Nuri al-Maliki renuncia ao cargo de primeiro-ministro do Iraque
O político xiita, que governou o Iraque nos últimos oito anos, anunciou a sua saída numa declaração ao país transmitida pela televisão.
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O controverso político xiita, que governou o Iraque nos últimos oito anos e é responsabilizado por uma deriva sectária no funcionamento das instituições e no quotidiano do país, concedeu em directo que a sua resignação é a única forma de evitar o prolongamento da actual crise política.
“Estou aqui para anunciar que retiro a minha candidatura em favor do irmão Haider al-Abadi, para facilitar o processo político com vista à formação de um novo governo”, declarou.
Maliki e o seu partido Dawa venceram as eleições legislativas realizadas há quatro meses, mas por causa da polarização política no país viu-se incapaz de constituir um novo executivo. Depois de várias tentativas falhadas para reatar os trabalhos parlamentares — e perante a crescente ameaça à sobrevivência do país representada pelo avanço dos militantes do Estado Islâmico pelo Iraque — os legisladores acabaram por nomear um Presidente, Fouad Massoum, que entregou a tarefa de formar governo a Haider al-Abadi, um político moderado da coligação xiita.
Nas legendas que acompanhavam a emissão no canal Afak, uma rede privada detida pelo próprio al-Maliki, lia-se que o ainda primeiro-ministro abria mão do cargo e “juntava-se aos grandes homens da História”. Apesar do elogio, a saída de al-Maliki foi tudo menos pacífica: a sua intenção era tomar posse para um terceiro mandato de quatro anos. Crescentemente isolado internamente, a sua resistência só foi vencida quando o Irão, aliado histórico, manifestou o seu apoio à solução apresentada no início desta semana pelo Presidente iraquiano.
De acordo com a Associated Press, a decisão de Nuri al-Maliki foi comunicada ao bloco parlamentar xiita no final de uma reunião do partido Dawa, durante a qual terá sido pressionado a afastar-se do caminho e deixar avançar o processo de constituição de um novo Governo abrangente e representativo, conforme tem sido exigido pelos Estados Unidos, a ONU e os aliados regionais.
Além da demissão, al-Maliki terá concordado em desistir do recurso que tinha interposto junto do Tribunal Constitucional para contestar a nomeação de Haider al-Abadi.