Papa sublinha diferenças sociais na missa de beatificação de mártires em Seul

No terceiro dia de visita à Coreia do Sul, Francisco lembrou os que recusaram as “rígidas estruturas sociais do seu tempo”.

Fotogaleria

Na missa de beatificação que decorreu na Porta de Gwanghwamun, no centro da capital sul-coreana, onde muitos católicos perseguidos foram mortos durante a dinastia Chosun, o Papa falou da coragem e da caridade demonstradas pelos mártires durante a sua resistência à renúncia da fé católica e à perseguição que sofreram, mas também à forma como desafiaram as “rígidas estruturas sociais do seu tempo”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Na missa de beatificação que decorreu na Porta de Gwanghwamun, no centro da capital sul-coreana, onde muitos católicos perseguidos foram mortos durante a dinastia Chosun, o Papa falou da coragem e da caridade demonstradas pelos mártires durante a sua resistência à renúncia da fé católica e à perseguição que sofreram, mas também à forma como desafiaram as “rígidas estruturas sociais do seu tempo”.

Francisco, que estará na Coreia do Sul até à próxima segunda-feira, dia em que celebrará uma missa final pela paz e a reconciliação das duas Coreias, apelou a que o legado deixado pelos mártires inspire “todos os homens e mulheres de boa vontade a trabalharem harmoniosamente por uma sociedade mais justa, livre e reconciliada, contribuindo assim para a paz e a defesa dos valores autenticamente humanos neste país e no mundo inteiro”.

Esta é a terceira vez que a Igreja sul-coreana celebra a beatificação de alguns dos seus católicos. Segundo o Vaticano, em 1925, Pio XI proclamou 79 fiéis mortos entre 1839 a 1846. Em 1968, Paulo VI beatificou 24 mártires, perseguidos em 1866. Entre estes mártires destaca-se André Kim Taegon, o primeiro sacerdote católico sul-coreano.

O Cristianismo apareceu na Coreia do Sul não pelas mãos de missionários católicos mas pelos próprios sul-coreanos. O contacto com a religião começou com livros vindos da China. Formada uma comunidade católica, a pregação da palavra de Cristo enfrentou a perseguição, da qual resultou a morte de milhares de pessoas. Estima-se que, actualmente, o país tenha perto de cinco milhões de católicos, cerca de 11% da população, e que todos os anos se tornem fiéis 100 mil pessoas.

À margem da cerimónia, o Papa rezou com familiares de algumas das vítimas do naufrágio do ferry Sewol, em Abril último, no qual morreram mais de 300 pessoas, na sua maioria alunos de escolas sul-coreanas. As famílias entregaram uma carta a Francisco a quem pediram para que não esquecesse as vítimas.