Carlos Moedas indicado para comissário europeu
Governo optou pelo actual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e já comunicou decisão a Bruxelas. António José Seguro, informado ontem à noite, diz que foi “oportunidade perdida para o país”. PCP e Bloco dizem que é a “pior escolha possível”.
Moedas irá assim integrar o novo executivo europeu liderado pelo recém-eleito presidente, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, sucessor no cargo de Durão Barroso. A decisão do Governo português já terá sido comunicada, segundo informações adiantadas pela Lusa, que cita uma fonte não identificada do gabinete de Passos Coelho.
As primeiras reacções vieram dos partidos mais à esquerda e são muito críticas. PCP e Bloco consideram que Carlos Moedas foi a pior escolha possível para um cargo na Comissão Europeia porque é um dos principais rostos da austeridade e da política da troika de que os portugueses foram alvo. O PS diz que foi uma escolha “meramente partidária” que não serve os interesses de Portugal e diz que Moedas não tem nem perfil, prestígio ou currículo para a função.
Moedas esteve pelo PSD na negociação do Orçamento do Estado de 2011 e foi, como destaca o portal, “um dos representantes do partido nos encontros com a delegação da UE-FMI-BCE” para a negociação do resgate internacional de Portugal.
“Não deixa de se registar que a escolha tenha recaído num dos principais rostos da política da troika, responsável pela destruição das condições de vida dos portugueses, pelo saque aos rendimentos de trabalhadores e reformados e pelo afundamento económico do país”, apontou o eurodeputado comunista João Ferreira ao fim da manhã na sede do partido, em Lisboa.
De acordo com a biografia disponível no portal do Governo, Carlos Moedas nasceu em Beja, em 1970, é licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico (Lisboa) e tem um MBA pela Harvard Business School (EUA).
Depois de ter trabalhado em Paris até 1998, e de ter feito a sua formação naquela escola norte-americana, passou pelo banco Goldman Sachs e regressou a Portugal em 2004, como administrador-delegado da Aguirre Newman. Em 2008, criou a sua própria empresa de investimentos.
João Ferreira diz que Moedas nunca poderá fazer aquilo de que Portugal necessita neste momento, que é a “renegociação da dívida”. E que será apenas mais um instrumento para que a comissão prossiga as políticas de “aprofundamento da integração, de retirada de soberania aos Estados e de insistência num caminho que em Portugal, por via da aplicação do programa da União Europeia e do FMI, já revelou aquilo a que conduz: à destruição económica e ao empobrecimento”.
O currículo de Carlos Moedas, que já passou pela banca internacional, mereceu também um reparo de João Ferreira, que diz que “é cada vez mais clara e até numerosa a representação nas instituições europeias de elementos oriundos da grande finança internacional, (…) que cada vez mais têm uma presença clara e em crescimento nas próprias instituições da UE, mostrando os interesses que esta serve”.
"A melhor escolha”, garante Passos
O chefe do Governo acabou por só comentar o assunto ao fim da tarde, na rua, já de férias no Algarve. Disse que o seu adjunto foi “a melhor escolha” e que poderá desempenhar variadíssimas funções dentro da comissão”. Sobre o facto de não ter tido um cargo de relevo governativo poder prejudicar Portugal na atribuição de pastas, Passos desvalorizou mas mostrou admitir que isso possa acontecer.
“Não tem nenhuma limitação que implique uma menorização. (…) Ele está a par de candidatos que foram primeiros-ministros, que já foram comissários europeus. Mas não me parece que ele tenha nenhum handicap que o torne uma escolha menos boa face a todos os seus colegas. Creio que ele se sentará bem no colégio de comissários com o mesmo estatuto que todos os outros”, defendeu Passos.
Mas sobre a sua escolha, o chefe do Executivo apenas fizera publicar uma única frase logo ao início da manhã no site do Governo – “O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, indicou o nome do seu secretário de Estado Adjunto, Carlos Moedas, para integrar a futura comissão europeia.”
