUA ponderam como agir para evitar ficar do mesmo lado do regime sírio.
Segundo o Wall Street Journal, a luz verde à expansão das missões de vigilância sobre território sírio foi dada durante o fim-de-semana, numa confirmação de que a execução do jornalista norte-americano James Foley (e a ameaça que pende sobre outros americanos nas mãos dos jihadistas) forçou Barack Obama a alterar os cálculos em relação a um conflito que há três anos tenta evitar. Além de aviões não tripulados (drones), as missões coordenadas pelo Pentágono envolvem aviões furtivos U2, adianta o New York Times.
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Segundo o Wall Street Journal, a luz verde à expansão das missões de vigilância sobre território sírio foi dada durante o fim-de-semana, numa confirmação de que a execução do jornalista norte-americano James Foley (e a ameaça que pende sobre outros americanos nas mãos dos jihadistas) forçou Barack Obama a alterar os cálculos em relação a um conflito que há três anos tenta evitar. Além de aviões não tripulados (drones), as missões coordenadas pelo Pentágono envolvem aviões furtivos U2, adianta o New York Times.
Não é claro se as operações de vigilância estão já em curso, o que é certo é que Washington não planeia informar Damasco sobre os voos de reconhecimento, mesmo que o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio tenha avisado que a invasão do seu espaço aéreo ou eventuais ataques contra o seu território serão considerados “actos de agressão”. Walid al-Moallem diz, porém, que o regime sírio está “disponível para cooperar e coordenar os esforços regionais e internacionais na guerra contra o terrorismo”.
Washington descarta, no entanto, juntar forças a um regime que já repudiou – “este não é um daqueles casos em que o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, afirmou o vice-conselheiro nacional de segurança dos EUA, Ben Rhodes –, tanto mais que mesmo uma aliança de circunstância poderia alienar a comunidade sunita, que constitui a maioria dos que se rebelaram contra Assad e que, tanto no Iraque como na Síria, é vista como crucial para que os radicais possam ser derrotados. Da mesma forma, qualquer sinal de cooperação com Assad tornaria mais difícil a coligação regional que os EUA querem reunir contra o Estado Islâmico, reunindo países como a Jordânia, Arábia Saudita ou Turquia, que já se colocaram no campo oposto a Damasco.
Cálculos que, a par dos riscos (e das limitações) de uma campanha militar aérea, levam vários políticos em Washington a pedir cautela na hora de decidir uma intervenção, avisando para o perigo de o país ser arrastado para uma nova guerra, sem ter objectivos claros e correndo o risco de ser apanhado entre interesses opostos.
“Estamos inconscientemente a avançar para uma emboscada”, afirmou ao New York Times Frederic C. Hof, antigo responsável do Departamento de Estado envolvido na elaboração da política norte-americana para a Síria, avisando que em breve Washington poderá estar na “posição desconfortável” de estar a combater do mesmo lado de Assad enquanto a oposição moderada é engolida pelos jihadistas. Outros sublinham, no entanto, que o Estado Islâmico é já a segunda maior força da Síria e que, no caso de Damasco cair, seria ele a assumir o poder no país (ou em boa parte dele).
A Administração Obama espera, no entanto, que eventuais ataques contra os jihadistas possam reforçar a oposição moderada – que combate à vez as forças de Assad e os homens de Abu Bakr al-Baghdadi – e o Pentágono diz estar a estudar “um programa de longo prazo para treinar e equipar” o Exército Sírio Livre, adianta o NY Times.
Enquanto Obama pondera se deve, ou não, estender à Síria os ataques contra o Estado Islâmico, até agora limitados ao Norte do Iraque, os comandantes militares afirmam que os voos de reconhecimento são essenciais para o planeamento da operação, tanto mais que as secretas americanas admitiram já ter informações limitadas sobre a Síria.
O Wall Street Journal revela que, desde o ano passado, drones americanos fazem missões de reconhecimento ao longo da fronteira entre a Síria e o Iraque e, apesar de ter aumentado o número de voos, fornecem informações limitadas sobre as bases dos jihadistas na Síria. Os satélites têm também limitações, uma vez que não conseguem manter o mesmo território 24 horas por dia sob observação, o que é essencial no caso de serem lançados ataques.
E apesar de só agora ter sido dado uma ordem formal, esta não será a primeira vez que os drones americanos entram em espaço aéreo sírio, como revelou o próprio Pentágono na semana passada ao anunciar que operação lançada na noite de 3 de Julho para tentar resgatar Foley e outros reféns americanos envolveu, além de helicópteros BlackHawk, aviões de vigilância.