“Candidatos” ao título em Espanha gastam mais do que seis das dez melhores Ligas
Barcelona, Real Madrid e Atlético Madrid já desembolsaram 374 milhões de euros. Em conjunto, investiram mais do que os campeonatos francês, português, russo, ucraniano, holandês e belga juntos.
O campeonato espanhol arranca no sábado, com o Málaga-Athletic Bilbau a servir de pontapé de saída para a Liga mais cobiçada do mundo. Curiosamente, estarão frente a frente dois dos nove clubes da prova com um saldo positivo nas compras e vendas do actual defeso (de resto, o bascos apresentam o melhor resultado de todos, com 35 milhões de euros, fruto da saída de Ander Herrera para o Manchester United).
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O campeonato espanhol arranca no sábado, com o Málaga-Athletic Bilbau a servir de pontapé de saída para a Liga mais cobiçada do mundo. Curiosamente, estarão frente a frente dois dos nove clubes da prova com um saldo positivo nas compras e vendas do actual defeso (de resto, o bascos apresentam o melhor resultado de todos, com 35 milhões de euros, fruto da saída de Ander Herrera para o Manchester United).
É verdade que o Athletic foi quarto classificado em 2013-14, mas entre o quarto e os três primeiros a diferença é abissal. Basta ver que o somatório das verbas investidas pelos restantes 17 clubes da Liga espanhola em reforços (cerca de 114 milhões de euros), até à data, é inferior ao que já gastaram Barcelona (153) ou Real Madrid (120) sozinhos.
O actual campeão também tem feito um esforço adicional para reforçar a equipa nas últimas épocas. Em 2013-14, investiu 36 milhões de euros, depois de, em 2011-12, catapultado pela compra de Radamel Falcao ao FC Porto, ter atingido os 91,2. Agora, vai já nos 101,5 milhões de euros e pode não ficar por aqui.
E se na balança das compras os "colchoneros" quase medem forças com os dois gigantes espanhóis, no prato das receitas a história é outra. Na temporada passada, enquanto Real e Barça ultrapassaram a fasquia dos 500 milhões de euros de proveitos (550 e 509, respectivamente), o Atlético encaixou 147,5 — e o Almería, por exemplo, ficou-se pelos 23, no fundo da tabela.
A importância dos fundos
Um papel cada vez mais influente nesta política desportiva têm desempenhado os fundos de investimento. Mesmo com as autoridades a chamarem à atenção para a necessidade de regulação no mercado, certo é que o caminho a seguir passa pela entrada em cena de um parceiro capaz de assegurar financiamento externo.
Seja através da comparticipação no passe de um jogador ou da compra da totalidade dos seus direitos económicos, com vista a obter a valorização do activo no clube ao qual se associam, os fundos injectaram no futebol espanhol mais de 100 milhões de euros no Verão de 2013, segundo dados do El Confidencial Digital. A Liga de Fútbol Profesional, por seu lado, já se mostrou a favor destes investimentos, defendendo, através do seu presidente, Javier Tebas, que "evitarão o desaparecimento de clubes".
Embora o tema esteja longe de ser consensual (a Associação de Futebolistas Espanhóis é abertamente contra os fundos), este modelo de financiamento tem vindo a ganhar terreno. E adquire ainda mais peso num campeonato tão poderoso como o espanhol, que só encontra rival em matéria de gastos na Premier League (uma competição vedada à influência dos fundos).
Um dado revelador a propósito do desnível existente a nível europeu é o facto de Atlético Madrid, Real Madrid e Barcelona terem já alocado 374 milhões de euros a contratações, mais 48 do que as Ligas francesa (123 milhões), portuguesa (76), russa (73), holandesa (25,5), belga (16,5) e ucraniana (12) — todas elas do top 10 no ranking da UEFA — juntas. Ou, se quisermos outro termo de comparação, os três maiores clubes espanhóis desembolsaram mais neste mercado de Verão do que os 102 emblemas dos seis campeonatos citados.
É neste contexto de desequilíbrio que a Liga espanhola arranca no sábado para a sua 84.ª edição, com os predadores Real Madrid e Barcelona à procura de destronarem o super-Atlético da época passada.