“Escolha partidária” e sem perfil, diz Seguro
Para o líder do PS, a escolha de Carlos Moedas para comissário foi “estritamente partidária” e não corresponde a um perfil que defenda os interesses nacionais. António José Seguro, que se afirma “negativamente surpreendido” pelo nome com que foi informado já ao início da madrugada, considera que foi uma “oportunidade perdida para Portugal”.
“O PS discorda desta escolha porque esta era a oportunidade de o país escolher uma personalidade com resultados europeus, com prestígio europeu, com peso político para que pudéssemos obter um pelouro na comissão europeia que pudesse defender os interesses nacionais”, afirmou António José Seguro na sede do PS, em Lisboa.
“O engenheiro Carlos Moedas não corresponde a nenhum dos itens deste perfil - o do prestígio político europeu, o de reconhecimento pelos seus pares, o do trabalho europeu. Aliás, não se lhe conhece uma ideia nem nenhuma proposta, nem nenhum pensamento sobre as questões europeias”, depreciou o socialista.
“O Governo escolheu um dos seus. O Governo não ouve absolutamente ninguém. Fez uma escolha não a pensar, como devia, no interesse do país, no interesse nacional e no interesse dos portugueses, mas uma escolha estritamente partidária. Escolheram um dos seus.” E para os que defendem que o líder do PS deveria aceitar dialogar mais com o Governo, ficou o recado. “Para alguns que ainda pensavam que da parte do Governo havia disponibilidade para qualquer consenso, pois bem, aqui fica mais uma vez demonstrado como é que o Governo corresponde na prática aos apelos de consenso.”
“Na sociedade portuguesa existem outras personalidades com este perfil que seria desejável para defender os interesses do nosso país”, apontou. Questionado pelos jornalistas sobre a sua preferência pela eurodeputada Maria João Rodrigues para a comissão, Seguro respondeu que “é um dos nomes que se insere num conjunto de personalidades que o país tem com prestígio, com provas dadas, com reconhecimento”. E desafiou: “Desse ponto de vista, compare os perfis, compare a qualidade da competência, as provas dadas e sobretudo a prioridade que a professora Maria João Rodrigues tem dado sobre o que deve ser a prioridade da Europa.”
PSD realça faceta de “salvador”
“O rosto de um Governo que salvou Portugal”, um “português inconformado”, um lutador – esta foi a imagem que o PSD, o último partido a reagir à nomeação, fez questão de passar sobre Carlos Moedas.
O porta-voz Marco António Costa realçou o seu papel “crucial” no sucesso da conclusão do programa de ajustamento e disse que Moedas foi “dos que mais lutou para que Portugal recuperasse credibilidade externa e voltasse a obter autonomia financeira”. E vincou que a sua “competência [foi] altamente elogiada e reconhecida em Portugal e no plano internacional”.
“Trata-se, pois, de uma das personalidades mais preparadas em matérias europeias, profundamente conhecedor do processo institucional europeu e das políticas desenvolvidas no âmbito europeu”, justifica o PSD para tentar contrariar a tese socialista de que Moedas não tem perfil, competência ou prestígio.
Os sociais-democratas acreditam que Carlos Moedas servirá agora os interesses europeus mas “não deixando de atender ao ponto de vista português sobre estas matérias”. Marco António Costa não resistiu a deixar também um recado a quem criticou a escolha de Maria Luís Albuquerque para ministra há um ano, dizendo-se agradado com o “consenso nacional” em torno da sua não ida para Bruxelas, porque isso mostra o “reconhecimento de competência e de confiança” no seu papel à frente do gabinete das Finanças.
Peso político e capacidade, diz CDS-PP
Pelo CDS-PP, o eurodeputado Nuno Melo considerou Moedas “uma boa escolha”. O centrista realçou as “funções relevantes” no Governo e os decorrentes contactos internacionais. Defendeu que o actual adjunto de Passos Coelho “tem peso político e capacidade”, ao contrário do que diz a oposição e embora deseje que o novo comissário consiga uma pasta relevante para Portugal, por exemplo que inclua as áreas da competitividade e do emprego, Nuno Melo admite que a negociação será difícil. “Sabemos que a Europa é feita de uma realidade a 28, cada um dos países quererá chamar a si, num processo difícil do ponto de vista negocial, tarefas que são relevantes. Portugal é um dos parceiros que a 28 também terá os seus argumentos”, afirmou.
