Portugal é para inglês viver

Pela quantidade de prémios que Portugal colecciona na hotelaria está visto que os turistas descobriram o país ideal, agora, a julgar pela emigração, só falta os portugueses encontrarem o seu

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Bert Kaufmann/ Flickr

No Verão assiste-se a uma invasão de turistas, e ainda bem, já era tempo de Lisboa ter alguém que conseguisse suportar o seu custo de vida. Esperemos que cheguem ainda mais, vão ser precisos muitos para ocupar o vazio deixado pela emigração e baixa de natalidade. Este país não é para portugueses, muitos estão desempregados e a maioria não tem poder de compra para estimular a economia, Portugal precisa de pessoas que realmente usufruam de salários. Por isso, é tempo de os portugueses pobrezinhos abandonarem o país para darem lugar a turistas abastados, alguém tem de comprar carteirinhas em cortiça.

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No Verão assiste-se a uma invasão de turistas, e ainda bem, já era tempo de Lisboa ter alguém que conseguisse suportar o seu custo de vida. Esperemos que cheguem ainda mais, vão ser precisos muitos para ocupar o vazio deixado pela emigração e baixa de natalidade. Este país não é para portugueses, muitos estão desempregados e a maioria não tem poder de compra para estimular a economia, Portugal precisa de pessoas que realmente usufruam de salários. Por isso, é tempo de os portugueses pobrezinhos abandonarem o país para darem lugar a turistas abastados, alguém tem de comprar carteirinhas em cortiça.

Pela quantidade de prémios que Portugal colecciona na hotelaria está visto que os turistas descobriram o país ideal, agora, a julgar pela emigração, só falta os portugueses encontrarem o seu. Os portugueses querem sair, os turistas querem entrar, parece-me que este país só é apetecível por pequenos períodos de tempo.

Portugal adquiriu a síndrome mousse de chocolate — é bom de vez em quando, mas sempre enjoa. Portugal está na moda, além de arrasar nos “óscares” do turismo europeu também arrasa os portugueses e manda-os para outro país europeu. Gradualmente, os prédios devolutos, no centro da cidade de Lisboa, dão origem a hostels e as vantagens de trocarmos cidadãos portugueses por turistas são inúmeras.

Enquanto os turistas vêm com pequeno-almoço incluído, os portugueses têm o 13.º mês excluído. Os turistas jantam em restaurantes como nobres, os portugueses só têm para a sopa dos pobres, e enquanto os turistas têm dinheiro para gastar os portugueses passam a vida a mendigar. A mensagem do executivo é clara, quanto menos portugueses melhor, só falta oficializar a missiva, mandar imprimir os cartazes e colocar na fronteira — emigrar em caso de emergência.

Imaginem o agradável que seria Portugal sem portugueses, acabavam-se as manifestações, o pagamento de pensões desnecessárias e sobretudo deixava de haver pessoas a viver acima das suas possibilidades. A austeridade está a ser o melhor que nos poderia acontecer, estamos cada vez mais próximos da realidade europeia. Actualmente, Lisboa já é uma cidade portuguesa com custo de vida alemão.

Para os mais cépticos que jugam que Portugal sem portugueses não atrairia turistas, não se preocupem, deixaríamos cá os mais característicos, com bigode, para o turistas poderem tirar fotos com os nativos e jogar à hilariante brincadeira «Quem quer um emprego? Who wants a job? Who is it? Is the little portuguese? Go emigrate! Go emigrate! Good boy!»