Rússia anuncia manobras militares junto à fronteira ucraniana

Exercícios, no momento em que combates no Leste do país se intensificam, promete aumentar tensão na região.

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Famílias esperam na estação de comboios de Donetsk uma oportunidade para sair da cidade Bulent Kilic/AFP

As manobras foram anunciadas por um porta-voz militar, adiantando que o seu objectivo é “melhorar a coordenação” entre as várias forças, não tendo sido feita qualquer menção ao conflito no país vizinho. Mas a envergadura dos exercícios, cerca de três meses depois de a Rússia ter anunciado o regresso aos quartéis das forças que enviara para a zona de fronteira, promete alarmar os aliados ocidentais de Kiev.

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As manobras foram anunciadas por um porta-voz militar, adiantando que o seu objectivo é “melhorar a coordenação” entre as várias forças, não tendo sido feita qualquer menção ao conflito no país vizinho. Mas a envergadura dos exercícios, cerca de três meses depois de a Rússia ter anunciado o regresso aos quartéis das forças que enviara para a zona de fronteira, promete alarmar os aliados ocidentais de Kiev.

Segundo Igor Klimov, vão participar nos exercícios diferentes tipos de helicópteros, caças, bem como o novo bombardeiro Su-34, num total de mais de cem aeronaves. “Serão testadas armas contra alvos no ar e em terra em novos alcances e serão efectuados disparos reais e electrónicos de mísseis antiaéreos em Ashuluk [na região de Astrakhan, no Sul da Rússia] com o objectivo específico de melhorar a coordenação entre a aviação e a defesa antimíssil”, afirmou o porta-voz militar, citado pela agência Reuters.

Nos últimos dias, a NATO acusou Moscovo de estar a concentrar tropas e armamento junto à fronteira – uma denúncia a que o Governo russo não respondeu. Os países ocidentais, apoiantes do novo governo ucraniano, afirmam também que a Rússia continua a fornecer armas aos separatistas que desde Abril controlam dezenas de cidades no Leste do país, incluindo Donetsk e Lugansk.

Nas últimas semanas os rebeldes, pressionados por uma ofensiva militar cada vez mais musculada, retiraram-se de várias localidades, concentrando forças naquelas duas cidades, às quais o Exército tem vindo a apertar o cerco, incluindo com bombardeamentos que provocaram já dezenas de mortos e a fuga de muitos habitantes.

Entretanto, uma fonte dos serviços de informação russos afirmou que durante a noite passada, mais de 400 soldados ucranianos desertaram e pediram refúgio aos camaradas do outro lado da fronteira. “Os guardas-fronteiriços abriram um corredor humanitário e autorizaram a entrada de 438 soldados do Exército ucraniano”, afirmou este responsável, adiantando que ainda durante esta segunda-feira os desertores serão apresentados à imprensa.

Um porta-voz do Governo ucraniano negou as deserções, afirmando que os “um número indeterminado de soldados foi obrigado a dirigir-se para um posto fronteiriços russo após uma tentativa de infiltração”.

Kiev sem água quente até Outubro

Longe dos combates, os efeitos da guerra que se trava no Leste do país e entre a Rússia e as potências ocidentais, já se estão a fazer sentir na capital da Ucrânia. Todos os habitantes de Kiev estão privados, a partir desta segunda-feira, de água quente, uma situação que vai durar pelo menos até Outubro por causa da crise económica e dos cortes no fornecimento do gás russo.

“Todas as centrais térmicas deixam de receber gás a partir de dia 4 de Agosto”, anunciou a companhia privada Kievenergo, controlada pelo homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, que detém o monopólio do aquecimento na capital ucraniana, cidade onde vivem perto de 3 milhões de pessoas.

Por seu lado, o presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, já tinha anunciado um corte da água quente, que todos os Verões acontece durante duas ou três semanas mas que neste ano excepcional vai durar até Outubro.

Esta medida explica-se pelo corte em meados de Junho do fornecimento de gás russo à Ucrânia, que se recusa a aceitar o aumento do preço exigido por Moscovo depois da queda do governo pró-russo de Viktor Ianukovitch e da chegada ao poder de figuras pró-europeias

“Se não começarmos já a economizar gás, vamos ter grandes problemas no inverno”, disse um responsável dos serviços municipais citado pela AFP. A chamada “estação do aquecimento”, em que os sistemas de aquecimento central dos prédios da cidade costumam ser ligados, começa em meados de Outubro.