EUA ponderam intervenção para resgatar yazidis cercados
EUA enviaram 130 conselheiros militares para o Iraque e estudam criação de corredores ou ponte aérea para resgatar civis cercados. França decide enviar armas para os curdos.
O envio destes conselheiros é visto como um possível prelúdio a uma intervenção maior no terreno para salvar os civis cercados, diz o Wall Street Journal. Os EUA enviaram já ajuda humanitária por helicóptero, bombardearam posições dos jihadistas e enviaram armas aos peshmerga, os combatentes curdos que tentam impedir o avanço dos islamistas e que têm levado muitos dos yazidi – minoria seguidora de uma religião pré-islâmica – para campos de refugiados. “Estamos a ver se conseguimos fazer algo mais do que apenas enviar ajuda”, disse um alto responsável ao jornal norte-americano. “Não se pode fazer só isso durante muito tempo.”
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O envio destes conselheiros é visto como um possível prelúdio a uma intervenção maior no terreno para salvar os civis cercados, diz o Wall Street Journal. Os EUA enviaram já ajuda humanitária por helicóptero, bombardearam posições dos jihadistas e enviaram armas aos peshmerga, os combatentes curdos que tentam impedir o avanço dos islamistas e que têm levado muitos dos yazidi – minoria seguidora de uma religião pré-islâmica – para campos de refugiados. “Estamos a ver se conseguimos fazer algo mais do que apenas enviar ajuda”, disse um alto responsável ao jornal norte-americano. “Não se pode fazer só isso durante muito tempo.”
A França anunciou durante a tarde a decisão de enviar armas aos peshmerga e, pouco depois, David Cameron anunciou que aviões britânicos começaram a transportar munições de fabrico soviético de países no Leste da Europa para as forças curdas, equipadas sobretudo com material oriundo da ex-URSS. O primeiro-ministro britânico adiantou que helicópteros Chinook estacionados na região poderão participar numa operação para resgatar os civis cercados nas montanhas.
Ben Rhodes, conselheiro adjunto para a segurança nacional do Presidente Barack Obama, reafirmou nesta quarta-feira que os EUA não vão enviar forças de combate para o Iraque, mas não excluiu a possibilidade de colocar tropas no terreno para uma missão humanitária.
O responsável explicou que em cima da mesa estão duas possibilidades: a criação de corredores seguros para que os yazidis possam sair do seu refúgio (o que implica ter tropas no terreno) ou a retirada dos civis por via aérea (opção que colocará as aeronaves americanas na linha de fogo dos jihadistas). Uma decisão será tomada “nos próximos dias”, garantiu Rhodes.
Até agora, Obama disse que não iria enviar forças para o Iraque, mas o facto de milhares de yazidi continuarem na montanha, sem abrigos, sob um sol inclemente, obriga-o a reconsiderar. No entanto, o envio de uma força poderá expor tropas americanas (esperar-se-ia uma força de elite) a contacto directo com os combatentes islamistas, o que apresenta um grau de risco que muitos pensam que o Presidente não estará disposto a correr.
Obama também explicou, numa entrevista no fim-de-semana, que os EUA não queriam ser “a força aérea de ninguém” e que as forças políticas do Iraque teriam de chegar a um entendimento político para trabalharem juntas e evitarem a divisão que tornou possível o avanço no terreno do EI.
Um passo parecia ter sido dado nesse sentido com a designação de um novo primeiro-ministro, o xiita moderado Haider al-Abadi. O chefe de Governo que é responsabilizado pela alienação dos sunitas que fomentou o sucesso dos jihadistas, Nuri al-Maliki, declarou que recusa sair, apesar de ter perdido o seu principal apoio externo, o Irão. O recurso ao Tribunal Federal (a mais alta instância judicial do país) que anunciou deverá ter poucas hipóteses de sucesso.
Enquanto isso, em Bagdad, explodiu mais uma bomba, matando dez pessoas, num bairro de maioria xiita. O local da explosão não era muito longe onde na véspera houve outro atentado, num checkpoint antes da casa do novo primeiro-ministro.
Milhares esperam resgate
Responsáveis americanos dizem ainda que não se sabe quantos refugiados estão nas montanhas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas, 35 mil pessoas chegaram nos últimos dias ao Curdistão vindas da região de Sinjar, após uma longa e tortuosa viagem passando pela fronteira da Síria, mas haverá ainda "entre 20 a 30 mil pessoas cercadas nas montanhas".
Jornalistas a bordo de helicópteros de distribuição de ajuda relatam um cenário tenebroso: as pessoas que estão na montanha correm para os helicópteros que trazem a ajuda não para ficar com os mantimentos mas para tentar que uma ou outra criança, ou pessoas a sofrer de insolação ou queimaduras solares, sejam levadas dali para fora. Os helicópteros do exército iraquiano aterram a coberto de disparos contra os combatentes do EI, levantam disparando também.
“As pessoas chegavam perto do helicóptero atirando os seus filhos para bordo. A tripulação tentou recolher o máximo de pessoas possível”, conta o jornalista da CNN Ivan Watson. Naquele caso, foram 20. Quando o helicóptero levantou, entre os sons dos tiros, toda a gente – passageiros, tripulação – estava emocionada, descreve o repórter. “ “Não havia ninguém com os olhos secos a bordo daquele helicóptero.”