Dia de trégua em Gaza e de impasse nas negociações do Cairo
“Há trégua, não há trégua. Isto parece o Tom e Jerry. Nós só queremos uma solução”, pede um habitante de Gaza.
Israel, que se recusa a negociar directamente com os “terroristas” do Hamas, está “absolutamente decidido a não oferecer qualquer concessão a movimento islamista para evitar que ele se apresente aos palestinianos como vencedor desta guerra”, explica Mark Heller, do Instituto israelita de estudos para segurança nacional, citado pela AFP.
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Israel, que se recusa a negociar directamente com os “terroristas” do Hamas, está “absolutamente decidido a não oferecer qualquer concessão a movimento islamista para evitar que ele se apresente aos palestinianos como vencedor desta guerra”, explica Mark Heller, do Instituto israelita de estudos para segurança nacional, citado pela AFP.
Por seu lado, o Hamas, que governa um território estrangulado economicamente pelo bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, e que, antes da guerra, estava prestes a sair do seu isolamento na cena política palestiniana, já repetiu que não fará “nenhuma concessão” na sua lista de exigências: fim do bloqueio, abertura de um porto no Mediterrâneo e a libertação de prisioneiros. Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que estas negociações são “a última hipótese” para chegar a um acordo.
Numa entrevista a uma rádio israelita, o ministro israelita dos Assuntos Estratégicos, Yuval Steinitz, afirmou que o desarmamento dos militantes de Gaza é crucial para sustentar uma trégua a longo-prazo. E disse esperar que isso seja conseguido através da diplomacia. “Se não existir uma solução diplomática estou convencido que, mais cedo ou mais tarde, vamos ter que optar pela solução militar de tomar temporariamente o controlo de Gaza para a desmilitarizarmos outra vez.”
Outro ponto que está a travar a engrenagem das negociações do Cairo é a exigência israelita de ter uma garantia do Hamas de que não vai usar fundos e materiais de construção que sejam enviados para reconstruir Gaza para refazer a sua rede de túneis – tanto os que servem para os islamistas fazerem incursões em Israel, como aqueles que são usados para contrabandear armamento a partir do Egipto.
Segundo as Nações Unidas, pelo menos 425 mil pessoas deslocadas na Faixa de Gaza estão em centros de acolhimento e outros abrigos improvisados ou em casa de outras famílias. Cerca de 12 mil casas foram destruídas ou ficaram gravemente danificadas pelos bombardeamentos israelitas do último mês.
Nesta segunda-feira alguns deslocados regressaram às suas casas, as lojas começaram a abrir e os carros a circular no pequeno território. “Só deus sabe se é permanente”, disse Abu Salama, um habitante da cidade de Gaza que regressava a casa com a sua família numa carroça puxada por um burro. “Há trégua, não há trégua. Isto parece o Tom e Jerry. Nós só queremos uma solução”, queixou-se ao jornalista da Reuters.
Da Turquia surgiu a notícia de que uma organização humanitária se preparar para enviar navios para Gaza para tentar furar o cerco israelita, quatro anos depois das forças especiais israelitas terem atacado um flotilha que se dirigia para o território palestiniano, matando 10 pessoas a bordo.