Fenprof diz que a prova está “cumprir a sua missão”: “achincalhar” professores
Estrutura sindical defende que “diversas instituições” onde docentes se formaram “recusam” novo acordo. Continua a polémica em torno dos erros ortográficos.
Em comunicado enviado nesta sexta-feira à imprensa, a Fenprof acusa o Ministério da Educação e Ciência (MEC) de usar a PACC para “'caçar' professores, fugindo, assim, a confrontar-se com as instituições” que fazem a formação dos docentes: “Diversas instituições de ensino superior recusam a utilização do novo acordo, exigindo que os alunos escrevam com as regras anteriores. Concluindo o curso, chegam ao sistema e são submetidos a uma prova onde são obrigados a usar o novo acordo… está tudo dito”.
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Em comunicado enviado nesta sexta-feira à imprensa, a Fenprof acusa o Ministério da Educação e Ciência (MEC) de usar a PACC para “'caçar' professores, fugindo, assim, a confrontar-se com as instituições” que fazem a formação dos docentes: “Diversas instituições de ensino superior recusam a utilização do novo acordo, exigindo que os alunos escrevam com as regras anteriores. Concluindo o curso, chegam ao sistema e são submetidos a uma prova onde são obrigados a usar o novo acordo… está tudo dito”.
Em causa está a mais recente polémica — uma entre muitas que marcaram este exame desde o início — envolvendo os erros ortográficos dados pelos professores na prova. Na parte da PACC que implicava escrever um texto, 62,8% das respostas acusaram um ou mais erros ortográficos; 66,6% um ou mais erros de pontuação; e 52,9% um ou mais erros de sintaxe. A polémica estalou e começou a questionar-se se o tipo de erros que estaria em questão decorreria ou não do incumprimento do novo acordo.
O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que no início da semana não dispunha de dados que permitissem perceber quantos dos erros se deviam a esse incumprimento, acabou, afinal, por revelar nesta quinta-feira que só 10% dos erros ortográficos que os professores cometeram na prova estão relacionados com o "incumprimento do Acordo Ortográfico”. Já 90%, garante o IAVE, estão relacionados, entre outros, com o uso incorrecto da acentuação, troca de vogais e de consoantes, aplicação incorrecta do plural e registo incorrecto de formas e de conjugações verbais.
Crítica, entre outras razões, do "comportamento dos responsáveis do IAVE em momentos de exames", a Fenprof considera mesmo que aquela entidade não é "credível” para que não se possa “colocar em dúvida o que afirma”. E levanta mais questões: “Os [professores] que foram aprovados dão ou não erros ortográficos? E que tipo de erros, decorrentes do novo acordo? E como vai fazer o MEC para corrigir este problema? E quantos reprovados, por não responderem correctamente às questões absurdas que foram colocadas, não deram qualquer erro?”.
O secretário-geral da Fenprof defende que “os erros ortográficos não são admissíveis, sejam dados por professores ou constem dos rodapés dos serviços noticiosos das televisões”: “É inadmissível, por exemplo, que documentos enviados pelo MEC ou outros ministérios, designadamente no âmbito das negociações, contenham erros ortográficos, como acontece não raras vezes”, afirma Mário Nogueira.