Uma "descarada recompensa”, acusa Bloco
De acordo com a deputada Mariana Mortágua, o Bloco de Esquerda “não tinha expectativas” sobre a nomeação e acreditava que “nenhuma das escolhas [do Governo] seria boa para o país porque todas implicam uma continuação das políticas que o destruíram”. Mas a escolha de Carlos Moedas veio “reforçar a desilusão” do partido em relação à União Europeia.
A nomeação é uma “descarada recompensa pelo serviço prestado por Carlos Moedas à troika e à Goldman Sachs nos últimos anos contra os portugueses”, apontou Mariana Mortágua.
“Não será uma pessoa que vem defender o direito dos cidadãos europeus, não é uma pessoa que vem defender os direitos democráticos de quem vive e trabalha nos países da Europa. Vem defender a austeridade, os interesses de Merkel, os interesses da Goldman Sachs que domina todas as instituições europeias”, acrescentou a deputada bloquista.
Polivalente e trabalhador, elogiam Catroga e Poiares Maduro
O social-democrata Eduardo Catroga, com quem Moedas trabalhou em 2011 nas negociações com o PS para o Orçamento do Estado, elogia a “polivalência” do ainda secretário de Estado Adjunto de Passos Coelho.
“Tem formação de engenheiro, de gestão, tem experiência no sector público e privado, e uma polivalência que se adapta a vários tipos de funções desde a área do desenvolvimento regional à área dos assuntos económicos, à área da concorrência”, afirmou Catroga em declarações à SIC Notícias. “Está em boas condições para ser um óptimo comissário porque reúne valências que fazem dele não já uma promessa, mas um executivo de alto gabarito”, elogiou.
O ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional também não poupou nos aplausos. “É uma pessoa extremamente competente, muito trabalhadora, com um perfil internacional que é extremamente relevante e muito importante para este tipo de funções”, afirmou Miguel Poiares Maduro.
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Moedas irá assim integrar o novo executivo europeu liderado pelo recém-eleito presidente, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, sucessor no cargo de Durão Barroso. A decisão do Governo português já terá sido comunicada, segundo informações adiantadas pela Lusa, que cita uma fonte não identificada do gabinete de Passos Coelho.
As primeiras reacções vieram dos partidos mais à esquerda e são muito críticas. PCP e Bloco consideram que Carlos Moedas foi a pior escolha possível para um cargo na Comissão Europeia porque é um dos principais rostos da austeridade e da política da troika de que os portugueses foram alvo. O PS diz que foi uma escolha “meramente partidária” que não serve os interesses de Portugal e diz que Moedas não tem nem perfil, prestígio ou currículo para a função.
Moedas esteve pelo PSD na negociação do Orçamento do Estado de 2011 e foi, como destaca o portal, “um dos representantes do partido nos encontros com a delegação da UE-FMI-BCE” para a negociação do resgate internacional de Portugal.
“Não deixa de se registar que a escolha tenha recaído num dos principais rostos da política da troika, responsável pela destruição das condições de vida dos portugueses, pelo saque aos rendimentos de trabalhadores e reformados e pelo afundamento económico do país”, apontou o eurodeputado comunista João Ferreira ao fim da manhã na sede do partido, em Lisboa.
De acordo com a biografia disponível no portal do Governo, Carlos Moedas nasceu em Beja, em 1970, é licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico (Lisboa) e tem um MBA pela Harvard Business School (EUA).
Depois de ter trabalhado em Paris até 1998, e de ter feito a sua formação naquela escola norte-americana, passou pelo banco Goldman Sachs e regressou a Portugal em 2004, como administrador-delegado da Aguirre Newman. Em 2008, criou a sua própria empresa de investimentos.
