Longe da recessão, mas com uma retoma a ritmo lento

Investimento contribuiu de forma negativa para a variação homóloga do PIB, que caiu de 1,3% para 0,8% no segundo trimestre, anuncia o INE. Economia evitou a recessão.

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Os dados do INE ficaram em linha com aquilo que era previsto pela generalidade dos analistas. Depois da queda de 0,6% registada no PIB nos primeiros três meses do ano, a economia portuguesa evitou a entrada em recessão técnica (que ocorreria na eventualidade de um segundo trimestre consecutivo de queda) e compensou as perdas com um crescimento de 0,6%. Era um resultado esperado, principalmente porque o mau desempenho do primeiro trimestre se tinha devido em parte a factores conjunturais, nomeadamente a paragem de uma unidade de produção da refinaria da Galp em Sines, que afectou as exportações portuguesas.

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Os dados do INE ficaram em linha com aquilo que era previsto pela generalidade dos analistas. Depois da queda de 0,6% registada no PIB nos primeiros três meses do ano, a economia portuguesa evitou a entrada em recessão técnica (que ocorreria na eventualidade de um segundo trimestre consecutivo de queda) e compensou as perdas com um crescimento de 0,6%. Era um resultado esperado, principalmente porque o mau desempenho do primeiro trimestre se tinha devido em parte a factores conjunturais, nomeadamente a paragem de uma unidade de produção da refinaria da Galp em Sines, que afectou as exportações portuguesas.

O problema é que este regresso ao crescimento não consegue apagar a imagem de que a economia está a abrandar, caminhando para um registo de retoma lenta da actividade económica. Olhando para o primeiro semestre do ano (por forma a anular o impacto de factores extraordinários do primeiro trimestre, o que se vê é uma quase estagnação da economia, um desempenho que fica longe daquilo que a economia conseguiu no final de 2013.

As variações do PIB face ao período homólogo do ano anterior mostram isso mesmo. No quarto trimestre de 2013 esse indicador atingiu 1,5%, um resultado que aumentou a esperança de uma retoma rápida em Portugal. No entanto, depois de uma descida para 1,3% no primeiro trimestre de 2014, o INE anunciou agora que no segundo trimestre variação homóloga do PIB caiu para 0,8%.

Isto coloca o ritmo da retoma portuguesa em valores muito mais lentos, dando argumentos aos que consideram que a economia não tem ainda, num cenário de elevado endividamento e de dificuldades de acesso ao financiamento, condições para crescer a um ritmo rápido, de forma sustentável.

No final de 2013 e início de 2014, a variação positiva do PIB tinha voltado a contar com o contributo maioritário da procura interna, assistindo-se a uma diminuição da ajuda dada pela procura externa líquida (exportações menos importações). Esse facto fazia aumentar as dúvidas em relação à sustentabilidade do ritmo de retoma português. A informação agora prestada pelo INE parece confirmar estes receios.

Não são ainda apresentados valores para as diversas componentes do PIB, porque esta é apenas uma estimativa rápida, mas o INE dá algumas pistas. Em primeiro lugar diz que "a procura interna apresentou um contributo positivo menos intenso para a variação homóloga do PIB no segundo trimestre, reflectindo sobretudo a evolução do investimento". Isto é, a retoma baseada na retoma da procura interna está a fraquejar, perdendo força precisamente no indicador que podia dar mais esperança para o futuro: o investimento.

Depois, o INE diz também que "a procura externa líquida registou um contributo negativo menos significativo no segundo trimestre, devido ao abrandamento das importações de bens e serviços, tendo as exportações de bens e serviços desacelerado". É natural que perante um abrandamento da procura interna, as importações desacelerem também. Mais preocupante é que as exportações sigam a mesma tendência.

A este resultado negativo das exportações não será alheio o facto de muito dos principais parceiros comerciais de Portugal terem registado resultados surpreendentemente negativos. Alemanha e França, os segundo e terceiro maiores clientes das exportações portuguesas, decepcionaram com a contracção e estagnação das suas economias.

Na análise aos resultados apresentados esta quinta-feira pelo INE, o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica afirmou que "parece agora mais claro que a recuperação da economia portuguesa está em curso, embora a um ritmo ainda muito ténue". Salientou ainda que os dados continuam a apresentar “um comportamento algo errático”, sujeito a “muitos efeitos pontuais".