Exército da Ucrânia prepara assalto final a Donetsk e Lugansk
Forças de Kiev têm encontrado muita resistência. Suspeitas de que Rússia está a reforçar a sua presença na fronteira apontam para semana decisiva.
As cidades de Donetsk e Lugansk, que até há poucas semanas estavam seguras nas mãos dos rebeldes, estão agora a um passo de ficarem sitiadas pelas tropas do Governo de Kiev. Para além da aproximação de um assalto final por parte do Exército ucraniano, os habitantes das duas cidades estão já no epicentro de uma crise humanitária, muitos deles sem electricidade e sem água.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As cidades de Donetsk e Lugansk, que até há poucas semanas estavam seguras nas mãos dos rebeldes, estão agora a um passo de ficarem sitiadas pelas tropas do Governo de Kiev. Para além da aproximação de um assalto final por parte do Exército ucraniano, os habitantes das duas cidades estão já no epicentro de uma crise humanitária, muitos deles sem electricidade e sem água.
A situação mais difícil está a ser vivida em Lugansk, onde os relatos dos repórteres das agências internacionais dão conta de uma corrida desenfreada aos supermercados – muitos habitantes da cidade estão a viver em abrigos subterrâneos, para escaparem aos bombardeamentos das forças ucranianas, preparando-se já para uma eventual entrada das forças de Kiev.
Só no sábado foram mortas pelo menos nove pessoas em Lugansk e Donetsk, entre as quais uma criança. A agência Reuters avança que as posições dos separatistas na cidade de Donetsk foram alvejadas durante a noite pelo Exército ucraniano, e vários edifícios ficaram em chamas desde os arredores, em Petrovski, até ao centro da cidade.
Segundo as informações avançadas pela Associated Press, as condições humanitárias em Lugansk e Donetsk são cada vez mais dramáticas não só devido aos bombardeamentos das forças de Kiev, mas também pelo desespero dos combatentes separatistas, que têm confiscado veículos e comida a residentes e estabelecimentos comerciais, principalmente em Donetsk.
As autoridades de Kiev dizem que as suas forças estão a ganhar cada vez mais terreno nos últimos redutos dos separatistas pró-russos, mas admitem que a resistência tem sido muito forte.
Um porta-voz do Exército ucraniano, Alexei Dmitrashkovski, disse à Associated Press que os seus soldados estão a combater às portas de Donetsk neste domingo, onde disparos de artilharia atingiram uma escola durante a noite, sem que ninguém tenha ficado ferido.
"O projéctil atravessou o tecto e explodiu no interior do edifício, mas ainda não sabemos quem o disparou. Quem é que precisa desta guerra? Por que razão estão a combater?", questionou Dmitri Levonchick, um mineiro de 45 anos de idade.
Em resposta aos avanços do Exército ucraniano, os separatistas reforçaram os apelos à Rússia para que envie tropas e armamento – a Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia acusam a Rússia de estar a apoiar e a lutar ao lado dos rebeldes separatistas, mas Moscovo sempre negou essa acusação.
"É claro que seria excelente ver aqui soldados de manutenção da paz russos: fortes unidades de artilharia e brigadas de tanques. Esta guerra acabaria num ou dois dias", disse Pavel Gubarev, que se apresenta como governador da autoproclamada República Popular de Donetsk.
Desde o início do conflito na Ucrânia já morreram mais de 1100 pessoas, de acordo com os números das Nações Unidas – pelo menos 100.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.
No sábado, um porta-voz do ministério russo para as situações de emergência, Aleksandr Dobrishevski, disse que o número de ucranianos em campos de refugiados na Rússia já ultrapassa os 39.000, entre os quais 12.735 crianças.