João Ferreira diz que Moedas nunca poderá fazer aquilo de que Portugal necessita neste momento, que é a “renegociação da dívida”. E que será apenas mais um instrumento para que a comissão prossiga as políticas de “aprofundamento da integração, de retirada de soberania aos Estados e de insistência num caminho que em Portugal, por via da aplicação do programa da União Europeia e do FMI, já revelou aquilo a que conduz: à destruição económica e ao empobrecimento”.
O currículo de Carlos Moedas, que já passou pela banca internacional, mereceu também um reparo de João Ferreira, que diz que “é cada vez mais clara e até numerosa a representação nas instituições europeias de elementos oriundos da grande finança internacional, (…) que cada vez mais têm uma presença clara e em crescimento nas próprias instituições da UE, mostrando os interesses que esta serve”.
"A melhor escolha”, garante Passos
O chefe do Governo acabou por só comentar o assunto ao fim da tarde, na rua, já de férias no Algarve. Disse que o seu adjunto foi “a melhor escolha” e que poderá desempenhar variadíssimas funções dentro da comissão”. Sobre o facto de não ter tido um cargo de relevo governativo poder prejudicar Portugal na atribuição de pastas, Passos desvalorizou mas mostrou admitir que isso possa acontecer.
“Não tem nenhuma limitação que implique uma menorização. (…) Ele está a par de candidatos que foram primeiros-ministros, que já foram comissários europeus. Mas não me parece que ele tenha nenhum handicap que o torne uma escolha menos boa face a todos os seus colegas. Creio que ele se sentará bem no colégio de comissários com o mesmo estatuto que todos os outros”, defendeu Passos.
Mas sobre a sua escolha, o chefe do Executivo apenas fizera publicar uma única frase logo ao início da manhã no site do Governo – “O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, indicou o nome do seu secretário de Estado Adjunto, Carlos Moedas, para integrar a futura comissão europeia.”
“Escolha partidária” e sem perfil, diz Seguro
Para o líder do PS, a escolha de Carlos Moedas para comissário foi “estritamente partidária” e não corresponde a um perfil que defenda os interesses nacionais. António José Seguro, que se afirma “negativamente surpreendido” pelo nome com que foi informado já ao início da madrugada, considera que foi uma “oportunidade perdida para Portugal”.
“O PS discorda desta escolha porque esta era a oportunidade de o país escolher uma personalidade com resultados europeus, com prestígio europeu, com peso político para que pudéssemos obter um pelouro na comissão europeia que pudesse defender os interesses nacionais”, afirmou António José Seguro na sede do PS, em Lisboa.
“O engenheiro Carlos Moedas não corresponde a nenhum dos itens deste perfil - o do prestígio político europeu, o de reconhecimento pelos seus pares, o do trabalho europeu. Aliás, não se lhe conhece uma ideia nem nenhuma proposta, nem nenhum pensamento sobre as questões europeias”, depreciou o socialista.
“O Governo escolheu um dos seus. O Governo não ouve absolutamente ninguém. Fez uma escolha não a pensar, como devia, no interesse do país, no interesse nacional e no interesse dos portugueses, mas uma escolha estritamente partidária. Escolheram um dos seus.” E para os que defendem que o líder do PS deveria aceitar dialogar mais com o Governo, ficou o recado. “Para alguns que ainda pensavam que da parte do Governo havia disponibilidade para qualquer consenso, pois bem, aqui fica mais uma vez demonstrado como é que o Governo corresponde na prática aos apelos de consenso.”
“Na sociedade portuguesa existem outras personalidades com este perfil que seria desejável para defender os interesses do nosso país”, apontou. Questionado pelos jornalistas sobre a sua preferência pela eurodeputada Maria João Rodrigues para a comissão, Seguro respondeu que “é um dos nomes que se insere num conjunto de personalidades que o país tem com prestígio, com provas dadas, com reconhecimento”. E desafiou: “Desse ponto de vista, compare os perfis, compare a qualidade da competência, as provas dadas e sobretudo a prioridade que a professora Maria João Rodrigues tem dado sobre o que deve ser a prioridade da Europa.”
