Declarações de bastonário dos médicos são "desrespeitosas e irracionais", acusa embaixadora de Cuba
Johana Tablada critica posição de José Manuel Silva.
“Muito poucos questionam o contributo positivo deste acordo para o sistema de saúde em Portugal”, lê-se numa nota da embaixadora Johana Tablada, enviada à agência Lusa na noite de terça-feira, a propósito de declarações do bastonário da OM nas quais este exortava os sindicatos a exigirem ao Governo que pague a médicos portugueses o mesmo valor que paga aos cubanos.
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“Muito poucos questionam o contributo positivo deste acordo para o sistema de saúde em Portugal”, lê-se numa nota da embaixadora Johana Tablada, enviada à agência Lusa na noite de terça-feira, a propósito de declarações do bastonário da OM nas quais este exortava os sindicatos a exigirem ao Governo que pague a médicos portugueses o mesmo valor que paga aos cubanos.
O jornal i de terça-feira revelou a existência de um acordo entre Portugal e Cuba, em vigor desde 2009, para a contratação de clínicos para médicos de família em Portugal que, nos últimos seis anos, terá custado 12 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Já tínhamos ideia da dimensão dos valores, mas agora os documentos oficiais vêm confirmar o que a Ordem dos Médicos há muito diz. A Ordem não pode fazer nada. Continuará a criticar a opção do Governo e esperamos que os sindicatos exijam que o Governo remunere os médicos portugueses com o mesmo que paga por não especialistas cubanos”, afirmou José Manuel Silva à agência Lusa.
As declarações do bastonário indignaram a embaixadora cubana.
“Não sei a quem respondem as suas declarações nem quem deseja enganar. Mas estou convencida de que nada têm a ver com o impacto desta experiência nos locais onde estão colocados os nossos médicos, porque não há outros disponíveis para ocuparem esses lugares, que são, sobretudo, fora das principais cidades”, refere a nota da embaixadora.
“As suas palavras [José Manuel Silva] não reflectem o verdadeiro estado das relações existentes entre as instituições, os profissionais de saúde e o povo de Cuba e de Portugal. Por alguma obscura e turva razão que não alcanço, o senhor Silva parece responder a interesses que nada têm a ver com o bem-estar dos portugueses e dos cubanos e ignora deliberadamente a história dos acordos médicos entre Cuba e Portugal, uma história muito positiva que permitiu a Portugal oferecer, desde 2009, 1.316.225 consultas”, sublinha Johana Tablada.
Em 2014, os médicos cubanos viram e prestaram assistência qualificada e reconhecida em Portugal e no mundo a mais de 131.000 casos, observa.
Para a embaixadora, “não há nada a ocultar nem nada que envergonhe, porque parte dos fundos do salário dos médicos dirige-se de maneira transparente a contribuir para o Sistema de Saúde de Cuba que os formou e ainda os emprega”.
“Esse sistema oferece cobertura universal e gratuita a todos os médicos que hoje trabalham em Portugal e a seus familiares (…). Dizer sem pudor que estes fundos vão para o regime de Cuba constitui uma declaração sem fundamento, ignorante, anticubana e um acto de demagogia política, irresponsável para uma pessoa que detém um cargo importante”, conclui a nota da representante de Cuba em Portugal.