A alternativa ao IP4 agora adjudicada poderia ter “salvo vidas”

A tão esperada conclusão do túnel do Marão está finalmente à vista, uma obra reivindicada pelas populações há muitos anos.

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As obras do túnel estão paradas desde 2011 Paulo Pimenta

As obras iniciaram-se em 2007, no anterior executivo, altura em que o primeiro-ministro de então, José Sócrates, denominou a futura A4 como a “estrada da justiça”. Sendo esta a única forma de acesso entre Trás-os-Montes e o litoral, a conclusão da empreitada foi apresentada como fundamental para o desenvolvimento da região uma vez que permitiria uma maior rapidez na deslocação entre o interior e a costa, o que, por sua vez, fomentaria o turismo e, consequentemente, o desenvolvimento da restauração e o aparecimento de mais emprego. Mas a 27 de Junho de 2011, as obras pararam na sequência de um diferendo entre o Estado e a concessionária que integrava a Somague e a MSF, que avançou para tribunal arbitral. Em 2013, o Estado resgatou o contrato, invocando justa causa fundada em incumprimentos por parte da concessionária, tendo o projecto sido entregue à Estradas de Portugal.

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As obras iniciaram-se em 2007, no anterior executivo, altura em que o primeiro-ministro de então, José Sócrates, denominou a futura A4 como a “estrada da justiça”. Sendo esta a única forma de acesso entre Trás-os-Montes e o litoral, a conclusão da empreitada foi apresentada como fundamental para o desenvolvimento da região uma vez que permitiria uma maior rapidez na deslocação entre o interior e a costa, o que, por sua vez, fomentaria o turismo e, consequentemente, o desenvolvimento da restauração e o aparecimento de mais emprego. Mas a 27 de Junho de 2011, as obras pararam na sequência de um diferendo entre o Estado e a concessionária que integrava a Somague e a MSF, que avançou para tribunal arbitral. Em 2013, o Estado resgatou o contrato, invocando justa causa fundada em incumprimentos por parte da concessionária, tendo o projecto sido entregue à Estradas de Portugal.

O anúncio da adjudicação à Teixeira Duarte do túnel de 5,6 quilómetros, por 88,1 milhões de euros, confirmada na terça-feira, foi acolhida com agrado entre os autarcas, empresários e habitantes da região, que reconhecem que os prazos anunciados pelo Secretário de Estado, Sérgio Monteiro, em Janeiro deste ano, estão a ser cumpridos e que mais vale tarde que nunca. Mas o presidente da associação empresarial de Vila Real, Luís Tão, confessa que “a notícia não foi recebida com grande júbilo”. Tanto este responsável como Rui Santos lamentam que se tenham perdido três anos e acreditam que há prejuízos que já não serão compensados.  

Para além dos negócios que ficaram por concluir, com todos os prejuízos que isso acarreta e o consequente aumento do desemprego, Luís Bastos, presidente da Associação de Utilizadores do Itinerário Prinicipal 4 (IP4), disse ao PÚBLICO que “se o túnel e a A4 tivessem sido feitos e concluídos nos prazos inicialmente previstos poderiam ter sido salvas várias vidas”. No IP4, desde que abriu em toda a sua extensão em 1993, já perderam a vida cerca de 250 pessoas.

“Esperemos que o túnel tenha sido feito e pensado também para resolver o problema, não só de acessibilidade, mas de sinistralidade. Era mau que tentássemos uma cura e a cura viesse a matar o doente”, preveniu. “Não há ninguém em Vila Real que não tenha perdido, ou conheça alguém que perdeu, um familiar ou amigo na IP4”, acrescenta Luís Tão.

Adolfo Campos, estudante do 4ºano de Engenharia Agronómica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), é natural de Marco de Canavezes e conhece bem os perigos associados à IP4. Os invernos rigorosos e o elevado tráfego, num troço por si só já conturbado, são alguns dos problemas diários com que os estudantes da UTAD, que utilizam frequentemente esta via, se deparam e, para os quais, se torna urgente a criação de uma alternativa. “O IP4 é uma estrada perigosa e com gelo e neve torna-se ainda mais perigosa. É impossível fazer aquele percurso sem encontrar dois ou três camiões. O facto de concluírem o túnel só melhorará a circulação”.

Em 2010, também a população da Campeã já se tinha manifestado contra a falta de condições de segurança nas ruas afectadas pelas obras da A4. Lino Carvalho, o presidente da junta de Freguesia, diz que sentiu “uma alegria e um alívio grande” com a notícia da adjudicação da empreitada. “Espero que as obras envolventes ao exterior do túnel sejam concessionadas para que os trabalhos recomecem o mais depressa possível”, disse.

Depois de, esta semana, o secretário de Estado das Obras Públicas, Sérgio Monteiro, ter dito que é a primeira vez que se verifica nos processos de concurso das parcerias público-privadas rodoviárias de Portugal uma adjudicação em apenas 13 meses, Rui Santos, garante que não foi por acaso que o processo se deu tão rápido. “O Governo viu-se obrigado a avançar. Às portas de um novo quadro comunitário, se não avançasse com a obra tinha de optar por repôr as condições ambientais, retirando os materiais que se estariam a degradar, antes da obra começar. Houve valores que se impuseram”, garantiu.

Agora, os autarcas e empresários de Vila Real são ûnanimes no desejo de que “o Governo, percebendo que a cidade transmontana fica cercada por portagens, volte atrás na sua decisão de colocar portagens na A4”.

Com a conclusão do túnel do Marão, são dois milhões de pessoas que ficam a menos de 50 minutos de Vila Real, o que aumenta a competitividade da região já que a aproxima dos principais mercados, tornando mais previsível a passagem para lá do Marão, sobretudo no Inverno, altura em que as empresas exportadoras são mais afectadas pelo piso escorregadio.