Enfermeiros alertam para possíveis consequências de exaustão nos cuidados prestados

Ordem dos Enfermeiros afirma que os serviços de saúde portugueses “estão em clara ruptura”.

Foto
CDS preocupado com efeitos das 35 horas na Saúde Nuno Ferreira Santos

A OE responsabiliza mesmo “os decisores políticos pelas consequências que podem advir para a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem se continuarem a ser ignorados os sinais de exaustão dos profissionais, ou se forem encarados sem a atenção que merecem, como tem acontecido até agora”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A OE responsabiliza mesmo “os decisores políticos pelas consequências que podem advir para a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem se continuarem a ser ignorados os sinais de exaustão dos profissionais, ou se forem encarados sem a atenção que merecem, como tem acontecido até agora”.

Em comunicado, a Ordem afirma que os serviços de saúde portugueses “estão em clara ruptura” pela falta de preocupação dos decisores políticos relativamente aos níveis de exaustão e insatisfação dos profissionais.

Por isso, a OE apela ao ministro da Saúde “para que reconheça a influência destes factores na segurança e qualidade dos cuidados a que os cidadãos têm constitucionalmente direito, não os banalizando e confundindo com factores económicos”.

A OE diz que algumas das consequências deste cansaço “não são visíveis a olho nu”, porque o sistema de classificação dos hospitais portugueses não diferencia serviços a trabalhar adequadamente de serviços com prestação insegura de cuidados.

A Ordem lembra um estudo publicado recentemente pela Universidade Católica, que identificou um nível de exaustão significativo nos enfermeiros portugueses, bem como uma enorme insatisfação com a progressão na carreira e com o seu nível salarial.

Existem, para além disso, estudos que relacionam os níveis de exaustão dos enfermeiros com resultados adversos para os doentes, identificando maiores riscos de erro, quase-erro ou resultados aquém do esperado.

Os turnos longos (por falta de enfermeiros nas instituições), o elevado número de doentes por enfermeiro, e o trabalho nocturno e por turnos estão entre as principais razões apontadas para este estado de exaustão dos enfermeiros.