Bio Boards: pranchas de cortiça, biológicas e personalizáveis

Ricardo Marques pôs a engenharia ambiental em segundo plano para se dedicar à criação e venda de pranchas de skate e de surf. A sustentabilidade é imagem de marca da Bio Boards

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Paulo Pimenta

Numa passagem pelo Rio de Janeiro para fazer a tese de mestrado, Ricardo Marques deparou-se com um jovem a andar numa prancha que parecia ser feita em cortiça. A coisa despertou-lhe a atenção. “Fui ter com ele. Mas ao ver melhor percebi que tinha apenas um revestimento de cortiça.” Sem saber, a ideia já estava a marinar: e se criasse uma linha de pranchas — de skate e de surf — estruturalmente feitas em cortiça?

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Numa passagem pelo Rio de Janeiro para fazer a tese de mestrado, Ricardo Marques deparou-se com um jovem a andar numa prancha que parecia ser feita em cortiça. A coisa despertou-lhe a atenção. “Fui ter com ele. Mas ao ver melhor percebi que tinha apenas um revestimento de cortiça.” Sem saber, a ideia já estava a marinar: e se criasse uma linha de pranchas — de skate e de surf — estruturalmente feitas em cortiça?

Já em Portugal, começou a contactar empresas para encontrar material e partiu para a construção das primeiras pranchas. “Nunca tinha feito [uma prancha]. Fui experimentando... As primeiras foram para o lixo, claro”, sorriu ao contar ao P3. Praticante desde miúdo, Ricardo Marques é simultaneamente o construtor e a cobaia dos produtos da Bio Boards. Para já, tem "handboards" e skates completamente desenvolvidos e está a investir na afinação das pranchas de surf, cujas primeiras encomendas já chegaram.

Mas afinal, o que faz um engenheiro ambiental a dedicar-se à construção de pranchas? “Toda a vida morei em frente à praia, [em Vila Nova de Gaia], fazia surf e skate. Vejo pelos meus colegas que não há emprego e estou a investir nesta ideia enquanto vou fazendo outros trabalhos que aparecem”, responde.

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Os preços das pranchas variam entre os 40 e os 110 euros Paulo Pimenta

Sem produtos tóxicos

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Ricardo Marques é simultaneamente o construtor e a cobaia dos produtos que cria Paulo Pimenta

A relação com a formação académica está lá: este produto é "green" e quer “reduzir ao mínimo o impacto ambiental”. Sempre distanciado da produção de massa, Ricardo Marques quer “apostar sempre em coisas recicladas e quase sem produtos tóxicos” (o único produto tóxico que utiliza é a cola).

Estas pranchas portuguesas diferenciam-se por serem estruturalmente construídas com cortiça e não terem qualquer tratamento: “O que se vê geralmente são pranchas com revestimento de cortiça. As minhas são só cortiça e ao contrário do que alguns pensam são muito resistentes.”

A aceitação não tem sido muito fácil: as pranchas de skate com uma roda à frente e duas atrás assustam muita gente, mas Ricardo garante que uma vez ultrapassado esse medo todos gostam da experiência. “Parecem mais difíceis mas são mais fáceis e um óptimo treino para quem quer iniciar-se no surf”, argumentou, dizendo que a melhor forma de descrever o que se sente ao usar este skate "longboard" de 1,30 metros é “surfar no asfalto”.

Além das vantagens de serem recicladas, biológicas e amigas do ambiente, Ricardo gosta de destacar o lado estético: “Sou suspeito, mas acho-as muito bonitas. E são 100% personalizáveis. As pessoas dizem o que querem e eu construo.”

Caso os materiais estejam disponíveis, a prancha fica feita num dia. Há para já cinco tamanhos padrão, que vão desde os 50 cm aos 1,22 metros. Os preços variam entre os 40 e os 110 euros.