No Porto há gelados italianos em aceleras vintage

A marca chama-se Fresco da Gustare e vende gelados nas ruas e praias do grande Porto. Nasceu em Itália, mas é bem portuguesa

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São gelados artesanais, inspirados nas melhores receitas italianas e estão à disposição dos mais gulosos em aceleras vintage — por enquanto só no Porto.

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São gelados artesanais, inspirados nas melhores receitas italianas e estão à disposição dos mais gulosos em aceleras vintage — por enquanto só no Porto.

"Tudo surgiu quando levei uns amigos italianos a provar uns gelados em Lisboa. Eles não acharam nada de especial e eu desvalorizei porque geralmente nós gostamos sempre muito mais daquilo que é nosso", contou ao P3 Octávio Viana, consultor financeiro da Fresco da Gustare.

Octávio explicou que a marca nasceu quando provou o "verdadeiro gelado italiano". "Estava em Itália. Chovia torrencialmente, eram dez da noite, cheguei a uma gelataria e tinha 30 pessoas à minha frente. Quando chegou a minha vez já tinha outras 30 atrás. Pensei "se abrisse isto em Portugal ganhava dinheiro "", recordou.

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Quando voltou para Portugal fez vários planos de negócio e estudos de mercado até chegar a uma estratégia comercial que lhe parecesse viável. "Percebi então que a melhor maneira seria ter uma produção central com vários pontos de distribuição", explicou.

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A primeira ideia de Octávio Viana e Maria João Viana, proprietária da empresa, era distribuir os gelados em motorizadas com carro lateral. A ideia não seguiu em frente por não ser viável — corriam o risco de a moto se avariar e ficarem parados — com o reboque basta trocar de moto se houver algum problema. "Desenvolvemos então este atrelado e registamos o design", contou o gestor.

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A Fresco da Gustare tem quatro motos. Duas aptas para utilização, Cavallini e a Marzetti, mas apenas uma em "funcionamento alternado". "O tempo não está a ajudar, não justifica estarmos na rua".

A marca quer funcionar o ano inteiro, independentemente do tempo ou da estação. Segundo Octávio a marca está a negociar a sua colocação em espaços como galerias e centros comerciais, onde possam estar independentemente de estar bom ou mau tempo. 

Os gelados de Maria João Viana

A missão da Fresco da Gustare é “vender a um preço justo um excelente gelado”. Os gelados são para um público-alvo entre os 25 e os 45 anos. “As crianças não ligam a gelados, querem só algo fresco e doce. As pessoas desta faixa etária nasceram no tempo em que existiam vespas e nós queremos ressuscitar lembranças e proprocionar simultaneamente um bom gelado”, sugeriu Octávio.

A adesão tem sido “fantástica”, afirmou o gestor. “Não em termos de afluência, mas em termos de reconhecimento da qualidade. É altamente gratificante uma pessoa aparecer de manhã sozinha e à tarde voltar com quatro amigos. E isso acontece”.

"O nosso segredo está na receita, nos ingredientes e na confecção" confessa. "Tirei um curso de gelados em Itália. Depois quis aprender a fazer os gelados da tal gelataria que tinha filas intermináveis mesmo em dias de chuva. Paguei pelas receitas e paguei, muito, para trabalhar nessa gelataria durante quatro dias", acrescentou.

Quando regressou a Portugal ensinou tudo o que sabia à irmã. Maria João Viana é a dona da empresa e é quem confecciona todos os gelados, que podem ser adquiridos nas aceleras ou no laboratório. Custam entre 1,90 euros (um gelado pequeno, com um sabor) e os 4,50 euros (um gelado grande com quatro sabores). As vaschettas de um litro custam 17 euros e podem ser adquiridas, por encomenda, no laboratório da marca.

Uma colher com um buraco

A próxima novidade da marca será uma colher. “Já estamos a registar a patente. A colher terá um buraco na concha” contou Octávio.

“O objectivo é que o primeiro contacto da língua seja com o produto e nao com o material da colher”. Octávio explicou que “a ponta da língua é que capta o sabor e normalmente o primeiro contacto da comida é com o centro da língua, que apenas capta a textura e a temperatura. Queremos causar o impacto de a primeira experiência ser o gelado e não o plástico, queremos aumentar o prazer do cliente”.