Em Lisboa há quem pague para tentar escapar
O primeiro “Escape Game” em Portugal foi inaugurado no início de Agosto, pelo investigador João Santos, de 30 anos e pela Marketing Manager Ana Mendes, de 32 anos
Lisbon Escape é o primeiro “live room escape game” em Lisboa e em Portugal. As pessoas entram numa casa antiga, histórica, a porta fecha e os "jogadores" têm uma hora para tentar sair, através da resolução de charadas.
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Lisbon Escape é o primeiro “live room escape game” em Lisboa e em Portugal. As pessoas entram numa casa antiga, histórica, a porta fecha e os "jogadores" têm uma hora para tentar sair, através da resolução de charadas.
A ideia para a criação do projecto surgiu quando João Santos e Ana Mendes estavam em Budapeste e participaram em diversos “Escape Games”. O facto de este tipo de actividade não existir em Portugal foi um ponto decisivo na tomada de decisão dos jovens, que trabalharam durante cinco meses até à inauguração, em Agosto, do primeiro “jogo de fuga” português.
Apesar de o jogo ser apenas isso, um jogo ficcional, ele está baseado em factos verdadeiros e históricos que mostram Lisboa, na década de 40, como uma misteriosa cidade de espiões. “No geral, podemos associar qualquer história ao jogo. Como Lisboa é uma cidade histórica antiga fomos procurar cronologias e mitos associados à cidade, nos últimos 100 anos e encontramos a dos espiões, que não é muito conhecida e se associa ao jogo. Os espiões têm de ter uma certa perspicácia, audácia e têm de estar sempre atentos aos pormenores”, explica João Santos ao P3 numa conversa telefónica.
A inspiração começou em Budapeste, mas só em Portugal é que se iniciou todo processo físico que conduziu à concretização do projecto. “Tivemos de encontrar o espaço ideal. A localização tinha de se relacionar com o tema e todo o complexo de pensar cada um dos puzzles, não foi um processo fácil. Depois do jogo mental, começou o trabalho de pormenor que tinha de ser feito a ponto de funcionar, ter alguma resistência e ser de fácil arrumação. Houve muito trabalho físico e de idealização”, conta João Santos.
Só um grupo conseguiu "fugir"
O desafio tem duas componentes, uma física, centrada em pequenos objectos e outra mental centrada na relação entre os objectos. “Para conseguirem sair da casa, as equipas têm de desenhar uma estratégia e trabalhar em conjunto, sendo que a cooperação e comunicação são essenciais para alcançar o objectivo”, afirma o investigador.
O investigador salienta que esta actividade ajuda a libertar o stress do dia-a-dia e a promover a criação de laços fortes de colaboração entre os colegas.
Originalmente os “Escape Games” eram jogos online, temos como exemplo o Crimson Room. Mas, de acordo com a The Escape Hunt Experience – Escape Room Games Worldwide, tornaram-se pela primeira vez reais, em 2007, num evento criado por Takao Kato, fundador da SCRAP Co. Takao Kato afirma no site da SCRAP que, este tipo de eventos, que levam as pessoas a participar em grupo, "tem atraído um grande número de pessoas e têm-se vindo a tornar muito populares". "Quando realizámos o primeiro evento em Quioto, no Japão, tudo o que tínhamos era um pequeno anúncio nos classificados de um jornal. Mas em pouco tempo, todos os ingressos foram vendidos”.
A "Lisbon Escape" está preparada para grupos de duas a cinco pessoas e sujeito a um custo mínimo de 40 euros, por grupo, de segunda a quinta-feira e de 49 euros, por grupo, de sexta-feira a domingo, independentemente do número de elementos. Para reservar basta seleccionar um horário disponível na tabela que se encontra no site, na secção de “Preços & Reservas” e seguir as instruções. Assim que a reserva ficar completa é enviada por e-mail, a confirmação com todas as informações adicionais sobre o pagamento e o jogo.
De entre cerca de 30 grupos, só um conseguiu sair no tempo desejado sem ajudas. “Fizemos um jogo desafiante. O objectivo é simples, atingi-lo é que envolve alguma complexidade. É preciso que os participantes tenham alguns instintos de sobrevivência, como muitos dos espiões em Lisboa tiveram de ter no seu tempo”.
Texto editado por Luís Octávio Costa