O espectáculo dos The Knife não tem de continuar
Banda sueca anunciou que irá desmembrar-se em Novembro, após a última série de concertos da digressão Shaking the Habitual.
Pois bem, é altura de voltar a falar obsessivamente dos The Knife: a dupla formada em 1999 pelos irmãos Karin e Olof Dreijer anunciou numa entrevista que irá separar-se assim que terminar a última série de concertos da digressão Shaking the Habitual, a mesma que passou por Paredes de Coura mas em versão revista (e, dizem eles, melhorada).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Pois bem, é altura de voltar a falar obsessivamente dos The Knife: a dupla formada em 1999 pelos irmãos Karin e Olof Dreijer anunciou numa entrevista que irá separar-se assim que terminar a última série de concertos da digressão Shaking the Habitual, a mesma que passou por Paredes de Coura mas em versão revista (e, dizem eles, melhorada).
A história dos The Knife chegará portanto ao fim no próximo dia 9 de Novembro em Reiquejavique, na Islândia, data que encerra uma mini-tournée pelo Norte da Europa (o primeiro concerto é em Estocolmo, a 31 de Outubro, e seguem-se outros em Gotemburgo, Berlim, Manchester e Londres). É um fim inesperado: de um dia para o outro, os próximos concertos dos The Knife transformaram-se nos últimos concertos dos The Knife. A diferença entre o antes e o depois foi a entrevista que a banda enviou pelo correio ao site Dazed and Confused, muitos meses depois de lhe ter sido pedida: "Quando acabarmos a digressão em Novembro vamos fechar a banda, é a nossa última digressão. Não temos obrigação de continuar, isto tem de ser só e sempre por puro prazer", atirou Karin Dreijer logo na primeira resposta (a pergunta era se os últimos dois anos tinham revitalizado o interesse dos irmãos Dreijer no projecto). Entretanto, o porta-voz da banda confirmou que o anúncio era de facto para levar a sério e o site oficial oficializou o fim: "We're doing our last tour!", lê-se no cabeçalho.
Será uma despedida, informa a banda, mas uma despedida em grande – depois da polémica gerada pela primeira versão da digressão Shaking the Habitual (acusaram-nos de tudo, e não só em Portugal, onde o PÚBLICO os achou "discutíveis", o Jornal de Notícias "desconcertantes" e a Blitz "indecifráveis": de plágio descarado do azul fluorescente Avatar, de autismo em estado irremediavelmente avançado, de violação das mais elementares regras de respeito pelo público, no mínimo de mau gosto), os The Knife também passaram uns meses a encaixar o feedback maioritariamente negativo e remodelaram o espectáculo a tempo de o levar melhorado aos EUA, na Primavera deste ano. É com essa nova versão do espectáculo, "mais divertida, mais colorida e mais brilhante", que vão dizer adeus à carreira de sistemática desconstrução dos protocolos da música pop de que os concertos de Shaking the Habitual foram uma espécie de manifesto final, pondo o dedo na ferida do show business tal como o conhecemos e atirando para cima do palco tradicionalmente reservado aos fatos brilhantes de estrelas mais ou menos globais o vazio do playback e do anonimato.
Na mesma entrevista da Dazed and Confused em que decidiram oficializar o fim da banda, os irmãos Dreijer explicam que a remodelação da tournée tem em parte a ver com a avalanche de críticas com que os The Knife se debateram há um ano: "Algumas pessoas acharam-nos demasiado introvertidos, embora estejamos convencidos de que fomos tão claros e tão óbvios quanto possível. É um luxo ter tempo para recuar e mudar as coisas." O novo formato de Shaking the Habitual, dizem, é "mais inclusivo": "A noção de colectivo é mais evidente porque todos os bailarinos aprenderam a cantar e a tocar de facto os instrumentos", esclarece Olof.
Até aos últimos concertos, os The Knife andarão entretidos com o cabaré itinerante Europa Europa, um roadshow de protesto que percorrerá a Suécia até às eleições do próximo dia 14 de Setembro fazendo propaganda pró-imigração (com 75 artistas em palco e muita chuva de confetti, parece uma operação ainda mais aparatosa do que Shaking the Habitual, se é que isso é possível). Depois, Olof vai produzir o álbum da música tunisina Houwaida Hedfi, Karin deverá concentrar-se no seu projecto a solo, Fever Ray – e nós, enfim, lá teremos de arranjar outro assunto para animar o mês de Agosto do próximo ano.