PSD realça faceta de “salvador”
“O rosto de um Governo que salvou Portugal”, um “português inconformado”, um lutador – esta foi a imagem que o PSD, o último partido a reagir à nomeação, fez questão de passar sobre Carlos Moedas.
O porta-voz Marco António Costa realçou o seu papel “crucial” no sucesso da conclusão do programa de ajustamento e disse que Moedas foi “dos que mais lutou para que Portugal recuperasse credibilidade externa e voltasse a obter autonomia financeira”. E vincou que a sua “competência [foi] altamente elogiada e reconhecida em Portugal e no plano internacional”.
“Trata-se, pois, de uma das personalidades mais preparadas em matérias europeias, profundamente conhecedor do processo institucional europeu e das políticas desenvolvidas no âmbito europeu”, justifica o PSD para tentar contrariar a tese socialista de que Moedas não tem perfil, competência ou prestígio.
Os sociais-democratas acreditam que Carlos Moedas servirá agora os interesses europeus mas “não deixando de atender ao ponto de vista português sobre estas matérias”. Marco António Costa não resistiu a deixar também um recado a quem criticou a escolha de Maria Luís Albuquerque para ministra há um ano, dizendo-se agradado com o “consenso nacional” em torno da sua não ida para Bruxelas, porque isso mostra o “reconhecimento de competência e de confiança” no seu papel à frente do gabinete das Finanças.
Peso político e capacidade, diz CDS-PP
Pelo CDS-PP, o eurodeputado Nuno Melo considerou Moedas “uma boa escolha”. O centrista realçou as “funções relevantes” no Governo e os decorrentes contactos internacionais. Defendeu que o actual adjunto de Passos Coelho “tem peso político e capacidade”, ao contrário do que diz a oposição e embora deseje que o novo comissário consiga uma pasta relevante para Portugal, por exemplo que inclua as áreas da competitividade e do emprego, Nuno Melo admite que a negociação será difícil. “Sabemos que a Europa é feita de uma realidade a 28, cada um dos países quererá chamar a si, num processo difícil do ponto de vista negocial, tarefas que são relevantes. Portugal é um dos parceiros que a 28 também terá os seus argumentos”, afirmou.
Uma "descarada recompensa”, acusa Bloco
De acordo com a deputada Mariana Mortágua, o Bloco de Esquerda “não tinha expectativas” sobre a nomeação e acreditava que “nenhuma das escolhas [do Governo] seria boa para o país porque todas implicam uma continuação das políticas que o destruíram”. Mas a escolha de Carlos Moedas veio “reforçar a desilusão” do partido em relação à União Europeia.
A nomeação é uma “descarada recompensa pelo serviço prestado por Carlos Moedas à troika e à Goldman Sachs nos últimos anos contra os portugueses”, apontou Mariana Mortágua.
“Não será uma pessoa que vem defender o direito dos cidadãos europeus, não é uma pessoa que vem defender os direitos democráticos de quem vive e trabalha nos países da Europa. Vem defender a austeridade, os interesses de Merkel, os interesses da Goldman Sachs que domina todas as instituições europeias”, acrescentou a deputada bloquista.
Polivalente e trabalhador, elogiam Catroga e Poiares Maduro
O social-democrata Eduardo Catroga, com quem Moedas trabalhou em 2011 nas negociações com o PS para o Orçamento do Estado, elogia a “polivalência” do ainda secretário de Estado Adjunto de Passos Coelho.
“Tem formação de engenheiro, de gestão, tem experiência no sector público e privado, e uma polivalência que se adapta a vários tipos de funções desde a área do desenvolvimento regional à área dos assuntos económicos, à área da concorrência”, afirmou Catroga em declarações à SIC Notícias. “Está em boas condições para ser um óptimo comissário porque reúne valências que fazem dele não já uma promessa, mas um executivo de alto gabarito”, elogiou.
O ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional também não poupou nos aplausos. “É uma pessoa extremamente competente, muito trabalhadora, com um perfil internacional que é extremamente relevante e muito importante para este tipo de funções”, afirmou Miguel Poiares Maduro.