Mais de 36.500 pessoas já se inscreveram como simpatizantes do PS

Em pleno Agosto, a campanha interna do PS arrefeceu no terreno. Mas na internet já mais de 33 mil pessoas formalizaram a sua vontade de votar nas primárias de 28 de Setembro, além de 3500 que o fizeram presencialmente. Com a ajuda, em alguns casos, das bancas móveis de angariação de assinaturas.

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A banca móvel de angariação de simpatizantes em Viseu Nelson Garrido

A maioria dos não-militantes que querem votar nas directas formalizou a sua intenção via internet: cerca de 33 mil, contra 3500 que o fizeram presencialmente, junto de estruturas do partido por todo o país. Em alguns casos, com a ajuda dos voluntários que, em bancas móveis, fazem propaganda por António Costa ao mesmo tempo que distribuem fichas de inscrição de simpatizantes.

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A maioria dos não-militantes que querem votar nas directas formalizou a sua intenção via internet: cerca de 33 mil, contra 3500 que o fizeram presencialmente, junto de estruturas do partido por todo o país. Em alguns casos, com a ajuda dos voluntários que, em bancas móveis, fazem propaganda por António Costa ao mesmo tempo que distribuem fichas de inscrição de simpatizantes.

Esta é uma originalidade da campanha do presidente da Câmara de Lisboa. Primeiro nos mercados da capital, estes postos móveis foram aparecendo um pouco por todo o país, aproveitando maiores concentrações de pessoas, seja no centro de Viseu, na praça Giraldo em Évora, ou na Feira do Marisco, em Olhão.

A candidatura do actual secretário-geral parece apostar mais nas sessões de esclarecimento e nas acções de António José Seguro. Mas, neste meio de Agosto, também estas são esporádicas, com o líder de férias no litoral alentejano. António Costa também reduziu a actividade, mas ainda este fim de semana esteve nos Açores, onde conta com um apoio de peso: Carlos César, o histórico dirigente regional.

Até 12 de Setembro, dia em que termina o prazo para inscrição de simpatizantes, é provável que este número ainda aumente. Depois será tempo para organizar e fechar os cadernos eleitorais, dos quais constam já os mais de 90 mil militantes do PS, tenham ou não quotas em dia.

Bancas de rua no centro de Viseu
É à porta do Mercado 2 de Maio, na Rua Formosa, em Viseu, que a candidatura de Apoio a António Costa vai, em pleno Agosto, mobilizando simpatizantes para as eleições primárias do PS a 28 de Setembro. Entre a estátua de Aquilino Ribeiro e a entrada para a praça da autoria de Siza Vieira, quem está na banca de rua vai metendo conversa com quem passa. Primeiro explica-se em que consiste o processo eleitoral, depois de que forma as pessoas podem participar e, por fim, é entregue uma ficha de inscrição. A mensagem: “É em nós que recai a escolha do primeiro-ministro de Portugal”.

Para Alexandre Azevedo Pinto, responsável pela candidatura de António Costa na cidade de Viseu, a banca cumpre “bem a sua função”. “A maior parte das vezes até são as pessoas que nos abordam para tirar dúvidas como o local onde podem votar, se o podem fazer também nas juntas de freguesia, se sendo militante sem as quotas em dia pode à mesma ir votar”.

Mais ou menos esclarecidos, alguns dos transeuntes levados pela curiosidade aproximam-se da banca, perguntam quais as propostas do candidato e acabam por levar a ficha de inscrição. “Eu levo-a, mas não quer dizer que me vá inscrever”, admite uma cidadã.

As estratégias de recensear simpatizantes vão-se pensando e concretizando consoante a disponibilidade e a pertinência. A Candidatura de Apoio a António Costa, por exemplo, tinha inicialmente definido colocar uma banca de rua à porta da Feira de S. Mateus por onde passam, diariamente, milhares de pessoas, mas optaram por não seguir este caminho, pelo menos para já, uma vez que “a maioria das pessoas é emigrante e não estará em Portugal a 28 de setembro”.

Mas, ainda assim, não há festa popular onde os apoiantes não estejam. “Quem não é visto não é lembrado”, avisa um militante.

Para ir ao encontro de eleitores mais jovens, os socialistas, à semelhança do que António Costa tem feito em Lisboa, percorrem as zonas dos bares de Viseu. “Temos de tentar chegar a este público diferente que anda arredado do circuito político, muitas vezes por nossa própria culpa que não estamos presentes”, sublinha Alexandre Azevedo Pinto. 

Mais discreta, a candidatura de apoio a António José Seguro tem como estratégia, para já, a de recensear os independentes que concorreram nas últimas eleições pelo PS, através de sessões de esclarecimento.

“Nos vários concelhos, estamos a estimular as pessoas a realizarem a sua inscrições electronicamente”, explica José Junqueiro, deputado na Assembleia da República, apoiante de José Seguro e porta-voz da campanha. “Para já estamos apenas a concentrar-nos nos esclarecimentos”.

A maioria das dúvidas colocadas referem-se a quem pode votar a 28 de setembro e se com esta forma de eleição é garantida a equidade. Em resposta, José Junqueiro esclarece que “neste processo não há fantasmas, nem conspirações para inquinar cadernos eleitorais”. E remata: “Não são os filiados que dão as maiorias ou as minorias”.

Inscrições no Alentejo é como no IRS...
As inscrições de simpatizantes nas organizações de Évora e Portalegre “fazem lembrar o pagamento do IRS”: só em cima do prazo limite é que se espera que a afluência se acentue. Até ao momento, o número de inscritos “não tem sido muito grande” reportou uma fonte socialista, ao contrário do que está a acontecer nas organizações do distrito de Beja, onde a afluência tem sido “muito significativa e positiva”.

O apoio a António Costa está a revelar-se maioritário nas federações de Évora e Portalegre, mas em Beja, “Seguro terá mais hipóteses de alcançar a vitória”, vaticina Paulo Arsénio, presidente da concelhia na capital do Baixo Alentejo, leitura que é corroborada a partir de Évora. O dirigente socialista sublinha que, até ao momento, a organização a que preside já contabilizou “cerca de uma centena de inscrições, uma média que varia entre as 20 e as 25 fichas preenchidas por semana”.

“Provavelmente” quando o período de inscrições chegar ao fim, “ teremos um caderno de simpatizantes, igual ou superior ao número ao de militantes (cerca de 200) no concelho de Beja, refere Paulo Arsénio, sem contar com as inscrições via online.

Quando os simpatizantes aparecem na sede do Partido Socialista em Beja, já se nota qual é o seu posicionamento eleitoral, ao assumirem: “Venho inscrever-me para votar no Costa, ou no Seguro” uma reacção que o dirigente socialista define como uma “percepção de claque”. Resta esperar pelo acto eleitoral para se saber em que medida este entusiasmo se reflecte nas urnas de voto, acautela Paulo Arsénio.

O presidente da concelhia de Beja revela que Seguro tem o apoio de quase todos os presidentes das câmaras socialistas do Baixo Alentejo (Odemira, Ourique, Mértola, Ferreira do Alentejo). Também Pedro do Carmo, presidente da Federação Socialista do Baixo Alentejo e do município de Ourique, está com António José Seguro.

Em Portalegre e Évora o panorama é precisamente o oposto: António Costa recebe o apoio dos presidentes de câmara socialistas. Em Évora, o único candidato às eleições para a Federação Socialista, Capoulas Santos, está com o presidente da Câmara de Lisboa.