Guerra em Gaza provoca demissão no Governo britânico

Sayeeda Warsi, a primeira muçulmana a chegar ao executivo, considera "indefensável" o discurso de Londres sobre a morte de civis.

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Sayeeda Warsi foi a primeira mulher muçulmana num governo britânico Olivia Harris/Reuters

“Com profundo pesar escrevi esta manhã ao primeiro-ministro para lhe apresentar a minha demissão. Não posso continuar a apoiar a política do Governo sobre Gaza”, escreveu Warsi na sua conta no Twitter.

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“Com profundo pesar escrevi esta manhã ao primeiro-ministro para lhe apresentar a minha demissão. Não posso continuar a apoiar a política do Governo sobre Gaza”, escreveu Warsi na sua conta no Twitter.

A advogada de origem paquistanesa era um dos rostos da modernização que David Cameron prometia quando em 2010 foi eleito primeiro-ministro. Nomeada para a Câmara dos Lordes, chegou a ser presidente do Partido Conservador, mas em 2012 foi despromovida, de ministra sem pasta a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, e o seu afastamento da linha seguida pelo primeiro-ministro foi-se tornando cada vez mais claro.

Descontente com o facto de Cameron não ter condenado abertamente os bombardeamentos de Israel contra a Faixa de Gaza, Warsi escreve na sua carta de demissão que “a abordagem e a linguagem” do Governo é “moralmente indefensável” e “não serve os interesses nacionais britânicos”, ameaçando “a sua reputação internacional e interna”.

“Espanta-me que o Governo britânico continue a permitir a venda de armas a um país, Israel, que matou quase duas mil pessoas, incluindo centenas de crianças, apenas nas últimas quatro semanas”, escreve, pedindo um embargo imediato à venda de material bélico.

O gabinete do primeiro-ministro lamentou a decisão de Warsi e agradeceu o seu “excelente trabalho”, mas Cameron, de férias em Portugal, ainda não se pronunciou. Desde o início da ofensiva, Londres tem pedido contenção aos dois lados, sempre sublinhando o direito de autodefesa de Israel, e o mais longe que foi na condenação à morte de civis ficou-se por uma breve declaração na segunda-feira em que disse reconhecer que a ONU tinha razões para repudiar o ataque a uma escola onde estavam abrigados refugiados palestinianos.